CI

Questões de bom senso


Luis Alberto Moreira Ferreira

Com previsível desapontamento, não podemos deixar de registrar aqui os efeitos negativos da proposta preparada pelo MAPA, com a aquiescência de alguns setores da pecuária, sobre o que viria a ser a rastreabilidade bovina no Brasil. Conforme havíamos alertado ao Ministério da Agricultura, em ofício enviado no dia 04 de maio, seria melhor que o Brasil não levasse à União Européia tal proposta, desprovida que era do mínimo de consistência do que possa ser um sistema de identificação e certificação de animais. No mesmo documento sugeríamos que o Sistema Brasileiro de Identificação e Certificação de Origem Bovina e Bubalina (Sisbov) passasse pelos ajustes necessários, enquanto se decidisse o que fazer em termos do futuro mediato.

 A proposta foi levada a Bruxelas, e deu no que deu: com a sua não aceitação, passamos um carão na frente dos europeus e, o que é pior, abrimos um flanco para que a comissão da União Européia que virá ao Brasil em agosto refine sua exigências e coloque o Brasil numa situação de absoluto desconforto – pior do que já se encontra. Diante desse quadro, não restou – como prevíamos – outra alternativa que não uma atualização no Sisbov.

 Quem diria, o sistema que foi tão criticado e desacreditado é o mesmo que poderá salvar o Brasil de uma situação vexatória. Esperamos, no enquanto, que assim que os europeus virarem as costas o “velho” sistema não seja de novo apedrejado.


*


 Queremos aproveitar este espaço para também chamar a atenção sobre outra questão que clama pelo bom senso não só da pecuária mas de toda a cadeia produtiva da carne bovina. Refiro-me ao Serviço de Informação da Carne, o nosso SIC, que está de ânimo renovado com a assunção de Carlos Viacava à sua presidência. Como era previsível, Viacava assumiu o cargo para trabalhar – e trabalhar pesado. Uma andorinha só, no entanto, não faz verão, por mais alto que sejam seus vôos.

 O SIC tem uma função das mais importantes, e pecuaristas, frigoríficos, varejistas e fornecedores de insumos para esses três segmentos precisam tomar consciência disso. Ele é nosso estandarte que vai mostrar à sociedade os benefícios da carne bovina. Não pode, portanto, ser deixado ao léu, ou que esperemos que Carlos Viacava o carregue sozinho.

 Para que o SIC cumpra seu papel, são necessárias medidas estruturais. Assim, está mais do que na hora de pensarmos seriamente na proposta de se estabelecer uma contribuição fixa para cada animal abatido. Como já sugerimos há quase três anos, endossamos agora a idéia de Carlos Viacava de que pecuarista e frigorífico contribuam, cada um, com R$ 0,50 por abate. É um valor quase simbólico, mas que será símbolo de união e de inteligência em prol da cadeia da carne bovina.

*Luis Alberto Moreira Ferreira é presidente da Diretoria Executiva da ABC – Associação Brasileira de Criadores (www.abccriadores.com.br)

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.