Agricultura de Precisão (AP), como o próprio nome sugere, é referida como sendo um conjunto de ferramentas (eletrônicas, de informática, dentre outras) para avaliar e acompanhar de maneira mais precisa as condições agronômicas de um campo de produção, baseadas no princípio da variabilidade do solo e clima, visando alta produtividade e/ou alto retorno econômico da lavoura. A AP considera que existem diferenças em cada porção de uma unidade produtiva e que essas diferenças interferem na produtividade e no lucro financeiro do empreendimento.
A AP busca, fundamentalmente, resolver os problemas da desuniformidade do solo de um campo de produção agrícola, utilizando ferramentas capazes de gerar mapas da fertilidade da área e prescrever o uso de diferentes quantidades de insumos (calcário, fertilizantes, agrotóxicos), de acordo com a necessidade específica de cada subárea da gleba.
Não é necessário ser um expert em informática para utilizar-se proveitosamente das tecnologias da AP, mas seria desejável ter alguma familiaridade com as tecnologias da informação, pois as máquinas não são mágicas e sem seu manejo adequado podem não entregar o produto desejado. Seria necessário, também, ter conhecimentos agronômicos para saber como interpretar corretamente as informações que essas ferramentas nos proporcionam, conhecimentos que, também, são importantes para orientar o uso correto dos equipamentos na obtenção das informações que buscamos sobre a realidade de cada local.
Os primeiros fundamentos teóricos da AP surgiram no final da década de 1920, nos Estados Unidos (EUA). Mas, foi somente a partir dos anos 80 que ela se estabeleceu como importante ferramenta para detectar, monitorar e manejar a variabilidade que existe no âmbito de cada talhão de um campo de produção agrícola, buscando maximizar a produtividade e o lucro. A variabilidade espacial de uma lavoura se manifesta por diferenças em atributos químicos, físicos ou biológicos do solo.
No Brasil, as primeiras pesquisas em AP foram realizadas a partir de meados da década de 1990, com avanços significativos a partir de meados do ano 2000, quando o Departamento de Defesa dos EUA eliminou um erro proposital do sinal de GPS, diminuindo as incertezas quanto ao posicionamento geográfico. Nos primórdios da AP, a indústria de máquinas agrícolas teve participação importante introduzindo conceitos, tais como o mapeamento da produtividade da lavoura de grãos e aplicações de georreferenciamento na agricultura, tecnologias totalmente importadas, juntamente com as máquinas e os equipamentos.
Atualmente no Brasil, a AP está focada na aplicação variável de fertilizantes e corretivos, dadas as diferenças de fertilidade que existe em distintas partes de uma mesma gleba produtiva. A adoção da AP no Brasil cresce aquém do que poderia, dada a sofisticação das tecnologias envolvidas na sua implementação e o baixo nível intelectual da maioria dos agricultores. Por isto, a AP está bastante concentrada nos grandes produtores, sobretudo os da região do Cerrado, via de regra mais capacitados intelectualmente.
As tecnologias vinculadas à AP possibilitam gerenciar o processo produtivo agrícola com dados cada vez mais detalhados, permitindo maior eficiência no uso dos insumos de produção e, consequentemente, gerando mais renda.
A expectativa é de que além da AP para grãos e fibras - já bastante consolidada - avancemos para a pecuária de precisão, a silvicultura de precisão e a irrigação de precisão, dentre outras.