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Máscaras que caem



Rui Alberto Wolfart

Em eventos como a COP em Baku - Azerbaijão ou em outras tratativas feitas recentemente por negociadores brasileiros ficou evidente a mudança do discurso sobre meio ambiente. Projetos, que timidamente eram conduzidos aqui no Brasil, com o viés de Pagamentos por Serviços Ambientais – PSA, cuja remuneração era proporcionada com recursos oriundos de países europeus, simplemente evaporaram. O que aconteceu? Bem, revendo acordos globais sob diferentes siglas: Acordo Geral de Tarifas e Comércio – GATT 1947; Rodado Uruguai 1986; Organização Mundial do Comércio OMC - 1995, todos trataram da criação de regras comerciais, sob a ótica dos países dominantes, quanto aos seus interesses. Com os abalos tectônicos ocorridos recentemente nas relações derivadas do avanço da China, guerra da Ucrânia e a eleição de Donald Trump, ruiram os pilares de sustentação da ordem global, em grande medida forjados através do Consenso de Washington.

Na assinatura do Acordo MERCOSUL-EU, em Montevidéo, o qual levou 25 anos para chegar a um princípio geral de entendimento, Ursula von der Leyen expressou, que ele representava a visão de que “as democracias podem confiar umas nas outras”. Mas, que democracias europeias sobrevivem ao escrutínio quanto as práticas de comércio quando os extremos políticos, esquerda e direita vicejam e, se transformam em forças políticas dominantes em seus parlamentos, pregando o nacionalismo exacerbado e protecionismo agrícola? A assinatura desse acordo definido em mal traçadas linhas esconde medo, perda de competitividade, de importância econômica e, a busca de se ressignificar globalmente.

Verdadeiramente, a União Europeia com seus 400 milhões de habitantes perde importância crescentemente. É uma fração do mundo que simplesmente envelheceu em todos os sentidos. Relatório recentemente apresentado pelo italiano Mário Draghi sobre o futuro da competitividade europeia demonstra tal visão e fala em “desafio existencial”. Esse acordo que oferece migalhas à pujante e competitiva produção agropecuária nacional confere, no entanto, protecionismo a setores industriais ineficientes.

Regras ambientais em anexos desse acordo, que por exemplo venham restringir a comercialização de produtos que tem origem em “desmatamento” não poderão, todavia, violar as regras da OMC. O Congresso Nacional através da condução serena e proativa da senadora Tereza Cristina analisa projeto de lei tratando de reciprocidade nas relações internacionais quanto as questões ambientais, pondo o dedo na ferida e levando o Brasil a questionar e podendo punir países transgressores, que não protegem o meio ambiente como o Brasil.

Logo, máscaras começam a cair nessas negociações internacionais, seja pelo lado brasileiro como de terceiros países, pois não poderão mais ignorar, negar ou negligenciar a força estratégica do nosso agronegócio e sua importância, seja em nossa balança comercial ou como supridor relevante de alimentos para o mundo.

 

 

 

 

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