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Rumo à era digital ou da informação



Amélio Dall’Agnol

A humanidade já passou pela era da agricultura, pela era industrial e hoje transita pela era digital, onde a principal ferramenta é o conhecimento. No início do século 20, os agricultores constituíam o maior contingente de trabalhadores, seguidos pelos empregados domésticos. Nessa época, uma família que contasse com apenas três serviçais era considerada de classe média baixa, o que dá uma ideia da quantidade desses servidores à disposição das famílias mais abonadas. Atualmente, uma família de classe média tem dificuldade para manter um empregado doméstico e se pudesse contratar mais, não haveria disponibilidade, pois esses empregados migraram para a indústria e para os serviços.

A era digital surgiu a partir dos anos 1970, com o desenvolvimento dos microprocessadores, da fibra ótica, do computador pessoal, da engenharia genética e do estabelecimento das redes de computadores. Essas ferramentas promoveram uma revolução que impactou todas as áreas da atividade humana, principalmente os serviços. Estime a quantidade de empregados que foram substituídos por máquinas nos serviços bancários.

Os agricultores já devem ter-se conscientizado de que não dá mais para sobreviver no campo repetindo os modelos de produção do passado. O mundo mudou e as pessoas precisam mudar ou seus negócios serão inviabilizados. O agricultor que não acompanhar essas mudanças poderá ser forçado a mudar - não os processos produtivos - mas mudar-se do campo para a cidade, onde será mão de obra pouco qualificada e, portanto, mal paga. 

O atual momento sinaliza para a necessidade de trocar o operário por máquinas pensantes, capazes de realizar mais trabalho, fazê-lo com mais perfeição e a um custo menor. A agricultura de precisão, cuja adoção está em franco crescimento, busca esse caminho. O produtor poderá maximizar a produção e o lucro da sua lavoura utilizando máquinas equipadas com sofisticados mecanismos eletrônicos capazes de “dialogar” com o solo e informar o agricultor sobre suas reais necessidades de insumos. 

Vivemos um período de intensa atividade na área da informática, a qual dinamizou o fluxo de informações pelo mundo. A era industrial, dependente da força física dos operários cedeu lugar para uma mão de obra mais sofisticada, que prima pelo conhecimento, não pela força física. Já temos drones entregando encomendas, carros sem motorista e tratores sem tratorista. Só não temos, ainda, agricultura sem agricultor e certamente nunca teremos, pois a máquina, por mais sofisticada que seja, não é capaz de pensar.  Alguém tem que pensar por ela. E esse alguém é o agricultor. Mas não é qualquer agricultor. Precisa ser uma agricultor que evoluiu com a máquina e seja capaz de operá-la. Máquinas que dispensem a inteligência humana ainda estão distantes; ou não! 

Nos primórdios da era industrial (século 19), o operário era pouco mais do que um escravo do dono da fábrica, tanto pela baixa remuneração percebida, pelas condições desumanas do ambiente de trabalho, quanto pelas muitas horas diárias trabalhadas, razão pela qual Marx previu como inevitável uma revolução violenta do operariado contra os patrões, em prol de uma vida mais digna. Não foi o que aconteceu, graças ao aumento da produtividade industrial, cujos benefícios foram canalizados para elevar o salário do trabalhador, que também foi beneficiado com a redução da carga horária. 

Como consequência, a violência preconizada por Marx não aconteceu e a transição da era do operariado para a era tecnológica foi pacífica. 


 

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