O milho é o principal insumo do segmento de carne suína e de aves. O grão é responsável por 65% da composição da ração animal. Junto com a soja, impacta, em média, 70% no total dos custos de produção. Quando as safras são aquém das expectativas, como em 2015/2016, o preço da saca aumenta e impacta nos custos do setor.
Frente a isso, o setor tende a buscar polos de produção, seja internamente ou no exterior – Paraguai e Argentina são exemplos de fornecedores confiáveis do setor. Já em períodos com produção em alta, como neste ano, as consequentes quedas de preços do milho geram incertezas sobre a continuidade da boa oferta na safra seguinte.
Essa é uma equação desafiadora e determinante para o desempenho da cadeia produtiva de proteína animal. Um crescimento sustentável depende da sinergia entre produtores e agroindústrias, da criação de condições para que as relações comerciais resultem em "ganha-ganha". O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento tem feito a sua parte aprimorando programas de vendas e de escoamento de excedentes nas regiões produtoras.
Mas é preciso garantir a sustentabilidade e a estabilidade do fornecimento de insumos para o setor de proteína animal. Hoje, há uma variação muito grande no preço do milho, com diferenças significativas em cada estado. O valor da saca chegou a R$ 20 em alguns pontos do país, sendo que há pouco mais de um ano atingira patamares superiores a R$ 60. A gangorra está sempre pendendo para um lado. Da boa safra 2016/2017, apenas 65% foi comercializado – 43 milhões de toneladas, de acordo com levantamento da Conab, que prevê produção total de 97,7 milhões após a finalização da colheita.
Os embarques até setembro somam 16,7 milhões de toneladas. Investir no planejamento estratégico da aquisição e estocagem de grãos e ampliar a realização de negociações no mercado futuro são algumas das vias para a criação de um cenário de maior previsibilidade para o setor. São estímulos como esses, para a produtividade e a saúde financeira de todos os elos da cadeia, que permitirão que o Brasil – mesmo em períodos de intempéries – siga sua escalada global na produção e venda de aves e suínos. Unindo forças, temos muito a avançar.
Francisco Turra
Presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA)