Quase tudo na natureza vive em equilíbrio, quando isso se altera aparecem os problemas, como doenças, que são causadas pela falta ou excesso de alguns elementos.
Todos já ouviram a recomendação para alguém comer banana para evitar câimbras. Um dos minerais responsáveis que auxilia na prevenção dessa sensação dolorida é o potássio, nutriente presente em muitos alimentos e um dos principais componentes da célula humana. Quem se lembra do Gustavo Kuerten? Conhecido como Guga, é um ex-tenista profissional brasileiro, condecorado com posição no Hall da Fama da Associação de Tenistas Profissionais. Tricampeão de Roland-Garros(França), é considerado o maior tenista masculino da história do Brasil e um dos maiores tenistas da história do tênis mundial. Ele comia meia banana a cada intervalo dos sets que disputava, simplesmente para repor potássio e evitar câimbras.
Entretanto, o que pouca gente sabe é que as plantas também necessitam desse mineral e quem o fornece é o solo. Este, por sua vez, é potencializado através da utilização de adubos, os chamados fertilizantes, sendo capazes de prover os nutrientes necessários para a planta e, consequentemente, fornecer um alimento saudável e de qualidade. Não adianta o fruto ser aparentemente vistoso e desprovido de nutrientes. É necessário que haja um trabalho em equipe entre o homem e a natureza.
Os fertilizantes são largamente utilizados na agricultura, mas muitas pessoas desconhecem seus benefícios e até os associam a certos riscos. Porém, o uso de adubos é fundamental para a produção de plantas e para a saúde do solo. Os nutrientes absorvidos pela planta variam de acordo com a exigência de cada uma. Após a colheita, se os nutrientes não forem repostos à terra, o solo acaba tornando-se pobre e até mesmo infértil. Os fertilizantes ajudam no aumento da produtividade, repondo essas substâncias e permitindo a contínua produção de alimentos.
Estudos indicam que em 2050 a população mundial deve atingir a marca de 9 bilhões de pessoas, o que irá requerer altas produtividades para atender à demanda de alimentos, se não quisermos desmatar novas áreas florestais para a prática da agricultura. Douglas Guelfi, professor doutor do Departamento de Ciências do Solo da Universidade Federal de Lavras (UFLA), enfatiza a importância de usarmos o conhecimento na agricultura, “Sem a presença de fertilizantes é impossível manter uma área produtiva”. Ou, conforme prognosticou Norman Borlaug (1914-2009), que foi um engenheiro agrônomo estadunidense ganhador do Prêmio Nobel da Paz, “sem fertilizantes é fim de jogo para a humanidade”, quando comentou a previsão milenarista, depois desmentida, de alguns fertilizantes minerais atingirem, dentro em breve, um esgotamento pela sua finitude na natureza.
Potássio
O potássio exerce uma função fundamental para a sobrevivência da planta. Ele participa da produção do amido, do açúcar e das proteínas, aumenta a resistência a doenças e proporciona o vigor, além de ser o responsável por transportar carboidratos das folhas para os frutos. A carência de potássio acarreta frutos malformados e sem valor comercial. A adubação do potássio é feita via solo e deve ocorrer de maneira criteriosa, aplicando-se a dose correta na época e local adequados.
Tenho um jardim florido em minha casa em São Paulo, com algumas dezenas de plantas (como roseira, primavera, dama-da-noite, espadas de São Jorge, comigo ninguém pode, alamandas, gerânios etc.), e a forma que proporciono alimento adequado para as plantas, além do xixi de minhoca, é a de usar compostos de resíduos orgânicos caseiro como borra de café, cinzas, para repor potássio e outros micronutrientes às plantas. Lamentavelmente esse comportamento é inviável na agricultura de escala, que exige alta produção de alimentos para nutrir bilhões de bocas urbanas.
Importante na agricultura, o potássio também é indispensável para a saúde humana. Entre os seus benefícios estão a ajuda na manutenção do ritmo cardíaco, o equilíbrio da quantidade de água no organismo, a regulação da pressão arterial, a prevenção de acidentes vasculares cerebrais (AVCs), sem contar com a característica de ser um aliado dos músculos. Por outro lado, os sintomas que indicam uma deficiência nesse quesito são a fraqueza muscular, fadiga, câimbras, alterações cardíacas, anorexia e apatia mental.
“Além de benefícios gerais para toda a população, pessoas da terceira idade, que fazem uso frequente de diuréticos, têm como efeito colateral a eliminação de potássio. Por isso, esse grupo é extremamente beneficiado com o consumo de alimentos ricos em potássio e outros minerais”, afirma o cardiologista Daniel Magnoni.
Existem muitos alimentos que são fonte de potássio e auxiliam na manutenção da quantidade ideal desse nutriente no corpo. Os principais protagonistas são os vegetais e as frutas frescas, tais como tomate, laranja, abacate, amêndoa, espinafre, banana, beterraba, brócolis, e também o nosso santo cafezinho de todo dia, entre tantos outros. Recomenda-se ingerir de 2,5 a 3,5 gramas por dia.
O desperdício de alimentos é também uma das grandes preocupações atuais. Nesse cenário, o trabalho em conjunto entre fertilizantes e potássio pode amenizar as consequências do problema. A adubação intensifica a capacidade do solo de fornecer nutrientes, entre eles o potássio, que ajuda a melhorar o aspecto visual e a resistência ao manuseio e estocagem, aumentando o tempo de preservação dos frutos e atrasando seu apodrecimento.
O engenheiro agrônomo e florestal Dr. Valter Casarin, coordenador científico do Nutrientes Para a Vida (NPV), acredita que a utilização de fertilizantes contendo potássio, junto com a informação para os consumidores, pode levar a um melhor aproveitamento dos alimentos e, consequentemente, a diminuir o desperdício: “Precisamos pensar em comprar o necessário e para isso é fundamental o planejamento no momento da compra. Saber reaproveitar os alimentos, ou mesmo partes deles, como a casca, por exemplo, e também como armazenar os alimentos para que eles permaneçam mais tempo saudáveis, são formas eficientes de reduzir o desperdício. É nesse momento que nutrientes como o potássio fazem a diferença”, finaliza.
Presente no Brasil desde 2016, a Nutrientes Para a Vida (NPV) é uma iniciativa que possui visão, missão e valores análogos aos da coirmã americana, a Nutrients For Life. Seu objetivo é esclarecer e informar a sociedade sobre os benefícios do uso dos fertilizantes (ou adubos) na produção dos alimentos, bem como sobre sua utilização adequada.
Este tipo de esclarecimento é essencial, se considerarmos que há muita desinformação sobre o tema. Como dizia um antigo slogan publicitário, sobre o manejo adequado do solo, no Brasil, “Com Manah, adubando, dá”.
Para manter o solo fértil e a alta produtividade dos cultivos, os nutrientes precisam ser repostos. Os fertilizantes cumprem o papel de alimentar a planta, o que é essencial para o seu desenvolvimento. Portanto, na agricultura orgânica podemos consumir alimentos pobres em alguns micronutrientes, que podem nos fazer falta, e provocar desequilíbrios e doenças.