1. Secagem
A umidade de sementes logo após a colheita normalmente é elevada. A manutenção por um período mais elevado desta umidade contribui para acelerar o processo de deterioração das sementes em função das atividades metabólicas, do consumo de reservas, liberação de energia e, por conseguinte, diminuição da sanidade das mesmas.
Pode-se considerar que, desde o momento em que atinge a maturidade fisiológica (máximo de qualidade), a semente está sendo armazenada no campo, sujeita a condições potencialmente adversas de temperatura, umidade e ataque de pássaros, insetos e microrganismos que podem provocar perdas qualitativas e quantitativas que alcançam, muitas vezes, níveis bastante elevados. Assim, quando atingir de 11 a 13% de umidade, a semente pode estar em avançado estado de deterioração, ficando inutilizada para fins de semeadura. A semente pode, também, atingir teores de água muito baixos (8-10%), de modo que a danificação mecânica ocasionada pela colheita e transporte se torne comprometedora. Por outro lado, a semente poderá hidratar-se novamente devido à chuva, ao orvalho e às flutuações de UR, sendo necessário uma espera para a colheita, o que, dependendo do período de tempo, pode ser altamente prejudicial.
Por ocasião da colheita, a semente deve apresentar teor de água compatível, variável de espécie para espécie e entre cultivares da mesma espécie, que permita a colheita mecânica com danos mecânicos restringidos ao mínimo.
Algumas vantagens de se colher as sementes com umidade alta e se proceder a secagem são:
a) possibilidade de planejar a colheita;
b) possibilidade de colher mais horas por dia e mais dias por safra;
c) menor perda de sementes por deiscência/degrane natural. Enfatiza-se que, para muitas espécies recalcitrantes, as sementes não podem ser secadas a baixos teores de água.
1.1. Princípios da secagem
O vapor d’água presente na semente tende a ocupar todos os espaços intercelulares disponíveis, gerando pressões em todas as direções, inclusive na interface entre a semente e o ar, denominada pressão parcial de vapor d’água na superfície da semente. Por sua vez, a água presente no ar sob a forma de vapor exerce, também, uma pressão parcial, designada pressão parcial de vapor d’água no ar.
O processo de secagem envolve a retirada parcial de água da semente através da transferência simultânea de calor do ar para a semente e de água, por meio de fluxo de vapor, da semente para o ar.
A secagem de sementes, mediante fornecimento forçado de ar aquecido, compreende, essencialmente, dois processos simultâneos:
a) transferência (evaporação) da água superficial da semente para o ar circundante, que ocorre motivado pelo gradiente de pressão parcial de vapor entre a superfície da semente e o ar de secagem;
b) movimento de água do interior para a superfície da semente, em virtude de gradiente hídrico e térmico entre essas duas regiões.
Uma teoria bastante aceita para explicar o transporte de água do interior para a superfície da semente durante a secagem, é um derramamento hidrodinâmico sob a ação da pressão total interna e/ou um processo de difusão resultante de gradientes internos de temperatura e teor de água.
A forma mais utilizada para aumentar o diferencial entre as pressões de vapor da superfície da semente e do ar de secagem é o aquecimento desse último, diminuindo, em consequência, a sua umidade relativa que, dessa forma, adquire maior capacidade de retirada de água.
Em termos práticos, a umidade relativa tem sido utilizada como referência para inferir se a semente irá perder (secagem), ganhar (umedecimento) ou manter sua umidade (equilíbrio higroscópico), sob determinada condição atmosférica.
Verifica-se que, à medida que se aumenta a temperatura do ar, a sua umidade relativa diminui, elevando a sua capacidade de retenção de água.
1.2. Métodos de secagem (Figura 1)
Figura 1 - Esquema de métodos de secagem de sementes e grãos.
1.2.1. Natural
A secagem natural utiliza as energias solar e eólica para remover a umidade da semente. É realizada na própria planta, no período compreendido entre a maturidade fisiológica e a colheita, ou empregando recursos complementares, como eiras, tabuleiros ou lonas, onde as sementes são esparramadas. É um método de secagem utilizado para pequenas quantidades de sementes, como é o caso de programas de melhoramento, algumas sementes de hortaliças e por pequenos produtores.
Na eira, as sementes são distribuídas formando uma camada, a qual é posteriormente ondulada para aumentar a superfície de secagem e, assim, possibilitar a passagem do ar por um maior número de sementes (Figura 2). Cuidados especiais devem ser tomados para que a semente não sofra aquecimento excessivo e a secagem seja a mais uniforme possível. Para tanto, é recomendável o emprego de camadas não muito delgadas, o revolvimento frequente, para que todas as sementes, bem como suas faces, sejam expostas ao ar, e o encobrimento das sementes no período noturno. No caso de sementes que são lavadas, essa movimentação é essencial, caso contrário poderá haver um gradiente muito grande de umidade na semente que pode ocasionar rupturas internas. No caso de utilização de lonas plásticas, cuidados devem ser tomados com a umidade proveniente do solo, apesar de constituir-se em meio bastante prático para a movimentação da semente, inclusive o seu ensaque
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Figura 2 - Exemplo de secagem natural de sementes.
A secagem natural é, em geral, demorada, e uma maneira de acelerar o processo é através do uso de telas de plástico ou arame entrelaçado, formando-se uma peneira. As sementes são esparramadas em forma ondulada sobre a peneira, a qual é posteriormente erguida a uma altura de 0,5 a 1,0m do solo, possibilitando que o ar passe por cima e por baixo das sementes, abreviando consideravelmente o tempo de secagem.
A secagem natural, apesar de não estar sujeita a riscos de danificação mecânica e temperaturas excessivamente altas, é dependente das condições psicrométricas do ar ambiente que, muitas vezes, não são adequadas para a secagem das sementes. Um exemplo típico é o caso de épocas ou locais com alta Umidade Relativa - UR - (90-100%). Em dias chuvosos e à noite, a UR, frequentemente, está alta.
Devido aos riscos provenientes da demora de secagem motivada por altas URs, a secagem natural, em muitas regiões, é pouco utilizada. Por outro lado, nas regiões ou épocas onde a UR reinante no período da colheita é baixa e a possibilidade de ocorrência de chuvas bastante reduzida, a secagem natural é largamente utilizada.
1.2.2. Secagem artificial
Os métodos de secagem artificial são obtidos pela exposição da massa de sementes a um fluxo de ar aquecido (ou não), sendo caracterizados, conforme o fluxo no secador, em estacionário, de fluxo contínuo e de fluxo intermitente.
1.2.2.1. Secagem estacionária (Figura 3)
Figura 3 - Exemplo de secador estacionário.
O método estacionário de secagem consiste basicamente em se forçar o ar através de uma massa de sementes que permanece sem se movimentar. A secagem estacionária requer precauções especiais para o seu adequado desempenho, das quais vêm, a seguir, as mais importantes:
a) Fluxo de ar - O ar forma condições para que ocorra retirada de água da semente por evaporação, através de transporte de calor desde a fonte até o local de secagem das sementes ou câmara de secagem, além de transportar a umidade retirada da semente para fora do sistema de secagem, permitindo que continue a evaporação da umidade que migrou do interior para a superfície da semente.
b) Umidade relativa do ar (UR) – A semente, como todo material higroscópico, perde ou ganha umidade em função da UR. Para cada UR, a uma determinada temperatura, a semente atinge um teor de água em equilíbrio.
c) Temperatura do ar de secagem - Em razão das sementes permanecerem em contato com o ar aquecido por longo período de tempo, deve-se tomar precauções quanto à temperatura do ar, pois as sementes tendem a atingir a mesma temperatura do ar de secagem.
1.2.2.2. Secagem de fluxo contínuo (Figura 4)
Figura 4 - Exemplo de secador de fluxo contínuo.
A secagem contínua é realizada, em geral, nos secadores contínuos que são formados, fundamentalmente, por duas câmaras, uma de secagem e outra de resfriamento. O método contínuo consiste em fazer passar as sementes uma só vez pela câmara de secagem, de tal forma que entrem úmidas no topo e saiam secas na base do secador.
Para que as sementes sequem em uma só passagem pelo secador, é necessário que se eleve muito a temperatura do ar de secagem ou se retarde o fluxo das sementes dentro da câmara de secagem, a fim de que permaneçam o tempo suficiente para perderem o excesso de água. Com o aumento da temperatura ou do tempo de exposição das sementes ao ar aquecido, corre-se o risco de causar danos térmicos às sementes.
1.2.2.3. Secagem de fluxo intermitente (Figura 5)
Figura 5 - Exemplo de secador de fluxo intermitente.
No secador intermitente, a semente é submetida à ação do ar aquecido na câmara de secagem a intervalos de tempo, permitindo a homogeneização da umidade e resfriamento quando as mesmas estão passando pelas partes do sistema onde não recebam ar aquecido.
A intermitência permite que ocorra o transporte de água do interior para a superfície da semente durante o período de equalização, diminuindo a sua concentração dentro da semente. Conforme o tempo necessário para as sementes passarem pela câmara de secagem, existem dois métodos:
a) Método intermitente lento - Esse método foi adaptado dos secadores tipo contínuo. Quando não são utilizadas temperaturas altas do ar de secagem, as sementes não chegam a secar em uma só passagem pelo secador, tornando-se necessária a adaptação do método contínuo, fazendo com que elas retornem para o corpo do secador, a fim de passarem mais vezes pela câmara de secagem.
b) Método intermitente rápido - Assim denominado porque as sementes passam através do ar aquecido a intervalos regulares e mais frequentes do que no intermitente lento. Existem disponíveis no mercado secadores especialmente desenvolvidos para realizar a secagem intermitente.
Nos secadores que utilizam ar aquecido forçado, é recomendável que se utilizem temperaturas crescentes no início e decrescentes no término da secagem, para evitar choques térmicos que podem causar fisuras, de ocorrência frequente em sementes de arroz e milho. Também, no fim da secagem, recomenda-se a utilização do ar forçado sem aquecimento para homogeneização da umidade das sementes.
Nos secadores contínuos e intermitentes, como envolvem transporte da semente e passagem das mesmas através de estreitos canais (± 0,3m), é aconselhável que as sementes palhentas passem por um bom processo de pré-limpeza e, se possível, que o sistema de secagem não seja interrompido enquanto as sementes não estiverem secas, para que sejam evitadas aglomerações e, consequentemente, entupimentos.
2. Beneficiamento
O beneficiamento é um dos passos a serem seguidos para obtenção de sementes de alta qualidade numa empresa de sementes. A máxima qualidade de um lote de sementes é função direta das condições de produção no campo, ou seja, semente se obtém no campo.
Entretanto, a semente, depois de colhida, contém materiais indesejáveis que devem ser removidos a fim de facilitar a semeadura, a secagem e o armazenamento, além de evitar que sejam levadas sementes de plantas daninhas para outras áreas. Vem daí a importância do beneficiamento para a obtenção de sementes de alta qualidade.
O beneficiamento consiste em todas as operações a que a semente é submetida, desde a sua recepção na unidade de beneficiamento de sementes (UBS) até a embalagem e distribuição.
2.1. Recepção
É o processo de caracterização e identificação dos lotes de sementes que são recebidos na UBS. Conceitua-se um lote como "uma quantidade limitada de sementes com atributos físicos e fisiológicos similares dentro de certos limites toleráveis".
2.2. Amostragem
É o processo pelo qual obtém-se uma pequena fração de sementes que irá representar o lote nos testes para avaliação da qualidade, determinação da umidade, pureza e viabilidade.
2.3. Pré-limpeza (Figura 6)
Figura 6 - Exemplo de máquinas de pré-limpeza.
A pré-limpeza consiste basicamente na remoção do material bem maior, bem menor e bem mais leve do lote de semente. Para essa operação, utiliza-se máquina de ar e peneiras com alta produção, pois nessa etapa do beneficiamento é mais importante o rendimento do que a qualidade, considerando-se a necessidade de passar na pré-limpeza toda a semente recebida no dia.
2.4. Operações especiais
Algumas sementes necessitam de operações especiais (desaristamento, debulha, descascamento e escarificação) para que possam ser beneficiadas, como é o caso das sementes palhentas e aristadas, milho em espiga, algodão, amendoim e de sementes duras e múltiplas.
2.5. Limpeza das sementes
A remoção dos materiais indesejáveis do meio do lote de sementes só é possível se houver diferença física entre os componentes. As propriedades físicas usadas para a separação são largura, espessura, comprimento, peso forma, peso específico, textura superficial, cor, condutibilidade elétrica e afinidade por líquidos.
3. Armazenagem
A armazenagem de sementes inicia-se quando estas alcançam o ponto de maturação fisiológica. O teor de água das sementes no ponto de maturação fisiológica é muito alto para que se possa realizar a colheita e debulha. As sementes têm que ficar no campo até que as condições intrínsecas da semente e do ambiente permitam a colheita. Obviamente, as condições nesse período não são as mais favoráveis para o armazenamento, devendo as sementes serem retiradas do campo tão logo quanto possível.
Por outro lado, todo o esforço humano e material gasto durante a produção da semente podem ser perdidos se as condições de armazenamento fornecidas às sementes, após serem embaladas forem inadequadas. Isto porque, as sementes deverão apresentar uma porcentagem de germinação razoável (mínimo 80%) após terem sido mecanicamente colhidas, beneficiadas, manuseadas e armazenadas de uma temporada de produção à outra.
Assim sendo, o objetivo principal do armazenamento das sementes é manter sua qualidade desde que atingem o ponto de maturação fisiológica até quando serão semeadas, considerando que, em todo esse período, esta qualidade não poderá ser melhorada, nem mesmo sob condições ideais.
3.1. Sementes de vida longa e vida curta
Em geral, as sementes pertencem a espécies que são geneticamente de vida longa, porém algumas são de vida curta. A maioria das espécies consideradas de vida longa pertence à família das Fabáceas (leguminosas), que se caracterizam por apresentar tegumento duro e impermeável (sementes duras). Cereais, como cevada e aveia, são também considerados de vida longa, enquanto que o centeio é de vida curta e milho e trigo são intermediários. Outras classificações colocam a cevada e o trigo num mesmo nível e a aveia como tendo o pior potencial de armazenagem.
O potencial de armazenagem das sementes varia consideravelmente entre espécies em condições favoráveis idênticas. Esse potencial está determinado pelo período de tempo em que certa proporção de sementes morre ou, inversamente, permanecem vivas. Em um lote de sementes, nem todas morrem ao mesmo tempo, já que, por ser uma característica individual, o potencial de armazenagem afeta a porcentagem de viabilidade do lote de sementes.
Assim sendo, em um mesmo grupo genético, nem todas as espécies, variedades ou sementes individuais, sobrevivem ao mesmo período de tempo. Para efeitos práticos, na armazenagem comercial de sementes, é suficiente conhecer o potencial de cada da espécie em questão.
3.2. Sementes ortodoxas e recalcitrantes
3.2.1. Sementes ortodoxas
São aquelas que alcançaram sua maturidade na planta mãe com conteúdos de água relativamente baixos. Podem ser secadas artificialmente até baixos teores de água sem sofrer dano e armazenadas por períodos longos, especialmente quando a temperatura é baixa. Condições de armazenagem com baixo teor de água e temperatura de - l8ºC podem manter viáveis sementes por períodos de até um século ou mais. Quando secas, essas sementes podem resistir às adversidades do ambiente e, embora dormentes, quando fornecidas às condições para a germinação, reassumirão sua atividade metabólica total e seu crescimento e desenvolvimento.
As sementes ortodoxas incluem a maioria das espécies agronomicamente importantes em zonas temperadas. Essas sementes não requerem condições especiais de armazenagem em climas temperados e frios, mas em regiões de clima quente e úmido, o controle das condições de armazenagem (baixa temperatura e desumidificação) se faz necessário.
3.2.2. Sementes recalcitrantes
São aquelas que perdem rapidamente sua viabilidade se são secas abaixo de um teor de água relativamente alto. Essas sementes não podem ser secas por métodos tradicionais e não são bem armazenadas em condições normais de armazenagem.
3.3. Tipos de armazenagem de sementes
As sementes são armazenadas, durante as diferentes etapas do beneficiamento, de três maneiras:
3.3.1. Armazenamento a granel
a) Características
A armazenagem a granel facilita bastante o manejo das sementes, em função da necessidade de secagem, já que atua como regulador de fluxo antes e depois da secagem. É um tipo de armazenamento temporário que se pode estender de poucos dias até vários meses, enquanto as sementes aguardam para serem beneficiadas, sendo necessário que as sementes estejam limpas (pré-limpeza) e secas.
Se as sementes são armazenadas a granel com elevado teor de água (maior que 13%), a sua atividade metabólica produz calor, o qual aumenta a temperatura da massa de sementes perigosamente, acelerando a atividade biológica, podendo chegar a matar as sementes. Isso poderia ser evitado se essa armazenagem fosse feito em silos secadores, com a finalidade de fazer secagem através da aeração constante do silo e, por consequência, da massa de sementes.
Outras características do armazenamento de sementes a granel são:
a) o local de armazenamento é fixo e pode ser em silos metálicos dotados com sistemas de aeração;
b) sistema de transporte para encher e esvaziar os silos é completamente mecanizado e rápido, devendo-se tomar cuidado com os danos mecânicos às sementes e à mistura varietal;
c) pequeno desperdício de sementes;
d) alto custo inicial;
e) poucas perdas devido a roedores;
f) custos operacionais baixos.
b) Estruturas de armazenagem
A armazenagem de sementes a granel é feito, preferencialmente, em silos cilíndricos metálicos. Essas unidades armazenadoras a granel devem possuir ventiladores para resfriar a massa de sementes.
c) Migração de umidade
Um dos fenômenos que ocorre em uma massa de sementes armazenada a granel é o de migração de umidade. Em regiões de clima subtropical, onde há variações bruscas de temperatura, inclusive durante o dia, as paredes do silo, no inverno, esfriam ou aquecem em função da variação da temperatura ambiente. A diferença de temperatura entre a massa de sementes e o meio ambiente externo produz correntes convectivas dentro da massa, movimentando-se o ar nos espaços entre as sementes. Esse ar, ao chegar no topo da massa de sementes, encontra o ar mais frio, condensando o vapor e criando zonas de alta umidade no alto da massa de sementes. Isso poderá provocar a germinação das sementes, estimular o ataque de insetos, que são atraídos pelo odor e calor despendido pela acelerada respiração aeróbica da semente e, ainda, criar condições favoráveis para o rápido desenvolvimento dos fungos de armazenagem (Pennicillium e Aspergillus). Para evitar esse fenômeno da migração de umidade, deve-se proceder à aeração periódica da massa de sementes mediante o uso dos ventiladores do silo.
d) Aeração de sementes
A aeração consiste na movimentação forçada do ar ambiente através da massa de sementes, sendo seu objetivo principal o resfriamento e a manutenção das sementes a uma temperatura suficientemente baixa para assegurar uma boa conservação. Ao se fazer aeração, o efeito inicial, num período relativamente curto, é de equilíbrio da temperatura da semente com a do ar ambiente; logo após, pode-se reduzir a temperatura com o consequente resfriamento da massa e, após um longo período de aeração, poderá haver um efeito secante.
Como regra geral, a aeração deve ser aplicada quando a diferença de temperatura da massa de sementes e a temperatura do ar ambiente for em torno de 5ºC. Ocorrendo essa diferença, e tendo por objetivo resfriar a massa de semente, o ventilador deve ser ligado dia e noite, com ou sem chuva, até que a massa seja resfriada. Isso é devido a que a aeração no silo se dá na forma de uma frente de aeração que avança de baixo para cima, devendo o ventilador permanecer ligado até que essa frente atinja o topo da massa de sementes, tendo a resfriado totalmente, homogeneizando sua temperatura.
Quando as sementes vêm diretamente da colheita e são armazenadas a granel em silo-pulmão ou tulha de produto úmido, aguardando pela secagem, não devem ficar por um período superior a 48 horas (a semente está com aproximadamente 18% de água) e a aeração deve ser contínua para conservação provisória das sementes até a secagem ser realizada. Semente armazenada a granel em silos deve ser vistoriada regularmente.
O meio mais fácil de inspecionar as sementes no silo é retirando amostras em vários pontos e registrar a temperatura e teor de umidade das sementes. Esses registros devem ser feitos pelo menos duas vezes por dia, de manhã e de tarde, para manter o controle da massa de sementes e detectar, em tempo, possíveis problemas. Periodicamente, deve-se avaliar também a qualidade da semente dentro do silo através de sua germinação e vigor (teste de envelhecimento acelerado).
3.3.2. Armazenamento em sacos
a) Características
A comercialização de sementes é feita em sacos e, em latas ou pacotes, no caso de sementes de espécies olerícolas. Após o beneficiamento, as sementes devem ser embaladas para logo serem armazenadas, esperando pela sua distribuição. A estrutura de armazenagem é um armazém do tipo convencional em vez de um silo. Em uma Unidade de Beneficiamento de Sementes (UBS), o maior volume de armazenamento é em sacos, portanto, o maior prédio da UBS é o armazém. A embalagem de sementes atende a duas finalidades básicas:
1) quanto ao aspecto comercial, transporte e manuseio da semente;
2) a mais importante, proteção das sementes contra umidade, insetos, roedores e danos mecânicos no manuseio.
b) Tipos de embalagens
Há três tipos de embalagens quanto à permeabilidade:
- Embalagens porosas ou permeáveis
As embalagens permeáveis constituem-se em saco de tecido (algodão, aniagem, ou juta), de papel multifoliado e de plástico ou polipropileno trançado, de amplo uso pelo seu baixo custo. Esses tipos permitem trocas de umidade entre a semente e o ar ambiente do armazém, logo, as sementes tendem ao Ponto de Equilíbrio Higroscópico (PEH). São empregadas para períodos curtos de armazenamento e, de preferência, em climas secos. Suas principais vantagens são a resistência à ruptura e ao choque, facilidade de empilhamento e manuseio e boa apresentação (facilidade de impressão). As principais desvantagens são: os custos comparativos mais elevados e as flutuações de umidade dentro da embalagem devido às sementes alcançarem o PEH.
- Embalagens resistente à penetração do vapor de água ou semipermeáveis
As embalagens semipermeáveis oferecem certa resistência à penetração de umidade, podendo ser utilizadas em regiões de umidade relativa do ar mais altas, porém ainda por período limitado de tempo de armazenamento. Têm maior resistência à umidade do que as embalagens porosas, facilidade de imprimir marcas e boa apresentação. O maior inconveniente é que nesse tipo de embalagem as sementes devem estar com teor de água mais baixo do que o permitido naquelas acondicionadas em embalagens totalmente porosas. Exemplos dessas embalagens são sacos plásticos finos ou de polietileno, de 0,075 a 0,125 mm de espessura, e sacos de papel multifoliado laminados com polietileno. Esses últimos, normalmente possuem quatro dobras de papel Kraft, produzido da polpa de pinho, com forro de polietileno de 0,075 mm no interior das dobras. Para condições de clima temperado, essas embalagens são adequadas, mas, para condições de clima tropical, são mais recomendáveis os sacos de polietileno de mais de 0,125 mm de espessura, já que sob essas condições é prejudicial que ocorra alguma penetração de umidade na embalagem.
- Embalagens impermeáveis ou à prova de umidade, ou completamente vedadas
As embalagens impermeáveis oferecem completa resistência às trocas de umidade com o ambiente. É importante salientar que a impermeabilidade da embalagem depende da vedação da mesma. São as de plástico, com mais de 0,125 mm de espessura selados ao calor, pacotes de alumínio e latas de alumínio, quando bem vedados. Essas embalagens não permitem o equilíbrio do teor de umidade da semente com o ar exterior, nem flutuações de umidade dentro da embalagem. A umidade do interior da embalagem é determinada pelo teor de água das sementes, logo, esse último deve ser mais baixo do que para as sementes nos outros tipos de embalagens. O teor de umidade das sementes armazenadas em embalagens impermeáveis deve ser de 8 a 9%, para amiláceas, e de 4 a 7%, para as oleaginosas.
C) Empilhamento (Figura 8)
A comercialização de sementes é feita em sacos e, em latas ou pacotes, no caso de sementes de espécies olerícolas. Após o beneficiamento, as sementes devem ser embaladas para logo serem armazenadas, esperando pela sua distribuição. A estrutura de armazenagem é um armazém do tipo convencional em vez de um silo. Em uma Unidade de Beneficiamento de Sementes (UBS), o maior volume de armazenamento é em sacos, portanto, o maior prédio da UBS é o armazém. A embalagem de sementes atende a duas finalidades básicas:
1) quanto ao aspecto comercial, transporte e manuseio da semente;
2) a mais importante, proteção das sementes contra umidade, insetos, roedores e danos mecânicos no manuseio.
b) Tipos de embalagens
Há três tipos de embalagens quanto à permeabilidade:
- Embalagens porosas ou permeáveis
As embalagens permeáveis constituem-se em saco de tecido (algodão, aniagem, ou juta), de papel multifoliado e de plástico ou polipropileno trançado, de amplo uso pelo seu baixo custo. Esses tipos permitem trocas de umidade entre a semente e o ar ambiente do armazém, logo, as sementes tendem ao Ponto de Equilíbrio Higroscópico (PEH). São empregadas para períodos curtos de armazenamento e, de preferência, em climas secos. Suas principais vantagens são a resistência à ruptura e ao choque, facilidade de empilhamento e manuseio e boa apresentação (facilidade de impressão). As principais desvantagens são: os custos comparativos mais elevados e as flutuações de umidade dentro da embalagem devido às sementes alcançarem o PEH.
- Embalagens resistente à penetração do vapor de água ou semipermeáveis
As embalagens semipermeáveis oferecem certa resistência à penetração de umidade, podendo ser utilizadas em regiões de umidade relativa do ar mais altas, porém ainda por período limitado de tempo de armazenamento. Têm maior resistência à umidade do que as embalagens porosas, facilidade de imprimir marcas e boa apresentação. O maior inconveniente é que nesse tipo de embalagem as sementes devem estar com teor de água mais baixo do que o permitido naquelas acondicionadas em embalagens totalmente porosas. Exemplos dessas embalagens são sacos plásticos finos ou de polietileno, de 0,075 a 0,125 mm de espessura, e sacos de papel multifoliado laminados com polietileno. Esses últimos, normalmente possuem quatro dobras de papel Kraft, produzido da polpa de pinho, com forro de polietileno de 0,075 mm no interior das dobras. Para condições de clima temperado, essas embalagens são adequadas, mas, para condições de clima tropical, são mais recomendáveis os sacos de polietileno de mais de 0,125 mm de espessura, já que sob essas condições é prejudicial que ocorra alguma penetração de umidade na embalagem.
- Embalagens impermeáveis ou à prova de umidade, ou completamente vedadas
As embalagens impermeáveis oferecem completa resistência às trocas de umidade com o ambiente. É importante salientar que a impermeabilidade da embalagem depende da vedação da mesma. São as de plástico, com mais de 0,125 mm de espessura selados ao calor, pacotes de alumínio e latas de alumínio, quando bem vedados. Essas embalagens não permitem o equilíbrio do teor de umidade da semente com o ar exterior, nem flutuações de umidade dentro da embalagem. A umidade do interior da embalagem é determinada pelo teor de água das sementes, logo, esse último deve ser mais baixo do que para as sementes nos outros tipos de embalagens. O teor de umidade das sementes armazenadas em embalagens impermeáveis deve ser de 8 a 9%, para amiláceas, e de 4 a 7%, para as oleaginosas.
C) Empilhamento (Figura 8)
Figura 8 - Emplilhamento de sacos em Unidade de Beneficiamento de Sementes (UBS).
O prédio no qual as sementes permanecerão ensacadas durante seu armazenamento em pilhas, conhecido como armazém (do tipo convencional), deve preencher certos requisitos. O armazém deve ser bem arejado, porém deve-se evitar janelas ou aberturas muito grandes que permitam a penetração de raios solares por muitas horas atingindo as pilhas. O ideal é que possua uma só porta. Se as paredes não são de tijolo, pedra ou cimento, ou seja, são de ferro galvanizado ou de zinco, deveriam possuir algum tipo de isolamento térmico, como, por exemplo, isopor (50 mm), que também deverá ser usado no teto.
O armazém deve ser pintado com cores mais claras possíveis (branca, metálica), para facilitar a reflexão do calor. Para facilitar a ventilação, podem ser instalados exaustores que podem ser ligados quando o ar ambiente externo está mais frio e seco que o interior do armazém.
As sementes em sacos são armazenadas por lotes em pilhas montadas dentro do armazém. As pilhas são montadas com a ajuda de uma correia transportadora inclinada ou empilhadeira mecânica. O lastro é constituído pelo número de sacos que servem de base para a formação e sustentação da pilha. Os sacos de sementes devem ser empilhados sobre lastros ou estrados de madeira (pallet) e nunca diretamente contra o chão de cimento, em cima do piso, para evitar transmissão ou condensação de umidade do solo, o que estragará os sacos de sementes em contato com o chão. A madeira atua como isolante térmico. Se esses lastros são construídos de 8 a 10 cm de altura, é facilitado o manuseio das pilhas com a mula mecânica e possibilitada ainda uma razoável ventilação na base da pilha.
As embalagens utilizadas para as sementes, além de conservá-las adequadamente, devem ser de material que facilite o empilhamento, evitando materiais muito lisos que provoquem o fácil deslizamento e, consequentemente, queda da pilha.
A altura das pilhas não afeta as sementes nos sacos de baixo, devido ao peso, se as sementes estiverem armazenadas com teor de umidade abaixo de 14%. Porém, recomenda-se que a altura máxima seja de 5 m, para evitar danos mecânicos às sementes, no caso de queda da pilha, facilitar a amostragem e facilitar o expurgo ou aplicação de produtos químicos no caso de ataque de insetos. Ainda, para facilitar o expurgo, é recomendável que a distância entre pilhas seja, pelo menos, de dois metros.
Na produção de sementes fiscalizadas ou certificadas, a inspeção no armazém deve ser rigorosa quanto ao cumprimento das normas. A amostragem deve ser facilitada com um adequado empilhamento, distribuição e identificação dos lotes a serem comercializados.
3.3.3. Armazenagem sob condições de ambiente controlado
O armazenamento de sementes em condições de ambiente controlado (temperatura e/ou umidade relativa do ar) permite conservá-las por longos períodos de tempo. As sementes são higroscópicas e, para evitar que absorvam umidade do ar e o aumento do teor de água a limites que afetariam sua qualidade, as condições ambientais podem ser modificadas permitindo a conservação das sementes a baixas temperaturas e/ou baixa umidade relativa do ar. Para isso, utiliza-se a refrigeração e/ou a desumidificação.
A refrigeração pode ser utilizada em armazéns de sementes estocadas em sacos, para resfriar o ar em ambientes quentes ou com temperaturas acima de 20ºC.
José Luis da Silva Nunes
Engenheiro Agrônomo, Dr. em Fitotecnia
Bibliografia consultada
PESKE, S.T.; ROSENTHAL, M.D.; ROTA, G.R.M. Sementes: Fundamentos científicos e tecnológicos. 3ª edição. Pelotas: Editora rua Pelotas, 2012. 573p.