CI

Serra das paridas: patrimônio arqueológico e genético na chapada

Poucos lugares do Nordeste podem se gabar de possuir lado a lado e em um único espaço, imponentes e ricos patrimônios arqueológicos e genéticos.



A Serra das Paridas, localizada no município de Lençóis, na Chapada Diamantina, interior da Bahia, pode, e os seus donos fazem de tudo para conservá-los. São 18 sítios arqueológicos que formam um importante complexo, onde está registrado o cotidiano do homem pré-histórico brasileiro. Os trabalhos de catalogação dos desenhos foram realizados pelo professor Carlos Etchevarne, do Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade Federal da Bahia, cujos resultados estão descritos no livro “Escrito na Pedra”.


O acesso ao local não é complicado: saindo de Lençóis e pegando a BR-234 no sentido de Itaberaba, toma-se uma estrada de terra antes do distrito de Tanquinho, e uns 7 km depois chega-se ao complexo arqueológico da Serra das Paridas, cujo nome foi dado em alusão a uma mulher que, no meio do caminho, deu à luz no lugar. O complexo é administrado pela agência de turismo Volta ao Parque (www.voltaaoparque.com.br), com sede em Lençóis.

Foi nessa região que uma expedição científica empreendida por pesquisadores da Embrapa Tabuleiros Costeiros, Embrapa Amazônia Oriental e Universidade Federal do Pará, no final de fevereiro de 2008, em busca de remanescentes naturais de mangabeira (isso mesmo, a árvore que produz frutos saborosos usados para sucos e sorvetes) no Sertão Central da Bahia, deparou-se com essas inscrições rupestres de valor incalculável dividindo lugar com extensos bosques de mangabeiras nativas não menos valiosos. O seu nome científico, Hancornia speciosa, que significa em latim “bela”, “magnífica”, “vistosa”, traduz perfeitamente a visão que se tem dessas árvores quando agrupadas no imenso campo de gramíneas que domina o complexo.


À medida que se caminha para dentro dos sítios, o viajante se surpreende com a incrível concentração de mangabeiras que vai ficando cada vez mais densa. Os pesquisadores chegaram a constatação que a Serra das Paridas deve ser considerada uma área de enorme relevância para a conservação in situ dos recursos genéticos da mangabeira, pela grande população natural aí encontrada e espalhada por uma área de cerca de 4.000 hectares (dos 6.000 que compõem a fazenda). A população é bem conservada em uma vegetação de cerrado denominada localmente de “gerais”, aparecendo em grande densidade, sendo observada variabilidade aparente entre as plantas e frutos, embora haja necessidade de estudos mais aprofundados. A mangabeira ocorre sobre solos arenosos e divide o espaço com outras espécies de importância para a região, como o coco-de-raposa ou coquinho e o barbatimão, cujas populações também são bastante numerosas.

Fora essas riquezas descritas, a paisagem é imperdível e o silêncio típico desses locais se encarrega de manter a ordem no lugar.
Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.