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A Cultura da Mamona

Aspectos gerais para produção da cultura da manona no Brasil



A mamona (Ricimus communis. L.) é uma planta originária da Abissínia, atual Etiópia, no continente africano e foi trazida para o Brasil pelos colonizadores portugueses. A extraordinária capacidade de adaptação da mamona e as múltiplas aplicações do seu óleo fizeram com que fosse plantada em quase todos os locais do Brasil; os maiores produtores são os Estados da Bahia, Paraná, São Paulo, Ceará e Pernambuco. O óleo extraído da sua semente, tem aplicação nas mais diversas áreas da indústria, tais como: lubrificantes para motores de alta rotação; para carburante de motores a diesel; na fabricação de produtos farmacêuticos, sabões, shampoos e perfumes. É também empregado na fabricação de tintas, vernizes, impermeabilizantes de superfície, fluidos hidráulicos e nylon. Em curtume, é utilizado como detergente molhante e emulsionante; na siderurgia é empregado como óleo de corte. O óleo de mamona apresenta como características importantes alta resistência ao atrito, baixo ponto de congelamento e resistência ao calor. Pelas inúmeras aplicações desse óleo e o seu crescente consumo, observa-se maior interesse nos últimos anos, pelo conhecimento e desenvolvimento da cultura. Contudo, os rendimentos têm-se mantido estáveis ao longo dos anos nos diversos países produtores. No Brasil, a produtividade está ao redor de 1.000 kg/ha , sendo considerada baixa. O produto colhido é considerado, de modo geral, pelas indústrias como de má qualidade, sendo desuniforme e com muitas impurezas. Os fatores que mais afetam a qualidade são a incidência de doenças e os problemas na colheita, secagem e armazenamento. # Aspectos gerais Os frutos são de aspecto capsular ovóide, achatado, com superfície lisa, brilhante e acinzentada, dos quais se extrai o óleo de rícino. Tem uma grande variabilidade nas características agronômicas tais como hábito de crescimento, ciclo, cor do caule e das folhas, presença ou não de cerosidade no caule, frutos deiscentes ou indeiscente, sementes com tamanho e coloração diferentes e teores de óleo variáveis. O sistema radicular é pivotante e fistuloso, com raiz principal bem desenvolvida e com emissão de raízes secundárias a grande distância; a germinação é lenta, principalmente sob temperatura baixa (ótimo = 25ºC). Pode ser uma planta perene ou anual, havendo genótipos de porte arbóreo e de porte anão, com alturas que variam de 0,8 m a 12 m (gigante). O ciclo de desenvolvimento varia de acordo com a cultivar e o ambiente. Existem sementes híbridas, utilizadas principalmente no cerrado. # Custo de produção A estimativa do custo de produção, por hectare, é de R$ 1.093,71. Os custos fixos representam 27,38% do custo total e o custo variável, 72,62%. Considerando-se a produtividade de 1.500 kg/ha, o custo total médio por saca de 60 kg é de R$ 41,46 e a produtividade necessária para cobrir o custo de produção é de 2.070 kg/ha. Desta forma, para os produtores obterem lucro, o preço de mercado deverá ser pelo menos igual ao custo total médio. Observa-se que dentre os custos variáveis o preparo do solo concentra a maior parte do custo de produção (21%), o plantio, 20% e os tratos culturais, 19%. Isto significa que o produtor deve dar maior atenção a estes itens visando a sua diminuição. Deve-se considerar que cada propriedade apresenta particularidades quanto à topografia, condições físicas e de fertilidade dos solos, tipos de máquinas, área plantada, nível tecnológico e, até mesmo, aspectos administrativos, o que as tornam diferenciadas quanto à estrutura e aos valores dos custos de produção. Portanto, em alguns casos, os custos poderão ser maiores e, em outros, menores, e as diferenças podem recair tanto sobre o custo fixo quanto sobre o variável. Dessa forma, o ponto de equilíbrio pode variar em função de alterações no custo de produção ou no preço do produto, ocasionando maior ou menor lucratividade. # Adubação e calagem A mamona é extremamente sensível à presença de alumínio trocável; quando este está presente a mamona sofre uma série de problemas nutricionais, que limitam sua produtividade. As plantas apresentam desenvolvimento reduzido tanto das raízes quanto da parte aérea. Portanto, a prática da calagem é imprescindível para que se consiga sucesso com a cultura em solos ácidos. A mamoneira é uma planta exigente em nutrientes, tendo as sementes elevado teor de óleo e proteínas, o que conduz a uma demanda razoável por elementos essenciais, especialmente nitrogênio, potássio, fósforo, cálcio e magnésio. A exigência nutricional de qualquer planta é determinada pela quantidade de nutrientes que ela extrai durante o seu ciclo. Para se fazer uma adubação equilibrada, entre outros parâmetros a serem considerados, é de fundamental importância conhecer a extração total de nutrientes. Para uma produtividade de 2.000 kg/ha de sementes a mamona retira do solo as seguintes quantidade de nutrientes: 80 kg de nitrogênio, 18 kg de fósforo, 32 kg de potássio, 12 kg de cálcio e 10 kg de óxido de magnésio. Essas quantidades justificam a importância de cada elemento na nutrição da mamoneira. Neste sentido, o nitrogênio é um elemento de suma importância, sendo participante da formação das proteínas e dos ácidos nucléicos. Depois dos macro-elementos, oxigênio, carbono e hidrogênio, que são supridos pela água e pelo gás carbônico da atmosfera, o nitrogênio é o mais abundante elemento na mamoneira. Em excesso pode promover crescimento vegetativo exagerado e assim reduzir a produtividade, além de reduzir a resistência a vários insetos, pragas e fungos. Visando ao aproveitamento de subprodutos da mamoneira, pode-se usar na adubação a torta de mamona na quantidade de 200 kg/ha juntamente com 200 kg/ha da fórmula 4-30-10 ou somente a torta com 2 a 3 t/ha. Quando houver disponibilidade de resíduos vegetais na propriedade pode-se utilizar 20 toneladas por hectare de matéria orgânica. Para melhor aproveitamento da adubação, em função do espaçamento recomendado, deve-se dividir a quantidade total dos fertilizantes pelo número de covas/ha e assim colocar a quantidade por cova no caso do pequeno produtor, que realiza o plantio manual e utiliza cultivares de porte mais alto. Essa recomendação, contudo, não se aplica para cultivares de porte anão ou baixo, em espaçamentos mais adensados, ou quando se faz a adubação com máquinas. Em algumas situações de mercado, a prática da adubação talvez não compense economicamente, dado o elevado custo do fertilizante e o baixo valor da mamona no mercado. Nesse sentido, o ideal seria cultivar a mamona em solos férteis, nos quais não se usaria adubação, ou fazê-la em consórcio com culturas de uso na alimentação humana (feijoeiro). Assim a adubação seria dirigida a essa cultura e, nos anos seguintes, fazer a rotação nessas áreas, isto é, plantar a mamona na faixa do feijão e vice-versa. O uso de área inadequada para o cultivo da mamoneira pode constituir-se num sério fator de degradação dos solos de uma região. Por ser cultivada em baixa densidade populacional permite a exposição do solo a agentes erosivos, como a chuva, raios solares e ventos. Na escolha da área deve-se observar a altitude e esta deve ser superior a 300 m acima do nível do mar, plana a levemente ondulada. O solo deve ser profundo, bem drenado, com textura variável, porém bem estruturado. Deve-se fazer uma operação com grade aradora ou arado e uma gradagem niveladora imediatamente antes do plantio. Em solos compactados, realizar uma subsolagem. Solos em Sistema Plantio Direto dispensam o preparo. # Requerimentos climáticos Planta de origem tropical, a mamona tem sido cultivada em vários locais, desde o nível do mar até 2.000 m de altitude. O seu cultivo, porém, é recomendado no intervalo de 300 a 1.500 m acima do nível do mar. Com características de resistência à seca, a mamoneira obtém rendimento máximo com um mínimo de precipitação de 600-700 mm, ocorridos principalmente em seu estágio de crescimento vegetativo. O excesso de umidade é prejudicial em qualquer período do ciclo da lavoura, sendo mais crítico nos estágios de plântula, na maturação e na colheita. A mamoneira é uma planta de dias longos, crescendo e se desenvolvendo bem em dias de, no mínimo, 12 horas de duração. Requer temperatura do ar moderadamente alta (entre 20ºC e 26ºC), com baixo índice de umidade durante seu ciclo. Altas temperaturas (>40ºC) provocarão o aborto de flores e a redução do teor de óleo e proteína da semente. A planta é resistente à seca, mas tem maior produtividade se houver boa distribuição da chuva; não suporta ventos fortes e é sensível a geadas. Precisa de muito sol e não suporta sombreamento; baixa temperatura (<20ºC) associada à alta umidade (>80%) causa mofo cinzento. # Cultivares São sugeridas para o Cerrado as cultivares : IAC 80 (porte alto, ciclo longo); IAC 226 (porte alto, ciclo longo); A L Guarany (porte médio, ciclo médio); Mirante 10 (porte médio, ciclo longo); e Guarany (porte médio, ciclo médio). # Semeadura Em virtude do ciclo relativamente longo (180 dias), recomenda-se que a semeadura seja feita no início do período chuvoso. O plantio da mamoneira poderá ser efetuado manual ou mecanicamente, dependendo da disponibilidade de implementos na propriedade e/ou das condições econômicas do produtor. O espaçamento, que é o intervalo compreendido entre duas fileiras e a densidade de semeadura, que é o espaço entre plantas na fileira definem a população de plantas. Esta depende de quatro fatores: hábito de crescimento da cultivar, da fertilidade do solo, disponibilidade de água e da necessidade de tráfego para o controle de pragas e plantas daninhas. De maneira geral, quanto menor o porte da planta, mais elevada deverá ser a população de plantas da lavoura. Quanto mais fértil o solo, menor a densidade populacional. No consórcio, para cultivares de porte alto, fileiras duplas de 1,5 a 2 m entre linhas e 1 a 1,5 m entre plantas, por 4 a 5 m entre fileiras duplas onde vai a cultura consorciada. Para cultivares de porte médio, fileiras duplas de 1 m entre linhas e 1 m entre plantas, por 4 a 5 m entre fileiras duplas. No plantio solteiro, para cultivares de porte alto, 2 a 3 m entre linhas e 1,5 entre planta; para as de porte médio, 1 m entre linha e 0,5 a 1 m entre plantas. Deve-se realizar o desbaste, que consiste na eliminação do excesso de plantas nas covas e tem por finalidade obter a população adequada. O desbaste deverá ser efetuado com solo úmido, quando a plântula alcançar a altura de 10 a 12 cm, com aproximadamente 25 a 30 dias após a emergência. Sugere-se deixar uma ou duas plantas por cova. A mamoneira, quando cultivada em terras férteis, apresenta desenvolvimento vegetativo exuberante, podendo atingir altura superior a 3 m, o que vem dificultar o processo da colheita e a execução de tratos culturais, como controle de plantas daninhas e a aplicação de inseticidas no controle de pragas. Na colheita, muitos ramos são sacrificados e a redução do porte da planta, através da poda, tornou-se prática rotineira na opinião de muitos produtores. A poda é uma operação recomendada para cultivares de portes médio e alto, nunca para os tipos anões. Os efeitos preconizados para esta prática são: a redução do porte da planta, o estímulo à emissão de ramos laterais, maior crescimento horizontal e a conseqüente supressão natural de plantas daninhas, além do estímulo ao aumento do rendimento da lavoura. Os custos da operação devem ser levados em consideração, tanto quanto seus efeitos no rendimento da planta. Há evidência de que a poda de 30 a 60 cm poderá reduzir a altura e aumentar a ramificação, havendo, porém, redução de rendimento. Pode-se obter mais de uma colheita de um mesmo plantio, fazendo uma poda na altura de 30 cm do nível do solo, em bisel, chamada de poda seca. Após a poda seca poderá ser realizada a desbrota se houver excesso de brotação, deixando apenas três brotos por planta. # Doenças - Mofo-Cinzento É a principal doença da mamoneira, sendo particularmente destrutiva quando o período de floração ou frutificação de uma cultivar suscetível coincidir com condições climáticas ótimas ao desenvolvimento da doença (alta umidade e temperatura em torno de 25°C). O agente etiológico do mofo-cinzento da mamoneira é o fungo “Amphobotrys ricini”, que afeta a planta em qualquer estágio de seu desenvolvimento, causando, inicialmente, pequenas manchas de coloração azulada, principalmente sobre inflorescências e cachos. Em condições climáticas favoráveis, o fungo se desenvolve sobre os tecidos da planta e, em contato com algumas de suas partes, produz novos pontos de infecção; com o tempo, porém, as novas inflorescências ou frutos em desenvolvimento atacados apodrecem e adquirem tonalidade escura e, ao serem tocados, liberam esporos em grande quantidade. O patógeno afeta o teor de óleo e a qualidade das sementes e a sua dispersão ocorre pelo vento, insetos e sementes contaminadas. O ciclo primário da doença ocorre em poucas cápsulas do primeiro cacho. A partir dessas infecções, o fungo se multiplica gerando o inóculo para os demais ciclos. As estratégias de manejo devem ser implementadas visando ao retardamento do início da epidemia e/ou a redução da taxa de progresso da doença; para tanto, a escolha de cultivares com maior nível de resistência genética, eliminação de mamoneiras voluntárias (hospedeiras do patógeno) e uso de fungicidas podem ser empregados. A última tática é recomendada quando as condições climáticas são favoráveis ao desenvolvimento do patógeno e os níveis de infecção são baixos, de preferência antes que ocorra a sua esporulação. - Murcha-de-Fusarium A murcha-de-fusarium, dependendo das condições edafoclimáticas, da densidade de inóculo do patógeno no solo e do nível de resistência da cultivar, poderá causar sérios danos à cultura da mamoneira. “Fusarium oxysporum f. ricini”, agente etiológico da doença, é um fungo habitante do solo, que vive saprofiticamente em restos de cultura e pode sobreviver na forma de clamidósporos. Os sintomas da doença são a perda de turgescência, áreas irregulares de coloração amarela na superfície foliar, que se tornam necrosadas, podendo induzir à queda de folhas. Um sintoma típico da doença é o escurecimento dos vasos da planta. A dispersão do fungo ocorre por meio do transporte de partículas de solo contaminado. Em função do agente causal da doença ser transmitido por sementes, é aconselhável o tratamento das sementes com o intuito de eliminar ou reduzir o inóculo associado às sementes, evitando-se, desta forma, a introdução do patógeno em áreas isentas; recomenda-se também a rotação de culturas e a eliminação dos restos culturais para reduzir a densidade de inóculo do patógeno no solo. - Mancha Foliar Bacteriana O agente etiológico desta doença é a bactéria “Xanthomonas campestris pv. ricini”, cujos sintomas na planta de mamoneira são caracterizados por pequenas manchas nas folhas. Inicialmente apresenta aspecto aquoso e coloração verde-escura a castanha-escura; as lesões foliares podem coalescer, causando necrose em extensas áreas do limbo, resultando no desfolhamento prematuro da planta. Temperaturas e umidade relativa elevadas são condições favoráveis ao desenvolvimento da doença. A dispersão do patógeno acontece principalmente pela água, vento e sementes contaminadas. Recomenda-se, no manejo, a utilização de sementes sadias provenientes de campos isentos da doença e o uso de cultivares resistentes. - Podridão do Tronco Esta doença ocorre em vários países do mundo. No Brasil, foi constatada recentemente na Bahia, sendo considerada a principal doença da mamoneira nesse Estado; seu agente etiológico é o fungo “Macrophomina phaseolina”, responsável por causar doenças em mais de 300 culturas de importância econômica. Os sintomas da podridão do tronco da mamoneira são: amarelecimento das folhas e murcha da planta, assemelhando-se, externamente, à murcha causada por “Fusarium oxysporum f. sp. ricini”, com necrose parcial ou total da raiz; com o decorrer do tempo, a podridão evolui da raiz em direção ao caule, tornando-o parcial ou totalmente enegrecido. Baixa umidade do solo e alta temperatura são as condições favoráveis ao desenvolvimento da doença. A fonte primária de inóculo no solo é constituída pelos esclerócios, os quais sobrevivem por longo tempo em restos de cultura, germinando e infectando novas populações de plantas, quando as condições são favoráveis. - Podridão do Caule ou Podridão dos Ramos Esta doença é causada pelo fungo “Lasiodplodia theobromae”, que ocorre principalmente em tecidos injuriados de plantas submetidas a algum tipo de estresse. No Brasil, a podridão do caule e dos ramos da mamoneira foi constatada pela primeira vez na Bahia. Seus sintomas são caracterizados sobretudo por necrose dos tecidos, que evolui para a podridão, seca e morte do caule e/ou dos ramos; sobre a superfície do tecido afetado podem ser encontrados picnídios do fungo. O estado nutricional da planta e as condições climáticas, principalmente estresses por deficiência hídrica, são, possivelmente, os principais fatores responsáveis pela predisposição da planta à doença. - Mancha-de-Cercospora A mancha-de-cercospora é causada pelo fungo “Cercospora ricinella”, cujos sintomas na planta de mamoneira são caracterizados por manchas foliares de formato arredondado, com o centro claro e bordas de cor castanha. A doença é favorecida por condições de alta umidade relativa. Sobre a área do tecido foliar necrosado, normalmente são produzidos esporos do fungo, os quais são dispersos pela água da chuva, vento e insetos. O fungo também pode ser disperso por meio de sementes. - Mancha-de-Alternaria A mancha-de-alternária, causada pelo fungo “Alternaria ricini”, tem ocorrido de forma generalizada nas regiões produtoras de mamona no Brasil, porém não é de grande importância econômica; entretanto, nos Estados Unidos e na Índia tem ocasionado perdas de até 85% na produção. Os sintomas da mancha-de-alternária nas folhas são lesões foliares de coloração parda, de formato irregular, podendo formar anéis concêntricos que podem coalescer com a evolução da doença e, em casos mais severos, causar a desfolha das plantas; os frutos afetados tornam-se marrom-escuro e podem murchar, havendo necrose do pedicelo e má formação da semente, podendo também causar tombamento de plântulas. A doença é mais severa em condições de temperatura e umidade elevadas, em que ocorre intensa esporulação do patógeno sobre os tecidos do hospedeiro. O agente causal da mancha-de-alternária pode ser disperso no campo de cultivo por meio do vento, da chuva e de sementes contaminadas. # Pragas - Percevejo-Verde (Nezara viridula) Esse percevejo na fase de ninfa possui cor escura, com manchas vermelha alaranjadas e habitualmente aparecem aglomeradas sobre as plantas. Ao emergirem encontram-se gregárias, tornando-se pretas, com manchas brancas no abdômen. O tórax é verde e o abdômen é preto com mancha branca (quarto ínstar); tórax e abdômen verdes com manchas circulares brancas (quinto ínstar). Os adultos apresentam coloração verde, às vezes escura, no dorso; a face ventral é de coloração verde-clara, o ciclo biológico é de 30 dias, distribuídos da seguinte maneira: o período de pré-oviposição é de 10 dias; a oviposição dura 5 dias; o período ninfal, 25 dias e a longevidade de 33 dias. Aos 46 dias, aproximadamente, tornam-se adultos. São insetos que, após atingirem a forma adulta, com tamanho entre 12 e 15 mm, sobrevivem até 60 dias, se as condições ambientais forem adequadas. Tanto os adultos quanto as formas jovens vivem em colônias, isto é, têm hábito gregário sobre as plantas atacadas, alimentam-se de seiva, introduzindo seu aparelho bucal (estilete) nos tecidos das folhas e frutos, podendo provocar a murcha e o secamento com o seu conseqüente chochamento. Em infestações severas, os cachos da mamoneira podem ficar totalmente secos. - Cigarrinha (Agallia sp. e Empoasca sp.) São insetos pequenos (5 a 9 mm) e bastante ágeis, que sugam as folhas da mamoneira; as formas jovens têm habito de se locomoverem lateralmente. Os insetos sugam a seiva das folhas; quando o ataque é intenso as folhas apresentam manchas inicialmente cloróticas que, com evolução, podem ficar necrosadas, secarem e se tornarem quebradiças. - Lagarta-Rosca (Agrotis ipsilon) Os adultos são mariposas com 35 mm de envergadura, cujas asas anteriores são marrons com algumas manchas pretas, e as posteriores, semitransparentes. Esse inseto apresenta grande capacidade de postura, sendo que as fêmeas colocam em média mil ovos. Os ovos, de coloração branca, são colocados nas folhas. As lagartas apresentam coloração pardo-acinzentada-escura, podendo atingir 45 mm no seu máximo desenvolvimento. Essas lagartas têm hábitos noturnos, e durante o dia ficam enroladas, abrigadas no solo. Esse hábito de se enrolar é que deu origem ao nome vulgar "lagarta-rosca". A duração da fase larval é de 30 dias em média, findos os quais a lagarta se transforma em pupa no solo, permanecendo nesse estágio por 15 dias, quando emerge o adulto. As lagartas cortam as plantas rente ao solo. Cada uma pode destruir até quatro plantas com 10 cm de altura. Quando ocorrem grandes infestações, as raízes também podem ser danificadas. - Lagartas-das-Folhas (Thalesa citrina; Spodoptera cosmioides; Rothschildia jacobaeae) Thalesa citrina: é conhecida como "borboleta-amarela-da-mamona". São mariposas pequenas, que medem aproximadamente 30 mm de envergadura, de coloração amarela, sendo a asa posterior branca. Suas lagartas atacam as folhas da mamoneira, sendo também de coloração amarela e peludas. Spodoptera cosmioides: são mariposas pequenas que medem aproximadamente 40 mm de envergadura, de coloração parda com desenhos brancos nas asas anteriores e asas posteriores brancas, nas fêmeas. Os machos apresentam as asas anteriores amareladas com desenhos escuros, e as asas posteriores brancas. Suas lagartas atingem 40 mm de comprimento quando bem desenvolvidas, tendo coloração parda, com manchas pretas no dorso. Transformam-se em pupas no solo. Rothschildia jacobaeae: são mariposas grandes, de coloração vermelha-escura, com desenhos e manchas brancas nas asas. Medem aproximadamente 110 mm de envergadura. Suas lagartas também são grandes e, após se alimentarem das folhas, transformam-se em pupas, que são protegidas por casulos brancosacinzentados, em forma de cachos. Ataques severos provocam a destruição completa das folhas chegando, às vezes, a ocasionar o total desfolhamento da planta. - Lagarta-do-Solo (Elasmopalpus lignosellus) São lagartas esverdeadas, com estrias pardacentas, que vivem no solo e no interior das plantas. São muito ativas e inicialmente alimentam-se das folhas para, em seguida, localizar-se na parte inferior do colmo rente ao solo, nas canas novas. Constroem galerias no solo, mistas de terra e teia, que se comunicam com o exterior. A transformação em crisálidas ocorre no solo, próximo da planta, em casulo de seda e terra. Essas lagartas se caracterizam por se enroscarem e saltarem, quando molestadas. O inseto adulto é uma pequena mariposa cinza-amarelada que mede 20 mm de envergadura. Os insetos cortam as plantas jovens na região do coleto, proporcionando redução de estande. - Ácaro-Rajado (Tetranychus urticae) Este inseto é muito pequeno, de coloração esverdeada, com uma mancha mais escura em cada lado do dorso; as fêmeas possuem o corpo ovalado, enquanto os machos são menores e possuem as pernas mais longas em relação ao corpo das fêmeas; as colônias são cobertas com grandes quantidades de teias, onde são postos os ovos (esféricos e amarelados) na parte inferior das folhas. Temperaturas elevadas e baixas precipitações favorecem o aumento populacional. Este ácaro apresenta preferência pela região intermediária ou mediana da planta. Os ácaros atacam a face inferior das folhas, deixando-as inicialmente amareladas e depois necrosadas. - Ácaro-Vermelho (Tetranychus ludeni) É uma praga muito pequena, de coloração vermelha intensa. As fêmeas têm corpo ovalado, os machos são menores de forma afilada e com pernas mais longas em relação ao corpo das fêmeas. Os ovos (arredondados e vermelhos) são depositados na face ventral das folhas, onde formam colônias que as recobrem com muita teia. Altas temperaturas e baixas precipitações propiciam o aumento da população desta praga. Ficam alojados na face inferior das folhas e sugam a seiva das células, causando o amarelecimento e podendo provocar sua queda. # Controle de plantas daninhas A mamoneira é bastante sensível à competição causada pelas plantas daninhas, ocorrendo perdas significativas de produtividade em caso de controle inadequado. É uma planta de crescimento lento, em contraste com a maioria das plantas daninhas. Além deste aspecto, deve-se considerar a arquitetura da planta, com distribuição superficial das raízes, baixo índice foliar, baixo nível populacional e modalidades de arranjo de plantas que deixam a mamona mais vulnerável à competição das plantas daninhas e à ação danosa dos indispensáveis cultivos mecânicos. Na fase inicial, uma plântula não altera o estabelecimento da outra. O efeito de uma planta sobre a outra se inicia quando a demanda por um ou mais fatores de crescimento é maior que o suprimento. Aí se inicia o processo de competição e a interferência entre indivíduos dentro de uma população pelos recursos naturais, tais como água, nutrientes e espaço. O período critico de competição se estabelece nos primeiros 60 dias após a emergência das plantas. O controle das plantas daninhas poderá ser feito através dos métodos mecânico e químico. O método mecânico é realizado manualmente (enxadas) ou com cultivador à tração animal ou tratorizado e o químico através de herbicidas. No método mecânico manual, pode-se proceder a três ou quatro carpas por ciclo da cultura, o que representa 10 a 15 dias homem/ha. O importante no uso deste método é a profundidade de operação, que deverá ser o mais superficial possível, no máximo até 3 cm, para não danificar as raízes laterais da mamoneira. Para se ter uma boa limpeza superficial recomenda-se iniciar esta operação logo após a emergência das plantas daninhas, pois neste estágio elas são mais susceptíveis à ação física, por não terem sistema radicular definitivo e, conseqüentemente, não precisando aprofundar tal operação. O uso de enxada é seguramente o método de controle de plantas daninhas menos prejudicial, proporcionando os mais elevados rendimentos na cultura da mamoneira. Recomenda-se o uso de cultivadores à tração animal em lavoura com área de até 50 hectares. Para culturas com áreas superiores a 50 ha recomenda-se o uso de cultivadores. Recomenda-se, também, aproximar terra ao pé da planta da mamoneira, por ocasião do segundo cultivo, a ser realizado após o desbaste. Com relação ao método químico, vários herbicidas são utilizados no controle das plantas daninhas na cultura, tais como diuron, eptc, propachlor, simazina, trifluralin, sethoxydin e haloxyfop R methyl; no entanto, é importante ressaltar que somente o herbicida trifluralin possui registro no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para o uso na cultura da mamona. # Colheita A colheita representa uma operação extremamente importante na cultura da mamona, pois dela depende em grande parte o valor do produto. Um atraso na colheita de frutos deiscentes resulta em perdas substanciais, uma vez que as sementes caem no solo, se estragam e são de difícil recuperação. Observa-se que a mamona colhida muito verde pesa pouco, produz menor quantidade de óleo e é de qualidade inferior. É importante determinar o estádio de maturação em que a mamona deve ser colhida. No campo, a melhor maneira é observar os cachos; quando estiverem com 2/3 maduros a colheita deve ser iniciada. Para cultivares com alto grau de deiscência, a colheita deve ser iniciada quando na maioria das plantas os cachos estiverem com 1/3 dos frutos da base maduros ou secos. Os outros 2/3 ainda verdes completarão a secagem no terreiro ou em secadores. Normalmente são necessários quatro a dez repasses de colheita durante o ciclo de maturação da cultura. Nas cultivares de frutos indeiscentes faz-se apenas uma colheita quando os cachos atingem o ponto de maturidade total e estão completamente secos; entretanto, em anos muito chuvosos e que favorecem a incidência de mofo-cinzento e apodrecimento dos pedúnculos, é conveniente realizar-se mais de uma colheita, pois apesar dos frutos não abrirem eles se desprendem dos cachos. Pequenos produtores, com 5 a 7 hectares de cultura, acham vantajoso o fator deiscência, pois realizam até 12 colheitas. O produto é trabalhado parceladamente e entregue ao comércio quase que semanalmente, atendendo as condições de mão de obra existente. Na colheita manual podem ser utilizadas facas ou tesouras apropriadas. Após o corte processa-se o desprendimento dos frutos dos cachos, que pode ser realizado nos balaios, com ajuda de um pente rústico constituído por pregos em espaçamento de 2,5 cm, numa ripa de madeira que é fixada nas bordas do balaio ou outro equipamento de coleta. Esta prática é conhecida como "despinicar” ou “despencar"; é bastante interessante pois diminui grandemente o volume do produto colhido, levando à secagem apenas os frutos. Um homem é capaz de colher até 750 kg de frutos por dia de serviço de oito horas. Nos últimos cachos o rendimento de colheita diminui, caindo para 200 kg por dia, pois os mesmos são menores, espinhentos e se localizam nas partes mais elevadas. Para a colheita mecânica as cultivares devem ser de porte anão ou médio, produzir frutos tipo indeiscente e perder as folhas na época da colheita. # Secagem Os frutos, após a colheita e desprendimento dos cachos, devem ser levados imediatamente à secagem, que pode ser realizada artificialmente através de secadores ou de forma natural com exposição do produto colhido ao sol, em terreiros de tijolos, cimento, lona ou de terra batida. A forma mais comum de secagem tem sido a natural. Os frutos são espalhados diariamente em camadas finas de mais ou menos 5 cm de altura e revolvidos várias vezes ao dia, por intermédio de rodos. À medida que se completa a secagem aumenta-se a espessura das camadas. Para evitar que a umidade da noite interfira na secagem se deve amontoar as camadas no final da tarde e cobri-las com lona. O mesmo procedimento deve ser realizado caso haja ameaça de chuva. Dependendo das condições climáticas de cada região a secagem pode ser completada de 3 a 10 dias. Os frutos deiscentes, à medida que vão secando, abrem-se liberando a semente. Em se tratando de frutos indeiscentes é recomendável deixá-los em montes de 1 metro de altura para que sofram uma ligeira fermentação para amolecer as cápsulas, facilitando a liberação da semente. Em lavouras maiores de 100 hectares os secadores mecânicos são praticamente indispensáveis. A mamona colhida com alto grau de umidade deve permanecer nos secadores até atingir de 10% a 13% de umidade. A temperatura de seca não dever ser superior a 50 graus centígrados, sendo a secagem feita gradativamente com várias passagens, elevando 4 a 5 graus a massa por vez. De modo geral, necessita-se de cerca de 100 m de terreiro para cada tonelada de frutos. A relação de sementes/fruto depois de seco é de 50% a 60%. A relação peso de fruto colhido e fruto seco é de 50%. Em qualquer um dos sistemas de secagem os frutos deverão ficar com teores de umidade em torno de 10%, faixa em que ocorre maior deiscência das cápsulas. # Beneficiamento e Armazenamento Os frutos de cultivares deiscentes se abrem depois de secos e soltam os grãos. Os que não abrirem devem ser batidos com varas ou submetidos ao beneficiamento por meio de máquinas simples manuais, mecânica ou elétricas. Posteriormente, efetua-se a abanação por meio de peneiras, eliminando as cascas e pequenos galhos. Cultivares indeiscentes necessitam de operação mecânica para separar o grão e a casca. O princípio do mecanismo descascador baseia-se em dois discos, um fixo e outro giratório, que por atrito promovem a abertura das cápsulas. Estas máquinas possuem também um sistema de ar e peneiras, sendo bastante eficiente na limpeza. Após o beneficiamento e limpeza os grãos deverão ser acondicionados em sacas e estas empilhadas sobre estrados em depósitos limpos, secos e arejados, em forma de lotes. Para um armazenamento seguro, considerar fundamentalmente as condições de umidade das sementes, que deve se situar na faixa de 10%. Periodicamente, fazer a inspeção nos lotes a fim de verificar anormalidades como excesso de umidade, emboloramento, temperatura, ataque de insetos e roedores. # Comercialização A comercialização é um passo importante para o ricinocultor. Antes da decisão de plantar, deve se determinar os compradores no mercado e ter protocolo de intenções para compra da produção, observando-se os preços estabelecidos. Fonte: Indicações Técnicas para a Cultura da Mamona Editores: André Luiz Melhorança e Luiz Alberto Staut.
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