Temos assistido nas últimas décadas a propagação de um falso discurso acerca da incompatibilidade entre o agronegócio e meio ambiente. Indiferente a matizes políticos, todos os espectros políticos demonizam essa relação com argumentos uteis à sua forma de ver o mundo tornando evidente a falsa preocupação ambiental em certos grupos e a miopia ambiental entre outros grupos. Nesse texto irei demonstrar os erros crassos de duas falácias estabelecidas por ambos os grupos mencionados.
A primeira grande mentira estabelecida é que o agronegócio brasileiro é o grande vilão ambiental de nosso país. Já disse em outros momentos a enorme mentira em relação a isso, pois o Brasil está entre as nações com os mais rígidos padrões de legislação ambiental do planeta. Se considerarmos apenas o Código Florestal vigente a reserva de área para preservação inicia em 20% da propriedade podendo ultrapassar os 80% da propriedade em determinados biomas.
Na prática temos a utilização de apenas 33,2% da área do país para o agronegócio ou, em outras palavras, temos 66.8% da área preservada. Assim sendo, temos o maior índice do planeta em relação a preservação ambiental. Apesar disso, o país é constantemente atacado por diversos atores, internos ou internacionais, pela não observância das normas ambientais.
Infelizmente, existe em nosso país uma cultura de garantir maior destaque a criminosos ambientais do que ao real produtor rural que não apenas respeita as regras ambientais, mas também depende do equilíbrio e saúde das terras onde produz. Mesmo a pecuária, tão acusada de queimadas em bioma amazônico, ela depende do máximo cuidado com a terra onde o gado irá se alimentar, pois qualquer modificação bioquímica no solo pode trazer severos efeitos nos animais.
Em síntese, o produtor rural não apenas não agride o meio ambiente, mas também depende de forma direta da sustentabilidade ambiental, pois mais que qualquer um, qualquer causa que provoque danos ambientais o traz enormes prejuízos. Esse tipo de falácia só pode ser explicada por ignorância dos fatos, privilegiar certos setores ou política barata. Organizações internacionais podem ter o ânimo de proteger os interesses de seus países de origem, pois diferente do Brasil, essa organizações não jogam contra seus próprios países.
A segunda grande mentira estabelecida é o fato de que a preservação do meio ambiente se constitui apenas em uma externalidade negativa para o agronegócio. Para a economia externalidades são os efeitos colaterais de uma decisão sobre aqueles que não participaram dela. Em outras palavras, são todos efeitos causados a terceiros provocados por uma decisão de um agente externo. São negativas quando seus efeitos provocam um custo ou redução de produção de uma determinada indústria. Irá ser positiva, em sentido contrário, ocorre quando a ação de um indivíduo beneficia pessoas que não participaram diretamente dessa troca.
Infelizmente, os dois grupos opositores consideram uma externalidade negativa, pois enquanto os “ditos” protetores do meio ambiente afirmam que o agronegócio apenas impacta o meio ambiente, um grande número de defensores do agronegócio visualiza a preservação ambiental apenas como gerador de custos para o produtor rural. Como na maior parte das vezes os extremos estão errados. Talvez, há algumas décadas, a preservação ambiental se constituísse unicamente em uma externalidade negativa, todavia na atualidade nada está mais distante dos fatos.
Hoje temos as mais diversas possibilidades de garantir um aumento de rentabilidade da propriedade rural utilizando suas áreas de preservação obrigatória. Existe desde as formas mais óbvias como o turismo rural até as mais complexas como desenvolver projetos de sumidouro de carbono para posterior venda de créditos de carbono. Além disso, existe a possibilidade de pagamento por serviços ambientais.
Em resumo, são diversas as possibilidades de se preservar o meio ambiente e ter uma boa rentabilidade com isso. Dessa maneira fica evidente que não há qualquer incompatibilidade entre a preservação ambiental e o agronegócio. O que temos de sobra no Brasil são dois grupos opostos que terminam por chegar ao mesmo resultado: provocar uma redução de área preservada e garantir que o produtor rural não veja novas possibilidades de renda em sua propriedade.
De um lado temos ambientalistas e certos setores da esquerda que abomina a possibilidade de a preservação ambiental ser tratada pelo livre mercado, termo esse que lhes provoca pânico, e, por outro lado temos certos setores da direita que possuem uma enorme miopia em relação as enormes possibilidades abertas pela economia ambiental, em especial para o setor do agronegócio, e, que termina por provocar redução da riqueza possível para os produtores rurais.
Portanto, é fundamental que os produtores rurais passem a compreender a realidade dos fatos e as enormes possibilidades de aumento de sua rentabilidade ao explorar economicamente suas áreas de preservação obrigatórios fazendo com que deixem de ser um passivo, mas passem a ser fonte de uma renda permanente em sua propriedade.
O livre mercado sempre teve vocação para resolver problemas, buscar soluções. Não devemos nos prender a preconceitos de ideologias que nos deixem imobilizados, mas sim deixar claro que podemos localizar novas possibilidades para antigos problemas, e, dessa forma garantir a melhora das condições para todos envolvidos, produtores, comerciantes e consumidores. E, jamais esquecer, só alcançamos a sustentabilidade quando a atingimos em nível ambiental, econômico e social. Se abrirmos mão da sustentabilidade ambiental não há como atingirmos qualquer ideal de sustentabilidade. O resto é retórica barata.