Cresce também entre os brasileiros a preocupação com a qualidade dos alimentos que consome; no Primeiro Mundo, isto ocorreu antes. Segundo pesquisa realizada pela Euromonitor, o Brasil já é o 4º consumidor mundial de alimentos orgânicos, cujo mercado fatura cerca de U$ 0,8 bilhões por ano, ante U$ 97 bilhões no resto do mundo. É um mercado promissor para os interessados em produzir alimentos diferenciados para os cidadãos que se importam mais com a sua saúde e a do ambiente do que com o preço do produto, embora não seja uma regra que o produto orgânico seja sempre mais caro.
O aumento da renda per capita dos cidadãos, mundo afora, é um fator preponderante no crescimento da demanda por produtos mais saudáveis - orgânicos em especial. A pandemia de COVID-19 também aguçou o interesse por esse tipo de alimento, embora ela tenha inibido a realização de feiras livres, principal meio de comercialização desses produtos por parte de pequenos produtores. As feiras foram parcialmente substituídas pela internet, via entregas em domicílio (delivery), mas nem todos os produtores orgânicos têm domínio dessa ferramenta.
Os agricultores familiares são maioria no Brasil, mas representam apenas uma parte da produção total de alimentos orgânicos do país, com destaque para os hortifrútis. Estima-se que 70% da população humana está restringindo ou abandonando o consumo de carne e priorizando outros alimentos, como os vegetais. Os vegetarianos e os veganos, grupos em franco crescimento no Brasil, constituem um mercado promissor para esses produtos.
Segundo a Associação de Promoção da Produção Orgânica e Sustentável (Organis), no primeiro semestre de 2020 a venda de produtos orgânicos teve crescimento de mais de 50% no Brasil. Também em 2020, a Jasmine Alimentos, líder nacional no segmento de alimentos saudáveis teve crescimento de 71% na venda de produtos orgânicos para as grandes redes de distribuição, refletindo uma tendência de mudança no comportamento do consumidor brasileiro e podendo indicar que estamos diante de uma onda de consumo desses alimentos.
Segundo dados divulgados pela Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário (SEAD), a produção orgânica nacional vem crescendo mais de 20% ao ano. No entanto, esse crescimento é inferior à demanda nacional, visto que 70% da nossa produção orgânica é exportada para a Europa, com destaque para Suíça, Dinamarca e Suécia com açúcar, castanhas, frutas e seus derivados.
O Governo brasileiro vem estimulando a produção nacional, oferecendo incentivos para que esse mercado cresça e tenha condições de atender plenamente a demanda interna e também as exportações. Por enquanto, segundo a Organis, apenas 15% dos brasileiros consomem esses produtos e seu consumo está bastante restrito às classes mais abastadas e esclarecidas da população, dado que seu preço é mais elevado. Entretanto, já existem muitas iniciativas de comercialização direta do produtor para o consumidor, o que normalmente resulta em preços semelhantes aos de produtos não orgânicos.
Conforme projeções da empresa de pesquisas BCC Research, o mercado global de alimentos e bebidas orgânicos deve crescer 11,5% até 2024, constituindo um mercado de 211,3 bilhões de dólares.
O Brasil está se consolidando como um grande produtor e exportador de alimentos orgânicos. Segundo Cobi Cruz, Diretor da Organis (08/02/2021), o segmento de orgânicos no Brasil movimentou 5,8 bilhões de Reais em 2020, 30% superior a 2019. O número de unidades produtoras cadastradas no Ministério da Agricultura também cresceu em 2020; agora totalizam 22,4 mil, com sinais de crescimento, dado o aumento da demanda. No mundo, as unidades produtoras de orgânicos somam 3 milhões, ocupando 70 milhões de hectares, com a liderança de Estados Unidos, Alemanha, França e China. O Brasil lidera a produção na América Latina.
Produção de alimentos orgânicos, mais uma oportunidade de mercado para os agricultores brasileiros.
NOTA: este texto contou com a colaboração de Claudine Dinali Seixas