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Guerra Comercial EUA-China: Oportunidade para o Agronegócio



Vinícius André de Oliveira
A intensificação da guerra comercial entre Estados Unidos e China, impulsionada por políticas protecionistas do governo americano, tem gerado impactos significativos no comércio global. Para o Brasil, esse cenário representa uma oportunidade estratégica para o agronegócio nacional, especialmente no que tange às exportações de commodities agrícolas.
Em 2024, o agronegócio brasileiro movimentou US$ 152,63 bilhões em exportações, correspondendo a 48,9% do total das exportações do país. Desse montante, a China foi responsável por 32% do faturamento total, consolidando-se como o principal destino das exportações agrícolas brasileiras.
Durante o primeiro mandato de Donald Trump, em 2018, os EUA impuseram tarifas de 25% sobre US$ 50 bilhões em produtos chineses. Em retaliação, a China aplicou tarifas sobre produtos agrícolas americanos, como a soja, abrindo espaço para o Brasil aumentar suas exportações para o mercado chinês. Naquele ano, as exportações brasileiras de soja para a China cresceram 35%, atingindo volumes recordes de 83 milhões de toneladas. Atualmente, com a imposição de tarifas adicionais pelos EUA sobre produtos chineses, a China tem buscado diversificar seus fornecedores, favorecendo novamente o Brasil. Analistas apontam que a demanda chinesa por grãos e proteínas do Brasil deve crescer ainda mais, impactando positivamente os preços internos.
O Brasil, maior exportador global de soja, carne bovina, frango e algodão, já havia conquistado fatias importantes do mercado chinês durante a primeira guerra comercial entre os EUA e a China. Com a nova rodada de tarifas, empresas do setor, como SLC Agrícola e BrasilAgro, podem se beneficiar desse cenário, assim como frigoríficos exportadores como JBS e BRF.
Além disso, a expectativa é de que o Brasil colha uma safra recorde de soja em 2024/25, ultrapassando 170 milhões de toneladas, com exportações superando 100 milhões de toneladas. As indústrias de carne bovina, frango e suína também projetam volumes históricos de produção e embarques.
Apesar das oportunidades, é importante considerar os desafios que acompanham esse cenário. A menor oferta interna pode pressionar o custo dos grãos para a ração animal, refletindo no preço das proteínas no mercado doméstico. Em 2018 e 2019, um movimento semelhante de aumento nas exportações elevou os preços ao consumidor, cenário que pode se repetir com a atual disputa comercial.
Além disso, a dependência de Pequim em relação às importações dos EUA diminuiu desde a primeira guerra comercial, pois a China expandiu as importações do Brasil e reforçou suas reservas estatais de soja, além de ajustar as rações de alimentação do gado para depender menos da soja importada.
A guerra comercial entre Estados Unidos e China, embora represente um desafio para o comércio global, oferece ao Brasil uma oportunidade de consolidar sua posição como fornecedor estratégico de commodities agrícolas para o mercado chinês. Com uma produção robusta e capacidade de atender à demanda crescente, o agronegócio brasileiro pode se beneficiar significativamente desse cenário, desde que sejam adotadas estratégias para mitigar os impactos internos e garantir a sustentabilidade do setor a longo prazo.
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