O uso de fungicidas na parte aérea de trigo é consagrado e eficiente para controle de oídio, ferrugem-da-folha e manchas foliares. Para giberela a eficácia depende da combinação de elementos climáticos, sendo difícil garantir a proteção de plantas sob condições adversas.
Tratamento de sementes de trigo
O tratamento de sementes de trigo com fungicidas ainda gera polêmica. Porém, sementes sadias com boa germinação e plântulas com crescimento vigoroso e sem patógenos são importantes para garantir potencial elevado de rendimento.
O uso de fungicidas no tratamento de sementes pode garantir o controle de patógenos presentes na semente, garantir a germinação de plântulas sadias e proteger contra o desenvolvimento de alguns patógenos durante o desenvolvimento da planta. É importante em lavouras com elevado potencial de rendimento, em áreas com rotação de culturas que objetivaram o manejo de doenças de plantas e em sementes infectadas com patógenos.
A análise da sanidade da semente é a base para a adoção de práticas de controle e escolha de fungicidas.
Recomendação da pesquisa
A Comissão Sul-brasileira de Pesquisa de Trigo recomenda fungicidas para o tratamento de sementes.
A escolha do produto deve ser planejada com base na suscetibiliddade da cultivar a oídio. Para as suscetíveis, o tratamento básico deve ser com triadimenol ou difenoconazole. Para as resistentes ao oídio a mistura dos fungicidas iprodione + triticonazole ou thiram + carboxim são alternativas eficazes de proteção de sementes.
Semente de trigo em 2001
A semente disponível para semeadura em 2001 apresenta elevado índice de infecção com Fusarium graminearum, em função da elevada incidência de giberela na colheita do ano de 2000. A análise de amostras de sementes fiscalizadas resultou em mais de 60 % infectadas com o patógeno. Os fungos Fusarium graminearum e Bipolaris sorokiniana são os agentes causadores da podridão-radicular do trigo.
Resultados de experimentos indicam que os fungicidas carbendazim (Derosal), benomil (Benlate) e tiabendazole (Tecto) são os únicos eficientes para limpar a semente contra Fusarium. O carbendazim teria o efeito de acelerar a germinação e o crescimento inicial de plântulas. Mesmo não sendo recomendados pela pesquisa, sugere-se adicionar 30 g de i.a./100 kg de sementes produzidas na safra 2000, com alta infestação de giberela.
Alguns pesquisadores sugerem que as resultados positivos no controle de Fusarium constatadas em laboratório são diferentes dos obtidos com a semeadura no solo sob condições de lavoura.
Os fungicidas benzamidazóis (benomil, carbendazim e tiabendazole) não devem ser usados sozinhos por serem ineficientes no controle de outros patógenos de sementes.
Comentários complementares
Os fungicidas guazatina (Panoctine 250 PS) e flutriafol (Vincit 2,5 DS) praticamente não estão disponíveis no mercado.
Para alguns pesquisadores o fungicida thiram (Rhodiauran 700 e outros) agrega pouco no controle de patógenos de sementes de trigo. Outros destacam que o thiram é o fungicida padrão, o mais usado e mais eficiente em soja, podendo ser usado em cereais de inverno.
A mistura thiram + carboxim (Vitavax) é eficiente para patógenos de sementes de trigo com exceção de Bipolaris.
O fungicida Tegram (tiabendazole + thiram) é outra alternativa para uso em semente de trigo na dose de 200 ml/100 kg semente.
O fungicida Baitan (triadimenol) atrasa a germinação, encurta o hipocótilo (parte entre a semente e a coroa da plântula) e algumas vezes reduz a população de plantas. Isso nem sempre corresponde à redução no potencial de germinação ou no rendimento de grãos. É o produto mais eficiente para controle de oídio.
O fungicida Folicur (tebuconazole) não é recomendado para o tratamento de sementes, mas adotado por alguns agricultores. Não há informação de pesquisa que suporte o uso desse fungicida na proteção de sementes contra fungos.
Dose por 100 kg ou por hectare
A dosagem de produtos fitossanitários é tradicionalmente adotada para 100 kg de sementes, independente do volume ou do número de grãos. Na lavoura se recomenda determinada população de sementes e de plantas (trigo 330 sementes/m2).
O tamanho da semente determina o volume semeado. As sementes menores têm maior área de superfície e menor volume, exigindo dose maior de produto fitossanitário para proteção. Sementes de tamanho maior necessitam de menor quantidade de fungicida para cobrir a superfície. Portanto a dose de produtos fitossanitários deve ser por unidade de área (hectare) e não por peso de semente (100 kg) tomando como base 130 kg de sementes por hectare. Alguns agricultores reduzem a dose de fungicida e de semente para baixar custos, podendo comprometer a população de plantas e a eficácia de tratamento.