De acordo com estimativas da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), em 2018 o campo promete nova super safra, talvez um pouco menor do que aquela de 2017, quando as condições climáticas foram excepcionais e a produção de grãos alcançou a estratosférica marca de 238 milhões de toneladas (Mt), 51 Mt superior aos 187 Mt da safra anterior. Embora a expectativa não seja repetir a excelente produção da safra 2016/17, seu resultado não deverá ser muito inferior. No último levantamento da Conab (junho de 2018), a safra 2017/18 foi estimada em, aproximadamente, 232 Mt, valor 3,5% menor. Contudo, ainda falta colher o milho safrinha e outras culturas de inverno, fechando 2018 muito próxima dessa estimativa.
A possível queda da produção nacional de grãos será liderada pelo milho 1ª safra, o qual teria sua produção reduzida de 30 Mt para 26 Mt, produzidos em 5,06 Mha, consequência do tempo seco e frio nos meses de setembro e outubro na região sul e pelo milho 2ª safra, que poderá ter sua área reduzida em razão do atraso na semeadura e na colheita da soja, favorecendo o plantio de mais algodão. A queda na produção do milho safrinha será, também, consequência de produtividade menor pelo plantio fora da sua melhor janela (Fevereiro). Segundo as previsões da Conab, a estimativa de queda seria de 6% relativamente à safra anterior (97,8 Mt para 92,2 Mt).
Um aspecto relevante na produção nacional de grãos é que houve uma queda expressiva da área cultivada com o milho 1ª safra (10,2 Mha na média do período 1992/00 para 5,06 Mha atuais), cuja área salva foi majoritariamente incorporada no cultivo da soja. A maior área cultivada com milho passou a ser o da 2ª safra, cujo cultivo começou com modestos 146 mil ha na safra 1979/80 e alcançou os 12,1 Mha na safra 2016/17.
Segundo o último levantamento da Conab, a produção de soja desencantou, superando as melhores expectativas e está estimada em 118 Mt, apesar da produtividade ser levemente inferior à da safra passada, mas em área 2,5% maior (aumento de 0,9 Mha).
É racional a inquietação de muitos produtores de soja sobre a possibilidade de formação de estoques gigantes e queda acentuada nos preços de mercado, como resultado das contínuas supersafras ocorridas nos EUA e no Brasil (os dois principais produtores mundiais), no transcurso dos últimos quatro anos.
O preço de mercado da soja sofreu queda em anos recentes, relativamente ao período 2008/2012, mas não o tanto quanto se poderia esperar pelo volume produzido. Isto deve-se, principalmente, ao aumento da demanda, a qual cresceu em paralelo com a produção, como resposta ao aumento da renda per capita da população, levando o cidadão a comer menos grãos e mais proteína animal (carnes, ovos e leite) cuja principal matéria prima proteica é a soja.
Além da renda per capita maior, também cresceu a população e os idosos estão tendo vida mais longa, dando continuidade ao consumo e contribuindo para a manutenção dos preços em níveis razoáveis.