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Manejo de plantas daninhas eficiente exige bom planejamento: Veja 6 dicas para isso



Henrique Fabrício Placido

Henrique Fabrício Placido é engenheiro agrônomo (UFPR), mestre em Fitotecnia (ESALQ/USP), especialista em Gestão de Projetos e redator da Aegro (blog Lavoura10).

Muitos produtores já tiveram a infelicidade de ter que procurar um manejo de plantas daninhas devido a uma falha de controle e não obter nenhuma resposta relevante. 

Uma das perguntas mais frequentes que temos escutado sobre manejo de plantas daninhas nos últimos tempos é: “O que é bom para controlar buva grande no meio da soja?”

O problema é que atualmente não existe herbicida no mercado que seja muito eficiente nessa situação, o máximo que conseguimos é amenizar o problema.

Por isso ressaltamos a importância de fazer um bom manejo de plantas daninhas em sua lavoura. Tendo uma visão do sistema de produção como um todo e prevendo problemas futuros.

Aqui separei as principais dicas para realizar um bom planejamento do manejo de plantas daninhas.

Dica 1: Conheça sua área e as plantas daninhas que a infestam

É muito importante que o produtor conheça exatamente quais plantas daninhas estão presentes no banco de sementes de sua área e quais os problemas que seus vizinhos vêm enfrentando. 

O momento ideal de controle de plantas daninhas é quando ainda estão jovem, pois tem melhor absorção e suas estruturas de reserva ainda não estão formadas. 

De modo geral, recomenda-se que o controle seja realizado de 2 a 3 perfilhos para gramíneas e de 2 a 4 folhas para folhas largas.

Neste período é mais difícil fazer a identificação das plantas daninhas, por isso tenha sempre em mente o histórico da área e procure informações de como diferenciá-las. Para auxiliar neste processo veja esta matéria.   

Além disso, saiba quais os problemas que estão acontecendo na região e prepare-se para novos desafios, como a invasão de uma nova planta daninha resistente na sua lavoura.

Identificação de caruru-palmeri
(Fonte: Purdue Extension)

Identificação de caruru-palmeri
(Fonte: Purdue Extension

Dica 2: Adapte sua tecnologia de aplicação de acordo com o momento da aplicação

Muitos produtores utilizam apenas um sistema de aplicação para todas as situações visando principalmente a logística da fazenda. 

Porém, é importante entender que é mais caro perder a eficiência de uma aplicação do que aumentar o volume de calda ou tocar o conjunto de bicos. 

Uma situação muito comum nesta última safra foi a ocorrência de seca, principalmente durante a entressafra. Neste momento o produtor fica dividido entre esperar condições ideais de aplicação e aplicar em plantas pequenas. 

Quando existem plantas daninhas de difícil controle na lavoura (buva, capim-amargoso e capim-pé-de-galinha), esperar condições adequadas nem sempre é uma opção, pois estas plantas fora de estádio refletem em alto custo para controle. 

Nesta situação é recomendado que o produtor faça uma aplicação inicial pelo menos para travar o crescimento destas plantas, visando controle na aplicação sequencial. 

Para tal, é importante que o produtor utilize volumes de caldas maiores (no mínimo 150 L por ha), bons adjuvantes, herbicidas sistêmicos e faça aplicações noturnas. 

Dica 3: Preste muita atenção ao padrão de seletividade do cultivo

Geralmente, temos herbicidas que controlam gramíneas no meio de culturas consideradas de folhas largas (soja, algodão, feijão etc) e herbicidas que controlam folhas largas no meio de culturas consideradas folhas estreitas (milho, trigo, sorgo etc).

Quando fugimos disso, o manejo fica muito mais difícil. Assim, precisamos de herbicidas que são metabolizados apenas pelo cultivo, matando apenas as plantas daninhas, ou até mesmo utilizando culturas resistentes aos herbicidas (devido ao melhoramento genético, como culturas RR, LL, etc.). 

Desta forma é importante que priorizemos o manejo de uma planta daninha que seja mais difícil na etapa seguinte do sistema de produção. Por exemplo, no sistema de produção soja primeira safra e milho segunda safra, com infestação de buva e capim-amargoso.

No período de entressafra, deve ser priorizado o controle de buva pois será mais difícil controlá-la na pós-emergência da soja. Porém recomenda-se que se faça pelo menos uma aplicação de graminicida para iniciar o controle do capim-amargoso. 

Aliás, o capim-amargoso deve estar totalmente controlado antes do plantio do milho, pois como o milho é uma gramínea, o amargoso será de difícil controle neste cultivo. 

Além dos problemas de controle, alguns herbicidas exibem efeitos diferentes em diferentes variedades ou híbridos de um cultivo. Por exemplo, o herbicidas nicosulfuron mesmo sendo recomendado para milho pode prejudicar muito alguns híbridos comercializados. 

No caso da soja o herbicida sulfentrazone também exibe bastante variação na seletividade das variedades atualmente comercializadas. 

Por isso antes de aplicar um herbicida diferente em sua lavoura ou quando trocar de variedade, consulte o responsável técnico pelo produto e veja se o herbicida não afetará a variedade.

Fitotoxidade de nicosulfuron em milho
(Fonte: Karam)

Fitotoxidade de nicosulfuron em milho
(Fonte: Karam)

Dica 4: Use herbicidas pré-emergentes, mais tenha cuidado com o período residual 

Atualmente uma das grandes apostas no manejo de plantas daninhas resistentes é o uso de herbicidas residuais, principalmente no período de entressafra. 

Porém para que esta técnica seja realmente eficaz é muito importante que o produtor esteja com o pulverizador calibrado e respeite o período residual do herbicidas utilizado. 

Levando em consideração inclusive a segunda cultura a ser implantada após aplicação. 

Por exemplo, o herbicida imazaquin pode ser utilizado em pré-emergência da soja para controle de plantas daninhas de difícil controle como Trapoeraba e Leiteiro, porém possui um período residual de 300 dias até o plantio de milho. 

O que  já inviabilizaria o plantio do milho safrinha! Por isso cuidado!

Dica 5: Tenha muito cuidado com misturas em tanque

Realizar a mistura de produtos fitossanitários no tanque é uma prática muito comum em nosso país, visando diminuir custos de aplicação.

Porém muitos produtos podem ser incompatíveis e prejudicar a eficiência da aplicação.

Os exemplos mais comum são de misturas com dois herbicidas que um prejudica o desempenho do outro, como o herbicida 2,4 D que pode diminuir de 20 a 30% a eficiência de graminicidas (clethodim e haloxyfop).

 Desta forma se for utilizar os dois herbicidas é necessário aumentar a dose do graminicida em 20 a 30% do recomendado. 

Outro problema muito comum é a mistura de herbicidas com adubos foliares, neste caso os principais problemas estão relacionados ao pH da calda.  Os herbicida geralmente necessitam de pH baixos próximo a 5 enquanto muitos adubos foliares necessitam de pH altos próximos a 8. 

Dica 6: Fique atento às novas tecnologias que serão lançadas

Já existem perspectivas, de nos próximos anos de novas tecnologias de resistência a herbicidas serem lançadas no mercado, que ajudarão a resolver grandes problemas da atualidade, como as tecnologias Enlist e Xtend

Porém é importante que o produtor procure informações antes de começar utilizá-las, para evitar problemas futuros e ter um controle eficiente de plantas daninhas. 

O produtor deverá ter muito cuidado com falhas na tecnologia de aplicação, que podem gerar grandes prejuízos a produtores vizinhos por problemas de deriva.

Deriva de dicamba em uva
(Fonte: Wolfe)

Deriva de dicamba em uva
(Fonte: Wolfe)

Conclusão

Neste artigo percebemos a importância do planejamento do manejo de plantas daninhas para evitar grandes problemas e aumento de custos. 

Vimos as principais dicas de quais informações precisamos obter para melhorar a recomendação de herbicidas. 

Entendendo a importância de ter saber o histórico infestação da lavoura, como é a seletividade dos herbicidas que serão aplicados aos cultivos, seu período residual momento e se poderá ser misturado a outros fitossanitários.

Além disso, ressaltamos que conforme o momento do sistema produtivo o controle de algumas plantas daninhas deve ser priorizado. 

Com essas informações espero que possa fazer um ótimo planejamento do manejo de plantas daninhas.

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