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Emprego e produtividade



Argemiro Luís Brum

Quando se fala de melhoria na geração de empregos no Brasil, caso dos números relativos a janeiro/24, necessário se faz perguntar: de que tipo de emprego se está falando? É positivo que o país venha gerando mais empregos nos últimos meses. No trimestre encerrado em janeiro, o país gerou 180.395 empregos, chegando a um acumulado em 12 meses de 1,56 milhão de novos empregos. Com isso, a taxa de desemprego recua para 7,6%. Como já alertamos em comentário anterior, o problema se coloca na qualidade dos empregos gerados. Ainda temos quase 40% dos trabalhadores na informalidade, e os que estão empregados ganham um salário médio muito baixo (o salário médio de quem conseguiu emprego formal no país, em janeiro, ficou em R$ 2.118,32, por exemplo, ou seja, um salário mínimo e meio). Além de tudo isso, há o histórico gargalo estrutural. Por falta de qualificação e formação suficiente, o trabalhador brasileiro possui baixa produtividade. Recente estudo publicado pelo Institute for Management Development (IMD), da Escola de Educação Executiva da Suíça, coloca o Brasil em 61º lugar em produtividade da força de trabalho, de um total de 64 países analisados. Apenas em 2022 nossa produtividade caiu 4,5% e nos últimos 40 anos a taxa média de crescimento da produtividade do trabalhador brasileiro foi de 0,6% ao ano, uma das mais baixas do mundo (cf. FGV). Entende-se produtividade do trabalho o resultado da divisão do PIB pelo número de horas trabalhadas. Ou seja, não basta diminuir o desemprego, é preciso qualificar o trabalho de forma que se faça mais em menor tempo, sem reduzir a qualidade do resultado obtido. Para tanto, somente com mão de obra qualificada. Além disso, quatro outras ações o país precisa fazer: reduzir substancialmente a informalidade; reduzir a excessiva regulação existente, a qual se transforma em burocracia excessiva; aumentar o investimento em infraestrutura; e reduzir a complexidade dos sistemas fiscais existentes.  Desdenhar esta realidade, apostando contra a educação e formação das pessoas, assim como jogar contra as reformas estruturais, é apostar na mediocridade e contra o crescimento e o desenvolvimento do país. O mais assustador nisso tudo é que há muitos brasileiros, inclusive nos governos, que, por suas ações, alimentam esse retrocesso.

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