Compartilho informações do recente Relatório de Sustentabilidade 2021 da empresa JOHN DEERE que traz com muita clareza os aspectos benéficos da colheita mecanizada de duas fileiras de cana-de-açúcar
Cultivar cana-de-açúcar no Brasil é como andar em uma corda bamba complicada de coordenação, segurança e eficiência devido à escala das operações, dos regulamentos rigorosos e do caos orquestrado de máquinas e pessoas. Para manter uma operação grande de cana-de-açúcar, nossos clientes podem ter que gerenciar mais de mil funcionários e mais de 40 mil hectares, além de mais de 20 colhedoras, 40 tratores transportando cana colhida para fora do campo e 5 ou mais caminhões de reabastecimento indo e voltando para manter as colhedoras funcionando 24 horas por dia. Além disso, embora a cana-de-açúcar como cultura seja conhecida por sua importância na indústria alimentícia, no Brasil ela é igualmente, se não mais, valiosa para a indústria de combustível renovável, à medida que o país aumenta sua atenção aos gases do efeito estufa. Com cerca de 80% da frota de automóveis do país vinculada a misturas flex fuel, mais de 50% da cana-de-açúcar é destinada para o etanol.
Quando comparada a culturas mais amplamente visíveis, como milho e soja, a cana-de-açúcar é única, pois ela cresce fora de seu próprio restolho ou talo restante, tornando-a verdadeiramente sustentável por si só. Esse crescimento renovado significa que uma planta de cana-de-açúcar pode fornecer até cinco anos de oportunidade de colheita. No entanto, se o talo for arrancado do solo, esse potencial de rendimento terá acabado, o que significa que um corte limpo da planta é fundamental. Dado o papel significativo que a colheita desempenha no sistema de produção de cana-de-açúcar, qualquer problema ao longo dessa fase têm um impacto significativo sobre os produtores. Esses desafios incluem altos custos de insumos e transporte de combustível, logística, compactação do solo e impactos no rendimento. Para solucionar esse problema, a John Deere criou a Colhedora de Cana-de-Açúcar CH950.
Lançada em 2021, a CH950 é a primeira colhedora independente de cana-de-açúcar de duas linhas produzida em massa no setor. Modelos anteriores permitiam a colheita de apenas uma linha de cana por vez devido ao peso da forragem da cultura. A produção média de cana-de-açúcar é de 80 a 100 toneladas por hectare, e uma colhedora média de uma linha opera 3 mil horas por ano a 40 toneladas por hora. Em comparação, isso significa que o volume de material processado por uma colhedora de cana-deaçúcar de uma linha por safra é seis vezes maior do que uma colhedora de milho média processa por safra. Ao adicionar a segunda linha, o volume de material que uma única colhedora de cana-de-açúcar pode processar por temporada praticamente dobra.
Ao criar a CH950 de duas linhas, os engenheiros da John Deere endereçaram o desafio de aumentar o volume com o sistema SmartClean™ e a tecnologia RowAdapt™. Essa tecnologia permite que a cana colhida pelas linhas duplas se mescle na máquina logo após o corte da planta. A colhedora então transporta a cana para cima em um eixo estreito, o que permite o controle da colheita, permitindo que o SmartClean limpe a cana de forma mais eficaz. O SmartClean gera menos perda de cana, menor consumo de combustível e redução de lixo na lavoura.
Embora quase dobrar a capacidade da colheita seja um resultado impressionante e bem-vindo, o impacto da CH950 vai muito além da produtividade.
Modelos anteriores de uma linha exigiam que uma colhedora de seis pés de largura trabalhasse em um espaçamento de linhas de cinco pés de largura. Os desafios associados a essa incompatibilidade foram vários.
"Isso criava problemas de compactação do solo à medida que os produtores percorriam os mesmos espaçamentos de linhas várias vezes e danificava os leitos de raiz e causava um corte inadequado da colheita", comenta Jesse Lopez, gerente global de negócios de cana-de-açúcar da John Deere.
A largura da máquina anterior muitas vezes fazia com que os trilhos da colhedora subissem ao longo da estrutura da raiz da planta e levantavam o talo do solo ao cortar a planta. Isso frequentemente dificultava a capacidade da planta de crescer novamente. A base mais ampla da CH950 remodelada alinha as esteiras da colhedora diretamente no centro das linhas, permitindo uma redução de 60% na compactação do solo, pois a máquina percorre apenas uma vez alguns espaçamentos entre linhas e nunca outros.
A CH950 também aumenta a probabilidade de que o ciclo de crescimento típico de cinco anos da planta possa ser estendido para sete ou até oito anos. Ao estender o ciclo de replantio, há benefícios que vão além do aumento do rendimento: há também economia nos custos de insumos, como sementes e combustível, o que reduz o impacto ambiental geral do ciclo de produção. "Há muitos benefícios", acrescenta Lopez. "Quando você olha para as economias ao longo desse ciclo típico de cinco anos, isso é realmente significativo. Adicionar mais um ano ao ciclo pode significar até 20% adicionais em custos reduzidos e um impacto positivo na sustentabilidade."
Além desses benefícios, há uma grande economia de combustível e benefícios logísticos associados à CH950. Ao quase duplicar a produtividade de cada máquina, a CH950 melhorou a eficiência de combustível em até 17%.
No Brasil, existem leis que proíbem o reabastecimento no campo após o anoitecer, uma dificuldade para os produtores de cana-De-açúcar, pois os modelos anteriores de colhedoras exigiam reabastecimento duas vezes a cada 24 horas. A CH950 resolve esse problema com o aumento da eficiência de combustível e do tamanho do tanque de combustível. Essa nova máquina pode ser reabastecida uma vez a cada 24 horas, o que significa que o desafio de planejar o último reabastecimento durante o dia é reduzido, e o número total de viagens ao campo para reabastecimento é reduzido em 25%, proporcionando uma economia significativa em emissões de gases do efeito estufa e combustível para a operação.
Esse impressionante aumento na produtividade de uma única máquina reduz o número de colhedoras necessárias para fazer o mesmo trabalho em impressionantes 50%. Para nossa operação de fazenda modelo, isso significa 11 máquinas em vez de 22. A linha extra também significa que até 27% menos tratores são necessários para mover a cana do vagão de colheita para os caminhões de transporte. Além disso, menos máquinas em campo significam uma redução de aproximadamente 35% no número de operadores.
Segundo o gerente de produtos para cana-de-açúcar, também é possível fazer mais com menos. "Vamos conseguir produzir a mesma quantidade de açúcar e a mesma quantidade de etanol com menos recursos", comemora. "Essa é a definição de sustentabilidade."
O Agro não para!
Fonte: Relatório de Sustentabilidade 2021 da John Deere.
Marco Lorenzzo Cunali Ripoli, Ph.D. é Engenheiro Agrônomo e Mestre em Máquinas Agrícolas pela ESALQ-USP e Doutor em Energia na Agricultura pela UNESP, fundador do “O Agro não Para” e proprietário da BIOENERGY Consultoria e investidor em empresas. Acesse www.marcoripoli.com