As voçorocas são velhas conhecidas dos agricultores... Essas enormes crateras abertas são fruto de um conjunto de situações: retirada da vegetação natural, solos sujeitos a erosão, declividade, mesmo que suave, uso do solo sem práticas conservacionistas e chuvas concentradas e com alto volume. Já vi voçorocas em áreas de agricultura no Vale do Paraíba (RJ e SP), algumas com mais de 50 m de profundidade e 15000 m2 de área e em Tiradentes (MG), áreas de uso agrícolas há mais de 200 anos... Mas também em áreas agricolas recentes como em Alta Floresta e Alto Taquari (MT), Marabá (PA), todas áreas abertas para uso com menos de 50 anos...
Ou seja, garanto que você já viu uma aí, pertinho de você... na sua cidade ou na cidade vizinha..
No campo, há perda de áreas para agricultura, animais despencam e acabam morrendo, assoreamento de baixadas, córregos e rios, enfim... o estrago é grande e os prejuízos também! Há quase 20 anos a Embrapa já orientava como prevení-las e recuperá-las (https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/629509/recuperacao-de-vocorocas-em-areas-rurais). O que precisa ser feito, já se sabe há muitos anos... Mas por que esse problema não é tratado como prioridade na legislação e como politica pública, é que não entendo...
Mas quando elas ocorrem em cidades, como Buriticupu (MA), Cianorte (PA), Crato (CE) ou Lupercio (SP) só para citar algumas que estão ou já estiveram na mídia, o prejuízo é maior ainda... e pode acarretar em perdas de vidas humanas... O que fazer nesses casos? Diferente da área rural, em que práticas de ordenamento da água, criação de barreiras físicas e revegetação tendem a funcionar e estabilizar o processo, nas cidades é necessário uma quebra de paradigma: Precisamos fazer a cidade absorver a água das chuvas... como uma esponja...
Coletar e usar água de chuva nas casas para molhar plantas, lavar calçadas e carros, criar lagos urbanos, arborizar as cidades, criar quintais agroflorestais, estumular hortas urbanas, transformar as calçadas de concreto em calçadas com tijolos intertravados, enfim, precisamos reduzir a área impermeável das cidades para evitar que a água escoe com velocidade nas ruas e assim reduzir seu poder erosivo. Dificil? sim, mudar hábitos é dificil. mas temos que começar.
Um forte abraço.
