mudanças de hábito alimentar e padrão de consumo dessa gente, é possível projetar crescimento da demanda mundial de soja, tendo o Brasil como protagonista e grande beneficiário. Uma das principais causas do aumento da demanda por soja está vinculada ao aumento do consumo de proteínas animais (carnes, ovos e leite) promovido pelo crescimento da economia mundial e o consequente aumento da renda per capita das pessoas, particularmente as que habitam os países em desenvolvimento, onde se concentra o maior contingente de humanos e onde o consumo de carnes per capita é menor. O volume das principais carnes produzidas no mundo (bovina, suína e aves) cresce continuamente desde meados do século passado, com maior incremento nas últimas décadas.
Sem necessidade adicional de derrubar uma só árvore de suas imensas florestas, a área cultivada com soja no Brasil poderá crescer muito ainda, utilizando reservas do bioma Cerrado ou recuperando áreas degradadas ou sub utilizadas de pastagens nativas. O Brasil domina tecnologias para produzir soja com eficiência em regiões tropicais, onde o restante do planeta é ineficiente.
Três países (Estados Unidos, Brasil e Argentina) respondem por mais de 80% da produção mundial de soja e por mais de 90% das exportações. A tendência da produção, no médio prazo, parece indicar que os Estados Unidos não disporão de áreas livres para expandir a cultura, dependendo, principalmente, de trade offs entre culturas. Trigo, algodão e girassol já cederam espaços. Outros cultivos poderão fazer o mesmo, além das poucas pastagens que ainda restam na região norte do país.
A Argentina, terceiro maior produtor mundial possui, como vantagens comparativas, a terra fértil da região pampiana e a proximidade dessa região com os canais de escoamento e de processamento. Entretanto, pesa em sentido contrário o esgotamento dessas áreas férteis e próximas, sinalizando que para incrementar a área cultivada com soja os produtores argentinos terão que buscar áreas longe dos portos e explorando solos muito menos férteis que as tradicionais pradarias da pampa úmida. O custo de produção aumenta e o de logística de transporte e armazenamento, também.
O Brasil está vocacionado a ser o principal fornecedor da demanda adicional futura do produto, por exclusão de competidores à altura. As novas fronteiras do Cerrado da região Nordeste e leste da Amazônia, principalmente a região denominada MATOPIBA, juntamente com a expansão, ainda por completar, da parte oriental e sudoeste do Centro-Oeste do país, responderão pelo esperado acréscimo de produção, que poderá crescer, também, por conta de aumentos da produtividade.
Nada indica que o consumo de proteínas animais, principalmente carnes, irá cair, mantendo a demanda pelo grão de soja em alta. Segundo a FAO, a produção de carnes precisará quase dobrar até 2050 para atender a presumida demanda mundial.
Agradecido, o Brasil anseia pelo aproveitamento de suas vantagens comparativas, mas precisaria reduzir o assim denominado custo Brasil representado, principalmente, pelos gargalos na logística de transporte e de armazenagem.