1. Introdução
O desenvolvimento da avicultura tem sido marcante, e este avanço se faz sentir principalmente no que se refere à produção de frangos de corte. O plantel avícola brasileiro cresceu em volume de produção e principalmente em parâmetros de produtividade.
Para mencionar a evolução em produtividade, podemos destacar o ganho de médio diário (GMD) maior que 50g/dia, isto significa taxa de crescimento diário no mínimo 20% superiores ao peso inicial de 40g. A conversão alimentar (CA) também evoluiu, diminuindo a quantidade de alimento por unidade de ganho de peso, nos dias atuais, sem maiores dificuldades obtêm-se um quilograma de peso vivo com não mais de 1,9 kg de ração, isto se traduz em uma eficiência alimentar superior a 50%.
Esta extraordinária evolução só foi possível devido à evolução genética das linhagens modernas associadas às novas técnicas de manejo de criação, erradicação de enfermidades, ambiência, automação de equipamentos e os avanços na nutrição.
Em maio do ano passado, conforme a APINCO, a produção brasileira de carne de frango totalizou 1,025 milhão de toneladas, volume que representa novo recorde no setor (o recorde anterior era mantido desde dezembro de 2009, mês em se produziram 1,010 milhão de toneladas de carne de frango). Com o volume produzido em maio deste ano, correspondente a aumentos de 4,80% sobre o mês anterior e de 13,69% sobre maio de 2009, o total acumulado nos cinco primeiros meses de 2010 soma 4,841 milhões de toneladas, apresentando incremento de 13,53% sobre o mesmo período de 2009.
Os últimos dados da SECEX/MDIC sobre a evolução das exportações de carne de frango no decorrer de 2010 permitem comprovar que, embora por pequena margem (+0,37%), os embarques dos oito primeiros meses de 2010 já superam os registrados no mesmo período de 2008. Já em relação a janeiro-agosto do ano passado o incremento é mais amplo, de 3,62%. Mesmo correspondendo a um novo recorde para o período (total de 2,513 milhões/t, contra 2,425 milhões/t em 2009, 2,504 milhões/t em 2008 e 2,132 milhões/t em 2007), as exportações não vêm evoluindo de forma homogênea. Assim, a única contribuição para o crescimento registrado veio do frango inteiro, cujo volume embarcado aumentou quase 10% em relação a janeiro-agosto de 2008 e se encontra, no momento, muito próximo do milhão de toneladas. Ainda que a maior parcela exportada continue representada pelos cortes de frango (em 2010, mais de 50% do total ou cerca de 1,292 milhões/t), estes ainda registram volume 3,79% inferior ao alcançado entre janeiro e agosto de 2008.
Industrializados de frango e carne de frango salgada registraram, até agosto, redução de, respectivamente, 4,13% e 16,46% sobre os oito primeiros meses de 2008, permanecendo com resultados negativos (-8,32% e -7,17%) também na comparação com idêntico período de 2009. Em decorrência, a expansão de 3,62% sobre os dois primeiros quadrimestres de 2009 é devida, exclusivamente, ao aumento de embarques do frango inteiro (+6,22%) e dos cortes de frango (+3,91%).
Pelas projeções da Cia. Nacional de Abastecimento (Conab, órgão do Ministério da Agricultura), depois de apresentar breve recuo em 2009 (queda de 1,03% em relação a 2008) o consumo per capita brasileiro de carne de frango volta a crescer de forma significativa e pode chegar a 41,5 kg - que, se confirmado, significará expansão próxima de 30% em relação a 2003 Já o consumo per capita de ovos continua em marcha oposta: atingiu seu ápice (126,5 unidades per capita) em 2007 e desde então continua decrescente ano após ano. A previsão para 2010 é a de um consumo em torno de 108,5 unidades per capita, o que, se verdadeiro, corresponderá ao menor nível dos últimos oito anos.
Os valores projetados indicam, para a carne de frango, elevação de 623 gramas per capita por semana (2003) para perto de 800 gramas semanais (2010). Já o consumo de ovos, que no recorde de 2007 correspondia a 2,4 unidades per capita por semana recua em 2010 para pouco mais de 2 unidades per capita semanais.
Entretanto, a avicultura do novo milênio vai enfrentar novos desafios, como a restrição ao uso de promotores de crescimento, controle dos resíduos gerados e doenças metabólicas devido ao seu rápido crescimento e redução no custo final de produção. Neste último item, destacamos a alimentação que tem a maior contribuição no custo final de produção, portanto, são nas áreas da nutrição e da alimentação que os técnicos deverão ser progressistas e trabalhar sempre buscando no conhecimento, alternativas que continuem viabilizando a produção avícola.
2. Dieta pré-inicial para frangos de corte
O uso de uma dieta pré-inicial para frangos de corte na primeira semana de idade vem sendo cada vez mais preconizado por nutricionista e pesquisadores. Nesta fase, as aves têm a anatomia e a fisiologia do aparelho digestivo diferenciadas e apresentam um rápido potencial de crescimento (UNI, 2001; MAIORKA, 2001).
Na formulação de uma dieta pré-inicial, temos que levar em considerações os aspectos de exigência nutricional, tipo e qualidade de ingredientes (macro e microingredientes) e a forma física da dieta (farelada, peletizada, triturada e extrusada). Portanto, deve-se formular tomando os seguintes cuidados:
* Formular sem a suplementação de lipídios.
* Utilizar nível de sódio maior do que a dieta inicial, ROSTAGNO et al., (2000) recomenda 0,224% para a fase de 1-7 dias. Entretanto, estes valores diferem dos recomendados por outros autores como 0,39% recomendado por BRITTON (1992), 0,36% (VIEIRA et al., 2000) e 0,40% (MAIORKA et al., 1998).
* Utilizar nesta fase milho com baixa incidência fúngica e sem micotoxina.
* A forma física da ração também é importante nesta fase, utilização de rações mini-peletizadas e triturada.
JUNQUEIRA et al.,(2002) utilizando rações triturada, mini-peletizada e extrusada na fase de 1 a 7 dias de idade, mostrou ser possível verificar o beneficio da forma física sobre o peso aos 49 dias de idade.
3. Uso de aditivos nas rações para frangos de corte
O grau de exigência do consumidor internacional e brasileiro por alimentos mais seguros e a exigência para a alteração dos procedimentos convencionais, fortalecidos por legislações específica para cada País, tem forçado a indústria animal a considerar novos conceitos na utilização de aditivos para as rações. A substituição de antibióticos gram negativos e gram positivos, utilizados como promotores de crescimento, por outros aditivos, já tem horizonte definidos. Em vários países especialmente europeus, a grande maioria destas substâncias só podem ser empregadas em caráter curativo. Estas substâncias estão sendo substituídos por probióticos, prebióticos, enzimas, antioxidantes, ácidos orgânicos, etc.
Diversos trabalhos foram realizados com uso de probióticos (GOODLING et al., 1987; ARAÚJO et al., 2000 e LAURENTIZ, 2000). Entretanto, os resultados das pesquisas são bastantes contraditórios quanto a sua eficiência, esta contradição observada entre os trabalhos justifica-se pelos dados obtidos em relação à idade do animal, tipo de probiótico utilizado, viabilidade dos microrganismos, condições de armazenamento e baixo desafio de doenças das instalações experimentais.
Dentro dos aditivos destaca-se a utilização de enzimas, que podem melhorar a digestão/absorção. A maioria das alterações está centralizada na melhoria da digestibilidade dos chamados polissacarídeos não amiláceos (NPS) LEESON, (1999). Destaca-se também a enzima fitase, que provoca a degradação da molécula de ácido fítico, normalmente não digerível. Portanto, o uso de fitase exógena melhora o aproveitamento do fósforo de origem vegetal, ao mesmo tempo em que reduz sua excreção.
Laurentiz et al. (2004a) com o objetivo de avaliar o efeito da adição de fitase em dietas com redução nos níveis de fósforo disponível, sobre o desempenho de frangos de corte nas diferentes fases de criação observaram que a redução nos níveis de Pd afetaram negativamente o desempenho das aves nas fases de 1 a 21 e de 1 a 42 dias de idade, onde os dois menores níveis promoveram o pior desempenho. Entretanto, na fase de 35 a 42 dias de idade o comprometimento no desempenho foi observado apenas para o menor nível de Pd, 0,14% nesta fase. O efeito isolado da enzima ocorreu para consumo de ração e ganho de peso em todas as fases, e para conversão alimentar houve diferença somente na fase total de 1 a 42 dias de idade, onde foi possível observar melhora nos resultados, independente do nível de inclusão (500 ou 1000 FTU/kg de ração). Os menores níveis de Pd afetaram o desempenho das aves, entretanto, a adição da enzima fitase permitiu uma recuperação no desempenho das aves tratadas com dietas com os níveis de 0,29; 0,25 e 0,22 de Pd nas fases inicial, crescimento e final, respectivamente, enquanto no menor nível de Pd este efeito foi observado somente para consumo de ração.
Em outro estudo, Laurentiz et al. (2004b) com o objetivo de avaliar o efeito da enzima fitase nas rações para frangos de corte com diferentes níveis de suplementação de zinco nas diferentes fases de criação, observaram que os níveis de 49 e 34 ppm afetaram negativamente o desempenho nas fases de 1 a 21 e de 1 a 42 dias de idade. Na fase de 35 a 42 dias de idade o consumo de ração foi superior para os tratamentos com 49 e 34 ppm, entretanto, não houve diferença para o ganho de peso, proporcionando assim pior conversão alimentar para estes tratamentos. Para o efeito isolado da adição de enzima, foi possível verificar que o nível de 1000 FTU/kg de ração resultou no melhor desempenho das aves nas fases de 1 a 21 e 1 a 42 dias de idade, porém, na fase de 35 a 42 dias de idade foi verificado que as aves do tratamento sem inclusão de enzima, as quais vinham apresentando os piores desempenhos, tiveram um ganho de peso compensatório e conseqüentemente melhor conversão alimentar. A adição de fitase na dieta sem suplementação de zinco (34 ppm) promoveu a disponibilização do zinco complexado ao hexanofosfato de inositol, proporcionando desempenho semelhante ao dos demais tratamentos.
5. Exigências de aminoácidos para frangos de corte
Nesta análise três aspectos relevantes devem ser considerados, a formulação considera as exigências dos frangos de corte por sexo, estação do ano e genética. O conceito de produção de frangos de corte separado por sexo não e novo. Este procedimento foi viabilizado com a introdução de linhas autosexáveis, permitindo a diferenciação de machos e fêmeas no momento da eclosão.
THOMAS & BOSSARD (1982) determinaram que as fêmeas necessitam de 6% menos aas que os machos na fase inicial, 8% menos no crescimento e 10% menos na fase final. Isto ocorre devido a curva de crescimento diferenciado para machos e fêmeas.
A temperatura ambiente afeta as exigências de aminoácidos para frangos de corte. HARMS (1992) verificou que as exigências expressas em porcentagem da dieta, devem ser estabelecidas com base no conteúdo de energia e a temperatura ambiente.
A evolução genética do frango de corte tem levado as empresas produtoras das linhagens a sugerirem programas de alimentação e nutrição muito diferentes um do outro, tornando muito difícil decidir com segurança qual opção deve ser utilizada em uma empresa que cria mais de uma linhagem.
Formular dietas para aves com base em aminoácidos digestíveis é um procedimento que vem tornando-se cada vez mais comum. A principal vantagem deste procedimento é que o mesmo permite que as dietas sejam formuladas com menor margem de segurança. Como são atribuídos valores de digestibilidade para cada aminoácido em cada ingrediente, os níveis empregados podem ser mais próximos àqueles que realmente os animais necessitam. Segundo PARSONS (1994), formular dieta baseando-se em aminoácidos totais é o mesmo que formular dietas baseando-se na exigência de energia bruta. Para ser ideal, a proteína ou a combinação de proteínas não deve possuir aminoácidos em excesso.
Em um experimento, empregando diferentes níveis de farinhas de carne e ossos (FCO) de boa ou má qualidade PARSSON (1999), verificou que os resultados das formulações com base em aminoácidos totais foram piores do que os resultados das formulações feitas com base em aminoácidos digestíveis.
O uso do conceito da proteína ideal não se aplica somente para a formulação com alimentos alternativos. De acordo com ARAÚJO et al., (2001) a formulação com aminoácidos digestíveis pode ser realizada mesmo em dietas à base de milho e farelo de soja.
6. Nível de energia em dietas para poedeiras
O nível de energia da dieta é considerado o ponto de partida na formulação de rações para aves. Na avicultura a energia é o fator mais caro no custo de produção de rações, sendo ainda um fator determinante na produção de ovos. Com o aumento do consumo de energia há um aumento na produção de ovos independente do consumo de proteína e aminoácidos. Se houver um aumento no consumo de proteína e aminoácidos, não acompanhado pelo consumo de energia, haverá uma fraca resposta na produção (LEESON e SUMMERS, 2001). Contudo, há fatores inerentes a essa resposta, principalmente a temperatura ambiente. Segundo os mesmos autores, quando a temperatura atinge 22°C as frangas em início de postura têm energia suficiente para manter a produção de ovos em 90% e algum crescimento. A 28°C o crescimento cessa e a ave começa a usar algumas reservas corporais para aumentar o suprimento de energia, além do alimento. Acima de 33°C a produção de ovos é mantida apenas pelas reservas corporais. Esse cenário é mantido por um curto período de tempo, até que a produção de ovos começa a declinar.
Avaliando o efeito da temperatura (16,1; 18,9; 22,0; 25,0; 27,8 e 31,1°C) e de níveis de energia (2.645, 2.755, 2.865 e 2.976 kcal EM/kg) sobre o desempenho de poedeiras, PEGURI e COON (1991) verificaram uma redução no consumo de ração pelas aves com o aumento da energia metabolizável da ração e com o aumento da temperatura, demonstrando que as aves ajustam o consumo de ração conforme suas necessidades energéticas. Contudo, a produção de ovos não foi afetada por esses fatores. No mesmo experimento o peso dos ovos aumentou com o aumento dos níveis de energia metabolizável na ração e diminuiu com o aumento da temperatura. O peso médio das aves, da mesma forma, aumentou com o acréscimo de energia metabolizável na ração e diminuiu com o aumento na temperatura ambiente.
COLVARA et al. (2002) realizaram experimento para verificar o efeito de quatro níveis de energia metabolizável (2.700, 2.800, 2.900 e 3.000 kcal EM/kg) sobre o desempenho de poedeiras semi-pesadas em segundo ciclo de produção. Os autores verificaram que com o aumento dos níveis de energia ocorreu uma tendência na diminuição no consumo médio de ração e um aumento do peso médio dos ovos, sem afetar a qualidade da casca e concluíram que as aves respondem satisfatoriamente a um segundo ciclo de produção com dietas contendo 2.700 kcal EM/kg.
7. Aminoácidos digestíveis e alimentos alternativos para poedeiras
As rações formuladas convencionalmente na avicultura utilizam milho e soja como principais fontes energética e protéica, respectivamente. Como os preços dos ingredientes convencionais utilizados nas rações estão constantemente em ascensão, uma possibilidade de redução de custos seria utilizar outros ingredientes, usados menos freqüentemente, chamados de ingredientes alternativos por serem uma opção de substituição parcial e, em alguns casos, integral às fontes tradicionais de energia e proteína, escolha geralmente economicamente viável, dependendo da disponibilidade dos mesmos nas diversas regiões do país. Ao formular rações com tais ingredientes, a utilização de aminoácidos sintéticos pode apresentar um custo/benefício favorável, se os ingredientes utilizados menos freqüentemente não estiverem com um preço excessivo em relação ao farelo de soja, isso em função da reduzida disponibilidade de aminoácidos que apresentam em relação a essa fonte protéica.
Os resultados encontrados na literatura com o uso de aminoácidos digestíveis não são numerosos, sendo ainda contraditórios em relação aos benefícios e prejuízos de sua utilização. WANGEN (1993) realizou dois experimentos em que as rações experimentais continham farelo de algodão, triguilho, farinha de peixe e farinha de ossos. No 1° experimento ele formulou três rações contendo níveis variados de inclusão dos ingredientes alternativos e mesmos níveis de aminoácidos totais, entretanto as dietas não promoveram desempenho semelhante, sendo que a dieta que apresentou uma maior proporção de ingredientes processados apresentou o pior desempenho. No 2° experimento o autor formulou três dietas contendo também variados níveis de inclusão de alimentos alternativos, porém, com os mesmos níveis de aminoácidos digestíveis. Neste experimento as dietas promoveram desempenhos semelhantes, indicando a importância de se considerar a digestibilidade dos aminoácidos nos alimentos alternativos. Utilizando quatro dietas para poedeiras de 20 a 50 semanas de idade, formuladas com 97% e 90% dos requerimentos de aminoácidos totais e disponíveis FARREL et al. (1999) verificaram que os resultados de desempenho e qualidade de casca foram semelhantes entre os quatro tratamentos.
SILVA et al. (2000) compararam o desempenho de poedeiras leves alimentadas com rações formuladas com diferentes níveis de lisina e aminoácidos sulfurosos digestíveis. Uma ração com milho e farelo de soja de alta digestibilidade em aminoácidos, como controle positivo, foi comparada a outras rações contendo alimentos alternativos em substituição parcial do milho e do farelo de soja. A segunda ração foi formulada com baixa digestibilidade de lisina e aminoácidos sulfurosos em relação à primeira ração. A terceira ração foi similar à segunda, mas suplementada com L-Lisina HCl e Dl-metionina, adicionadas para se obterem níveis de aminoácidos digestíveis iguais aos da primeira ração. Nesse experimento, não houve efeito das diferentes rações sobre consumo de ração, produção, peso, massa dos ovos, conversão alimentar, Unidades Haugh, índices de gema e de albúmen.
Trabalhando com níveis de substituição do milho pelo sorgo em rações formuladas com base em aminoácidos totais e digestíveis para poedeiras comerciais, CASARTELLI (2004) verificou que as aves alimentadas com rações com aminoácidos digestíveis apresentaram desempenho inferior em relação às aves alimentadas com rações baseadas em aminoácidos totais, utilizando as recomendações de ROSTAGNO et al. (2000). Com relação à utilização do sorgo, foi verificado que o mesmo pode substituir em até 100% o milho em rações para poedeiras comerciais sem afetar o desempenho das aves, contudo, faz-se necessária a adição de pigmentantes para obtenção de ovos com índice de pigmentação de gema aceitável pelo mercado consumidor.
A mesma autora constatou em outro experimento utilizando farelo de girassol que de forma geral as aves alimentadas com rações formuladas com base em aminoácidos totais apresentaram resultados semelhantes para os parâmetros de desempenho e qualidade dos ovos do que as aves que receberam rações formuladas com base em aminoácidos digestíveis, com exceção do peso dos ovos, em que as rações formuladas com base em aminoácidos digestíveis apresentaram menor peso de ovos. Os resultados demonstraram que o farelo de girassol pode ser incluído em até 12% em rações de poedeiras comerciais, sem prejuízo ao desempenho e qualidade dos ovos.
A utilização de dados de aminoácidos digestíveis poderá otimizar o uso de matérias primas de alto custo e ainda possibilitar a substituição do milho e da soja pelos ingredientes alternativos, garantindo um aporte equivalente de aminoácidos pela suplementação com aminoácidos sintéticos. Em última análise o uso de dietas mais caras pode ser justificado se houver uma maior produção das poedeiras comerciais, maximizando o retorno econômico
8. Uso de aditivos nas rações para poedeiras
Tem havido considerável interesse no uso de enzimas exógenas na alimentação de aves nos últimos 10-15 anos. Há varias razões para descrever esse crescente interesse, pois as enzimas são responsáveis por redução dos fatores antinutricionais dos alimentos; aumento na digestibilidade de amidos, proteínas e minerais; quebra de ligações específicas que indisponibilizam nutrientes; suplementação enzimática no trato digestivo de animais jovens, e, principalmente, redução na variabilidade do valor nutritivo entre alimentos, melhorando a eficiência das formulações (SHEEPY, 2001).
Dentro de mais de 3000 enzimas conhecidas, cerca de 30-35 são utilizadas para fins industriais na alimentação animal (LEESON e SUMMERS, 2001). Os produtos enzimáticos comumente utilizados são aqueles para digestão de carboidratos complexos, como as xilanases, glucanases e pectinases, entre outras, e aqueles que liberam o fósforo do ácido fítico, como a fitase.
O uso das enzimas específicas para redução da viscosidade da dieta melhora o valor nutricional dos grãos que possuem baixa disponibilidade de energia e ricos em polissacaríedos não-amídicos, cereais como trigo, cevada, centeio e aveia, ingredientes comumente utilizados em países da Europa, aumentando a digestibilidade dos seus nutrientes. No Brasil as rações são tradicionalmente formuladas com milho e farelo de soja, considerados alimentos de alta digestibilidade, e nesses casos a adição dessas enzimas não traz benefícios, como demonstraram FREITAS et al. (2000) ao estudarem o efeito de um complexo enzimático comercial (alfa-amilase, xilanase e protease) específico para dietas compostas de milho e farelo de soja sobre o desempenho de poedeiras comerciais e observaram não haver efeitos sobre o desempenho das aves.
Experimentos relacionados com a utilização da enzima fitase na avicultura têm crescido consideravelmente nos últimos anos. Apenas 33% do fósforo presente em fontes vegetais está na forma disponível para as aves (ROSTAGNO et al., 2000). O fósforo está altamente relacionado com a produção e qualidade dos ovos e dentre os minerais utilizados nas formulações de rações para aves é o que mais onera o seu custo final. O uso dessa enzima tem demonstrado de forma geral vantagem na disponibilidade desse e de demais nutrientes em rações para poedeiras comerciais, além da vantagem de reduzir a quantidade de fósforo inorgânico adicionado à ração, ingrediente que onera o custo de produção e apresenta-se no meio ambiente como um recurso não renovável. A utilização da fitase permite ainda diminuir a excreção de nutrientes nas excretas, potenciais poluidores do solo e de águas subterrâneas através da aplicação das mesmas no solo como adubo.
O aumento da disponibilidade do fósforo fítico e, conseqüentemente, a redução na adição de fósforo inorgânico em rações para poedeiras comerciais tem sido bem descrita na literatura. Em experimento avaliando os efeitos da suplementação com fitase sobre os parâmetros de produção e qualidade de ovos, retenção de nutrientes e excreção de fósforo em rações de poedeiras comerciais formuladas com diferentes níveis de fósforo disponível, UM e PAIK (1999) verificaram que a adição da enzima permitiu a redução dos níveis de fósforo disponível na ração. Por sua vez, TANGENDJAJA et al. (2002), testando diversas fontes de fitase em rações com farelo de arroz observaram que, independente da fonte, a adição da enzima possibilitou a retirada da fonte inorgânica de fósforo das rações de poedeiras sem prejuízos à produtividade das aves. Os autores utilizaram uma dieta controle formulada com 0,79% de fósforo total e 0,31% de fósforo disponível e nos tratamentos onde a fitase foi adicionada os níveis de fósforo total e fósforo disponível foram reduzidos para 0,67 e 0,19%, respectivamente.
Em experimento realizado por PEREIRA (2009) não houve influência dos níveis de PB e da interação entre os níveis de PB e fitase sobre o consumo de ração das poedeiras durante todo o período experimental. Entretanto, houve tendência de menor consumo de ração quando foi adicionado fitase na ração durante os quatro primeiros ciclos de produção, ocorrendo diferença significativa no 5º ciclo de produção.
Contrapondo esses resultados, ASSUENA (2007) verificou maior consumo de ração para as galinhas que receberam 600 FTU de fitase/kg de ração, quando comparado à 0 e 300 FTU/kg de ração. Fato que pode ser em virtude à menor disponibilização de energia do que a considerada na formulação das dietas quando valorizada a matriz fítica, no qual as aves apresentaram maior consumo de ração para satisfazer suas exigências de fósforo e energia.
Ao analisar as médias da produção de ovos com 13, 15 e 17% de PB, com adição de fitase, foi observado que a baixa produção de ovos do tratamento que continha 13% de PB, induziu a média dos outros tratamentos (17 e 15 % de PB) a se apresentar inferior aos tratamentos sem adição de fitase.
Nesse caso, o baixo nível de PB da ração (13%) não pôde ser compensado pela adição de fitase, como ocorreu com poedeiras comerciais consumindo dietas com baixo nível de fósforo inorgânico suplementado com fitase e tiveram desempenho semelhante àquelas que consumiram dietas com alto nível de fósforo inorgânico sem suplementação de fitase, como descrito por GORDON & ROLAND (1997).
Não houve interação significativa entre os níveis de PB e fitase da ração sobre a massa de ovos, mas houve efeito destas fontes de variação quando foi analisado separadamente. Sendo que, a redução dos níveis de PB da ração (17 a 13%) diminuiu linearmente a massa de ovos, durante todo o período experimental. Já a presença de fitase proporcionou redução da massa de ovos, no 4º e 5º ciclo de produção.
Assim como no caso das enzimas, os usos de probióticos, prebióticos e simbióticos têm sido estimulados nos últimos anos em função da preocupação com o uso tradicional de antibióticos promotores de crescimento, aos riscos de desenvolvimento de microrganismos resistentes e, ainda, à pressão de grupos de consumidores que têm restrições em consumir carne de aves e suínos criados com rações medicadas. Probióticos, prebióticos e simbióticos são produtos que estão sendo pesquisados como aditivos alternativos para manter os efeitos benéficos de promoção de crescimentos dos antimicrobianos. Recentemente, produtos como probióticos e prebióticos, começaram a ganhar destaque como os denominados alimentos funcionais, através da possibilidade de reduzir doenças e proporcionar mais saúde ao hospedeiro. Os alimentos funcionais podem ser definidos como produtos alimentícios que além de conter os nutrientes básicos essenciais, possuem a condição específica de beneficiar ao hospedeiro, através de melhorias na sua saúde (SILVA e ANDREATTI FILHO, 2000).
Há dois aspectos extremamente positivos no uso dos probióticos na avicultura, ou seja, aquele que determina melhores índices zooeconômicos, como aumento da produção de ovos em poedeiras (ABDULRAHIM et al., 1996) e a redução da colonização intestinal por alguns patógenos, incluindo-se Salmonella spp. (CORRIER et al., 1995).
Em recente trabalho, YÖRÜK et al. (2004) estudaram os efeitos da suplementação de probiótico sobre a produção de ovos e parâmetros de qualidade em poedeiras com 54 semanas de idade. Os resultados deste trabalho revelam que a produção de ovos aumentou linearmente com o aumento dos níveis de suplementação de probiótico, diminuindo linearmente a mortalidade e melhorando a conversão alimentar. Entretanto não foram verificados efeitos significativos sobre a qualidade dos ovos.
9. Conclusões
Outros pontos como a granulometria das dietas, peletização e o controle de matérias primas também são importantes na qualidade dos produtos avícolas, para manterem a margem de lucro no negócio, provocada pela alta competitividade. A nutrição não e responsável somente pelo maior custo individual do setor, mas também interfere na qualidade do produto final a ser oferecido ao mercado e na quantidade e qualidade do resíduo gerado.
Desta forma, os produtores de aves precisam planejar e administrar suas operações de forma segura, para não criar problemas ambientais e risco para a saúde humana e animal. Garantindo assim o seu desenvolvimento sem degradar o meio ambiente e não afetar a imagem dos criadores juntos aos consumidores.
O desenvolvimento da avicultura tem sido marcante, e este avanço se faz sentir principalmente no que se refere à produção de frangos de corte. O plantel avícola brasileiro cresceu em volume de produção e principalmente em parâmetros de produtividade.
Para mencionar a evolução em produtividade, podemos destacar o ganho de médio diário (GMD) maior que 50g/dia, isto significa taxa de crescimento diário no mínimo 20% superiores ao peso inicial de 40g. A conversão alimentar (CA) também evoluiu, diminuindo a quantidade de alimento por unidade de ganho de peso, nos dias atuais, sem maiores dificuldades obtêm-se um quilograma de peso vivo com não mais de 1,9 kg de ração, isto se traduz em uma eficiência alimentar superior a 50%.
Esta extraordinária evolução só foi possível devido à evolução genética das linhagens modernas associadas às novas técnicas de manejo de criação, erradicação de enfermidades, ambiência, automação de equipamentos e os avanços na nutrição.
Em maio do ano passado, conforme a APINCO, a produção brasileira de carne de frango totalizou 1,025 milhão de toneladas, volume que representa novo recorde no setor (o recorde anterior era mantido desde dezembro de 2009, mês em se produziram 1,010 milhão de toneladas de carne de frango). Com o volume produzido em maio deste ano, correspondente a aumentos de 4,80% sobre o mês anterior e de 13,69% sobre maio de 2009, o total acumulado nos cinco primeiros meses de 2010 soma 4,841 milhões de toneladas, apresentando incremento de 13,53% sobre o mesmo período de 2009.
Os últimos dados da SECEX/MDIC sobre a evolução das exportações de carne de frango no decorrer de 2010 permitem comprovar que, embora por pequena margem (+0,37%), os embarques dos oito primeiros meses de 2010 já superam os registrados no mesmo período de 2008. Já em relação a janeiro-agosto do ano passado o incremento é mais amplo, de 3,62%. Mesmo correspondendo a um novo recorde para o período (total de 2,513 milhões/t, contra 2,425 milhões/t em 2009, 2,504 milhões/t em 2008 e 2,132 milhões/t em 2007), as exportações não vêm evoluindo de forma homogênea. Assim, a única contribuição para o crescimento registrado veio do frango inteiro, cujo volume embarcado aumentou quase 10% em relação a janeiro-agosto de 2008 e se encontra, no momento, muito próximo do milhão de toneladas. Ainda que a maior parcela exportada continue representada pelos cortes de frango (em 2010, mais de 50% do total ou cerca de 1,292 milhões/t), estes ainda registram volume 3,79% inferior ao alcançado entre janeiro e agosto de 2008.
Industrializados de frango e carne de frango salgada registraram, até agosto, redução de, respectivamente, 4,13% e 16,46% sobre os oito primeiros meses de 2008, permanecendo com resultados negativos (-8,32% e -7,17%) também na comparação com idêntico período de 2009. Em decorrência, a expansão de 3,62% sobre os dois primeiros quadrimestres de 2009 é devida, exclusivamente, ao aumento de embarques do frango inteiro (+6,22%) e dos cortes de frango (+3,91%).
Pelas projeções da Cia. Nacional de Abastecimento (Conab, órgão do Ministério da Agricultura), depois de apresentar breve recuo em 2009 (queda de 1,03% em relação a 2008) o consumo per capita brasileiro de carne de frango volta a crescer de forma significativa e pode chegar a 41,5 kg - que, se confirmado, significará expansão próxima de 30% em relação a 2003 Já o consumo per capita de ovos continua em marcha oposta: atingiu seu ápice (126,5 unidades per capita) em 2007 e desde então continua decrescente ano após ano. A previsão para 2010 é a de um consumo em torno de 108,5 unidades per capita, o que, se verdadeiro, corresponderá ao menor nível dos últimos oito anos.
Os valores projetados indicam, para a carne de frango, elevação de 623 gramas per capita por semana (2003) para perto de 800 gramas semanais (2010). Já o consumo de ovos, que no recorde de 2007 correspondia a 2,4 unidades per capita por semana recua em 2010 para pouco mais de 2 unidades per capita semanais.
Entretanto, a avicultura do novo milênio vai enfrentar novos desafios, como a restrição ao uso de promotores de crescimento, controle dos resíduos gerados e doenças metabólicas devido ao seu rápido crescimento e redução no custo final de produção. Neste último item, destacamos a alimentação que tem a maior contribuição no custo final de produção, portanto, são nas áreas da nutrição e da alimentação que os técnicos deverão ser progressistas e trabalhar sempre buscando no conhecimento, alternativas que continuem viabilizando a produção avícola.
2. Dieta pré-inicial para frangos de corte
O uso de uma dieta pré-inicial para frangos de corte na primeira semana de idade vem sendo cada vez mais preconizado por nutricionista e pesquisadores. Nesta fase, as aves têm a anatomia e a fisiologia do aparelho digestivo diferenciadas e apresentam um rápido potencial de crescimento (UNI, 2001; MAIORKA, 2001).
Na formulação de uma dieta pré-inicial, temos que levar em considerações os aspectos de exigência nutricional, tipo e qualidade de ingredientes (macro e microingredientes) e a forma física da dieta (farelada, peletizada, triturada e extrusada). Portanto, deve-se formular tomando os seguintes cuidados:
* Formular sem a suplementação de lipídios.
* Utilizar nível de sódio maior do que a dieta inicial, ROSTAGNO et al., (2000) recomenda 0,224% para a fase de 1-7 dias. Entretanto, estes valores diferem dos recomendados por outros autores como 0,39% recomendado por BRITTON (1992), 0,36% (VIEIRA et al., 2000) e 0,40% (MAIORKA et al., 1998).
* Utilizar nesta fase milho com baixa incidência fúngica e sem micotoxina.
* A forma física da ração também é importante nesta fase, utilização de rações mini-peletizadas e triturada.
JUNQUEIRA et al.,(2002) utilizando rações triturada, mini-peletizada e extrusada na fase de 1 a 7 dias de idade, mostrou ser possível verificar o beneficio da forma física sobre o peso aos 49 dias de idade.
3. Uso de aditivos nas rações para frangos de corte
O grau de exigência do consumidor internacional e brasileiro por alimentos mais seguros e a exigência para a alteração dos procedimentos convencionais, fortalecidos por legislações específica para cada País, tem forçado a indústria animal a considerar novos conceitos na utilização de aditivos para as rações. A substituição de antibióticos gram negativos e gram positivos, utilizados como promotores de crescimento, por outros aditivos, já tem horizonte definidos. Em vários países especialmente europeus, a grande maioria destas substâncias só podem ser empregadas em caráter curativo. Estas substâncias estão sendo substituídos por probióticos, prebióticos, enzimas, antioxidantes, ácidos orgânicos, etc.
Diversos trabalhos foram realizados com uso de probióticos (GOODLING et al., 1987; ARAÚJO et al., 2000 e LAURENTIZ, 2000). Entretanto, os resultados das pesquisas são bastantes contraditórios quanto a sua eficiência, esta contradição observada entre os trabalhos justifica-se pelos dados obtidos em relação à idade do animal, tipo de probiótico utilizado, viabilidade dos microrganismos, condições de armazenamento e baixo desafio de doenças das instalações experimentais.
Dentro dos aditivos destaca-se a utilização de enzimas, que podem melhorar a digestão/absorção. A maioria das alterações está centralizada na melhoria da digestibilidade dos chamados polissacarídeos não amiláceos (NPS) LEESON, (1999). Destaca-se também a enzima fitase, que provoca a degradação da molécula de ácido fítico, normalmente não digerível. Portanto, o uso de fitase exógena melhora o aproveitamento do fósforo de origem vegetal, ao mesmo tempo em que reduz sua excreção.
Laurentiz et al. (2004a) com o objetivo de avaliar o efeito da adição de fitase em dietas com redução nos níveis de fósforo disponível, sobre o desempenho de frangos de corte nas diferentes fases de criação observaram que a redução nos níveis de Pd afetaram negativamente o desempenho das aves nas fases de 1 a 21 e de 1 a 42 dias de idade, onde os dois menores níveis promoveram o pior desempenho. Entretanto, na fase de 35 a 42 dias de idade o comprometimento no desempenho foi observado apenas para o menor nível de Pd, 0,14% nesta fase. O efeito isolado da enzima ocorreu para consumo de ração e ganho de peso em todas as fases, e para conversão alimentar houve diferença somente na fase total de 1 a 42 dias de idade, onde foi possível observar melhora nos resultados, independente do nível de inclusão (500 ou 1000 FTU/kg de ração). Os menores níveis de Pd afetaram o desempenho das aves, entretanto, a adição da enzima fitase permitiu uma recuperação no desempenho das aves tratadas com dietas com os níveis de 0,29; 0,25 e 0,22 de Pd nas fases inicial, crescimento e final, respectivamente, enquanto no menor nível de Pd este efeito foi observado somente para consumo de ração.
Em outro estudo, Laurentiz et al. (2004b) com o objetivo de avaliar o efeito da enzima fitase nas rações para frangos de corte com diferentes níveis de suplementação de zinco nas diferentes fases de criação, observaram que os níveis de 49 e 34 ppm afetaram negativamente o desempenho nas fases de 1 a 21 e de 1 a 42 dias de idade. Na fase de 35 a 42 dias de idade o consumo de ração foi superior para os tratamentos com 49 e 34 ppm, entretanto, não houve diferença para o ganho de peso, proporcionando assim pior conversão alimentar para estes tratamentos. Para o efeito isolado da adição de enzima, foi possível verificar que o nível de 1000 FTU/kg de ração resultou no melhor desempenho das aves nas fases de 1 a 21 e 1 a 42 dias de idade, porém, na fase de 35 a 42 dias de idade foi verificado que as aves do tratamento sem inclusão de enzima, as quais vinham apresentando os piores desempenhos, tiveram um ganho de peso compensatório e conseqüentemente melhor conversão alimentar. A adição de fitase na dieta sem suplementação de zinco (34 ppm) promoveu a disponibilização do zinco complexado ao hexanofosfato de inositol, proporcionando desempenho semelhante ao dos demais tratamentos.
5. Exigências de aminoácidos para frangos de corte
Nesta análise três aspectos relevantes devem ser considerados, a formulação considera as exigências dos frangos de corte por sexo, estação do ano e genética. O conceito de produção de frangos de corte separado por sexo não e novo. Este procedimento foi viabilizado com a introdução de linhas autosexáveis, permitindo a diferenciação de machos e fêmeas no momento da eclosão.
THOMAS & BOSSARD (1982) determinaram que as fêmeas necessitam de 6% menos aas que os machos na fase inicial, 8% menos no crescimento e 10% menos na fase final. Isto ocorre devido a curva de crescimento diferenciado para machos e fêmeas.
A temperatura ambiente afeta as exigências de aminoácidos para frangos de corte. HARMS (1992) verificou que as exigências expressas em porcentagem da dieta, devem ser estabelecidas com base no conteúdo de energia e a temperatura ambiente.
A evolução genética do frango de corte tem levado as empresas produtoras das linhagens a sugerirem programas de alimentação e nutrição muito diferentes um do outro, tornando muito difícil decidir com segurança qual opção deve ser utilizada em uma empresa que cria mais de uma linhagem.
Formular dietas para aves com base em aminoácidos digestíveis é um procedimento que vem tornando-se cada vez mais comum. A principal vantagem deste procedimento é que o mesmo permite que as dietas sejam formuladas com menor margem de segurança. Como são atribuídos valores de digestibilidade para cada aminoácido em cada ingrediente, os níveis empregados podem ser mais próximos àqueles que realmente os animais necessitam. Segundo PARSONS (1994), formular dieta baseando-se em aminoácidos totais é o mesmo que formular dietas baseando-se na exigência de energia bruta. Para ser ideal, a proteína ou a combinação de proteínas não deve possuir aminoácidos em excesso.
Em um experimento, empregando diferentes níveis de farinhas de carne e ossos (FCO) de boa ou má qualidade PARSSON (1999), verificou que os resultados das formulações com base em aminoácidos totais foram piores do que os resultados das formulações feitas com base em aminoácidos digestíveis.
O uso do conceito da proteína ideal não se aplica somente para a formulação com alimentos alternativos. De acordo com ARAÚJO et al., (2001) a formulação com aminoácidos digestíveis pode ser realizada mesmo em dietas à base de milho e farelo de soja.
6. Nível de energia em dietas para poedeiras
O nível de energia da dieta é considerado o ponto de partida na formulação de rações para aves. Na avicultura a energia é o fator mais caro no custo de produção de rações, sendo ainda um fator determinante na produção de ovos. Com o aumento do consumo de energia há um aumento na produção de ovos independente do consumo de proteína e aminoácidos. Se houver um aumento no consumo de proteína e aminoácidos, não acompanhado pelo consumo de energia, haverá uma fraca resposta na produção (LEESON e SUMMERS, 2001). Contudo, há fatores inerentes a essa resposta, principalmente a temperatura ambiente. Segundo os mesmos autores, quando a temperatura atinge 22°C as frangas em início de postura têm energia suficiente para manter a produção de ovos em 90% e algum crescimento. A 28°C o crescimento cessa e a ave começa a usar algumas reservas corporais para aumentar o suprimento de energia, além do alimento. Acima de 33°C a produção de ovos é mantida apenas pelas reservas corporais. Esse cenário é mantido por um curto período de tempo, até que a produção de ovos começa a declinar.
Avaliando o efeito da temperatura (16,1; 18,9; 22,0; 25,0; 27,8 e 31,1°C) e de níveis de energia (2.645, 2.755, 2.865 e 2.976 kcal EM/kg) sobre o desempenho de poedeiras, PEGURI e COON (1991) verificaram uma redução no consumo de ração pelas aves com o aumento da energia metabolizável da ração e com o aumento da temperatura, demonstrando que as aves ajustam o consumo de ração conforme suas necessidades energéticas. Contudo, a produção de ovos não foi afetada por esses fatores. No mesmo experimento o peso dos ovos aumentou com o aumento dos níveis de energia metabolizável na ração e diminuiu com o aumento da temperatura. O peso médio das aves, da mesma forma, aumentou com o acréscimo de energia metabolizável na ração e diminuiu com o aumento na temperatura ambiente.
COLVARA et al. (2002) realizaram experimento para verificar o efeito de quatro níveis de energia metabolizável (2.700, 2.800, 2.900 e 3.000 kcal EM/kg) sobre o desempenho de poedeiras semi-pesadas em segundo ciclo de produção. Os autores verificaram que com o aumento dos níveis de energia ocorreu uma tendência na diminuição no consumo médio de ração e um aumento do peso médio dos ovos, sem afetar a qualidade da casca e concluíram que as aves respondem satisfatoriamente a um segundo ciclo de produção com dietas contendo 2.700 kcal EM/kg.
7. Aminoácidos digestíveis e alimentos alternativos para poedeiras
As rações formuladas convencionalmente na avicultura utilizam milho e soja como principais fontes energética e protéica, respectivamente. Como os preços dos ingredientes convencionais utilizados nas rações estão constantemente em ascensão, uma possibilidade de redução de custos seria utilizar outros ingredientes, usados menos freqüentemente, chamados de ingredientes alternativos por serem uma opção de substituição parcial e, em alguns casos, integral às fontes tradicionais de energia e proteína, escolha geralmente economicamente viável, dependendo da disponibilidade dos mesmos nas diversas regiões do país. Ao formular rações com tais ingredientes, a utilização de aminoácidos sintéticos pode apresentar um custo/benefício favorável, se os ingredientes utilizados menos freqüentemente não estiverem com um preço excessivo em relação ao farelo de soja, isso em função da reduzida disponibilidade de aminoácidos que apresentam em relação a essa fonte protéica.
Os resultados encontrados na literatura com o uso de aminoácidos digestíveis não são numerosos, sendo ainda contraditórios em relação aos benefícios e prejuízos de sua utilização. WANGEN (1993) realizou dois experimentos em que as rações experimentais continham farelo de algodão, triguilho, farinha de peixe e farinha de ossos. No 1° experimento ele formulou três rações contendo níveis variados de inclusão dos ingredientes alternativos e mesmos níveis de aminoácidos totais, entretanto as dietas não promoveram desempenho semelhante, sendo que a dieta que apresentou uma maior proporção de ingredientes processados apresentou o pior desempenho. No 2° experimento o autor formulou três dietas contendo também variados níveis de inclusão de alimentos alternativos, porém, com os mesmos níveis de aminoácidos digestíveis. Neste experimento as dietas promoveram desempenhos semelhantes, indicando a importância de se considerar a digestibilidade dos aminoácidos nos alimentos alternativos. Utilizando quatro dietas para poedeiras de 20 a 50 semanas de idade, formuladas com 97% e 90% dos requerimentos de aminoácidos totais e disponíveis FARREL et al. (1999) verificaram que os resultados de desempenho e qualidade de casca foram semelhantes entre os quatro tratamentos.
SILVA et al. (2000) compararam o desempenho de poedeiras leves alimentadas com rações formuladas com diferentes níveis de lisina e aminoácidos sulfurosos digestíveis. Uma ração com milho e farelo de soja de alta digestibilidade em aminoácidos, como controle positivo, foi comparada a outras rações contendo alimentos alternativos em substituição parcial do milho e do farelo de soja. A segunda ração foi formulada com baixa digestibilidade de lisina e aminoácidos sulfurosos em relação à primeira ração. A terceira ração foi similar à segunda, mas suplementada com L-Lisina HCl e Dl-metionina, adicionadas para se obterem níveis de aminoácidos digestíveis iguais aos da primeira ração. Nesse experimento, não houve efeito das diferentes rações sobre consumo de ração, produção, peso, massa dos ovos, conversão alimentar, Unidades Haugh, índices de gema e de albúmen.
Trabalhando com níveis de substituição do milho pelo sorgo em rações formuladas com base em aminoácidos totais e digestíveis para poedeiras comerciais, CASARTELLI (2004) verificou que as aves alimentadas com rações com aminoácidos digestíveis apresentaram desempenho inferior em relação às aves alimentadas com rações baseadas em aminoácidos totais, utilizando as recomendações de ROSTAGNO et al. (2000). Com relação à utilização do sorgo, foi verificado que o mesmo pode substituir em até 100% o milho em rações para poedeiras comerciais sem afetar o desempenho das aves, contudo, faz-se necessária a adição de pigmentantes para obtenção de ovos com índice de pigmentação de gema aceitável pelo mercado consumidor.
A mesma autora constatou em outro experimento utilizando farelo de girassol que de forma geral as aves alimentadas com rações formuladas com base em aminoácidos totais apresentaram resultados semelhantes para os parâmetros de desempenho e qualidade dos ovos do que as aves que receberam rações formuladas com base em aminoácidos digestíveis, com exceção do peso dos ovos, em que as rações formuladas com base em aminoácidos digestíveis apresentaram menor peso de ovos. Os resultados demonstraram que o farelo de girassol pode ser incluído em até 12% em rações de poedeiras comerciais, sem prejuízo ao desempenho e qualidade dos ovos.
A utilização de dados de aminoácidos digestíveis poderá otimizar o uso de matérias primas de alto custo e ainda possibilitar a substituição do milho e da soja pelos ingredientes alternativos, garantindo um aporte equivalente de aminoácidos pela suplementação com aminoácidos sintéticos. Em última análise o uso de dietas mais caras pode ser justificado se houver uma maior produção das poedeiras comerciais, maximizando o retorno econômico
8. Uso de aditivos nas rações para poedeiras
Tem havido considerável interesse no uso de enzimas exógenas na alimentação de aves nos últimos 10-15 anos. Há varias razões para descrever esse crescente interesse, pois as enzimas são responsáveis por redução dos fatores antinutricionais dos alimentos; aumento na digestibilidade de amidos, proteínas e minerais; quebra de ligações específicas que indisponibilizam nutrientes; suplementação enzimática no trato digestivo de animais jovens, e, principalmente, redução na variabilidade do valor nutritivo entre alimentos, melhorando a eficiência das formulações (SHEEPY, 2001).
Dentro de mais de 3000 enzimas conhecidas, cerca de 30-35 são utilizadas para fins industriais na alimentação animal (LEESON e SUMMERS, 2001). Os produtos enzimáticos comumente utilizados são aqueles para digestão de carboidratos complexos, como as xilanases, glucanases e pectinases, entre outras, e aqueles que liberam o fósforo do ácido fítico, como a fitase.
O uso das enzimas específicas para redução da viscosidade da dieta melhora o valor nutricional dos grãos que possuem baixa disponibilidade de energia e ricos em polissacaríedos não-amídicos, cereais como trigo, cevada, centeio e aveia, ingredientes comumente utilizados em países da Europa, aumentando a digestibilidade dos seus nutrientes. No Brasil as rações são tradicionalmente formuladas com milho e farelo de soja, considerados alimentos de alta digestibilidade, e nesses casos a adição dessas enzimas não traz benefícios, como demonstraram FREITAS et al. (2000) ao estudarem o efeito de um complexo enzimático comercial (alfa-amilase, xilanase e protease) específico para dietas compostas de milho e farelo de soja sobre o desempenho de poedeiras comerciais e observaram não haver efeitos sobre o desempenho das aves.
Experimentos relacionados com a utilização da enzima fitase na avicultura têm crescido consideravelmente nos últimos anos. Apenas 33% do fósforo presente em fontes vegetais está na forma disponível para as aves (ROSTAGNO et al., 2000). O fósforo está altamente relacionado com a produção e qualidade dos ovos e dentre os minerais utilizados nas formulações de rações para aves é o que mais onera o seu custo final. O uso dessa enzima tem demonstrado de forma geral vantagem na disponibilidade desse e de demais nutrientes em rações para poedeiras comerciais, além da vantagem de reduzir a quantidade de fósforo inorgânico adicionado à ração, ingrediente que onera o custo de produção e apresenta-se no meio ambiente como um recurso não renovável. A utilização da fitase permite ainda diminuir a excreção de nutrientes nas excretas, potenciais poluidores do solo e de águas subterrâneas através da aplicação das mesmas no solo como adubo.
O aumento da disponibilidade do fósforo fítico e, conseqüentemente, a redução na adição de fósforo inorgânico em rações para poedeiras comerciais tem sido bem descrita na literatura. Em experimento avaliando os efeitos da suplementação com fitase sobre os parâmetros de produção e qualidade de ovos, retenção de nutrientes e excreção de fósforo em rações de poedeiras comerciais formuladas com diferentes níveis de fósforo disponível, UM e PAIK (1999) verificaram que a adição da enzima permitiu a redução dos níveis de fósforo disponível na ração. Por sua vez, TANGENDJAJA et al. (2002), testando diversas fontes de fitase em rações com farelo de arroz observaram que, independente da fonte, a adição da enzima possibilitou a retirada da fonte inorgânica de fósforo das rações de poedeiras sem prejuízos à produtividade das aves. Os autores utilizaram uma dieta controle formulada com 0,79% de fósforo total e 0,31% de fósforo disponível e nos tratamentos onde a fitase foi adicionada os níveis de fósforo total e fósforo disponível foram reduzidos para 0,67 e 0,19%, respectivamente.
Em experimento realizado por PEREIRA (2009) não houve influência dos níveis de PB e da interação entre os níveis de PB e fitase sobre o consumo de ração das poedeiras durante todo o período experimental. Entretanto, houve tendência de menor consumo de ração quando foi adicionado fitase na ração durante os quatro primeiros ciclos de produção, ocorrendo diferença significativa no 5º ciclo de produção.
Contrapondo esses resultados, ASSUENA (2007) verificou maior consumo de ração para as galinhas que receberam 600 FTU de fitase/kg de ração, quando comparado à 0 e 300 FTU/kg de ração. Fato que pode ser em virtude à menor disponibilização de energia do que a considerada na formulação das dietas quando valorizada a matriz fítica, no qual as aves apresentaram maior consumo de ração para satisfazer suas exigências de fósforo e energia.
Ao analisar as médias da produção de ovos com 13, 15 e 17% de PB, com adição de fitase, foi observado que a baixa produção de ovos do tratamento que continha 13% de PB, induziu a média dos outros tratamentos (17 e 15 % de PB) a se apresentar inferior aos tratamentos sem adição de fitase.
Nesse caso, o baixo nível de PB da ração (13%) não pôde ser compensado pela adição de fitase, como ocorreu com poedeiras comerciais consumindo dietas com baixo nível de fósforo inorgânico suplementado com fitase e tiveram desempenho semelhante àquelas que consumiram dietas com alto nível de fósforo inorgânico sem suplementação de fitase, como descrito por GORDON & ROLAND (1997).
Não houve interação significativa entre os níveis de PB e fitase da ração sobre a massa de ovos, mas houve efeito destas fontes de variação quando foi analisado separadamente. Sendo que, a redução dos níveis de PB da ração (17 a 13%) diminuiu linearmente a massa de ovos, durante todo o período experimental. Já a presença de fitase proporcionou redução da massa de ovos, no 4º e 5º ciclo de produção.
Assim como no caso das enzimas, os usos de probióticos, prebióticos e simbióticos têm sido estimulados nos últimos anos em função da preocupação com o uso tradicional de antibióticos promotores de crescimento, aos riscos de desenvolvimento de microrganismos resistentes e, ainda, à pressão de grupos de consumidores que têm restrições em consumir carne de aves e suínos criados com rações medicadas. Probióticos, prebióticos e simbióticos são produtos que estão sendo pesquisados como aditivos alternativos para manter os efeitos benéficos de promoção de crescimentos dos antimicrobianos. Recentemente, produtos como probióticos e prebióticos, começaram a ganhar destaque como os denominados alimentos funcionais, através da possibilidade de reduzir doenças e proporcionar mais saúde ao hospedeiro. Os alimentos funcionais podem ser definidos como produtos alimentícios que além de conter os nutrientes básicos essenciais, possuem a condição específica de beneficiar ao hospedeiro, através de melhorias na sua saúde (SILVA e ANDREATTI FILHO, 2000).
Há dois aspectos extremamente positivos no uso dos probióticos na avicultura, ou seja, aquele que determina melhores índices zooeconômicos, como aumento da produção de ovos em poedeiras (ABDULRAHIM et al., 1996) e a redução da colonização intestinal por alguns patógenos, incluindo-se Salmonella spp. (CORRIER et al., 1995).
Em recente trabalho, YÖRÜK et al. (2004) estudaram os efeitos da suplementação de probiótico sobre a produção de ovos e parâmetros de qualidade em poedeiras com 54 semanas de idade. Os resultados deste trabalho revelam que a produção de ovos aumentou linearmente com o aumento dos níveis de suplementação de probiótico, diminuindo linearmente a mortalidade e melhorando a conversão alimentar. Entretanto não foram verificados efeitos significativos sobre a qualidade dos ovos.
9. Conclusões
Outros pontos como a granulometria das dietas, peletização e o controle de matérias primas também são importantes na qualidade dos produtos avícolas, para manterem a margem de lucro no negócio, provocada pela alta competitividade. A nutrição não e responsável somente pelo maior custo individual do setor, mas também interfere na qualidade do produto final a ser oferecido ao mercado e na quantidade e qualidade do resíduo gerado.
Desta forma, os produtores de aves precisam planejar e administrar suas operações de forma segura, para não criar problemas ambientais e risco para a saúde humana e animal. Garantindo assim o seu desenvolvimento sem degradar o meio ambiente e não afetar a imagem dos criadores juntos aos consumidores.