Introdução
Na formulação de rações para aves, tem-se como objetivo suprir os requerimentos nutricionais, adequando as quantidades de nutrientes ingeridos e absorvidos de acordo com o nível de produção desejado.
Durante muitos anos, as rações foram formuladas com base no conceito de proteína bruta, resultando em dietas com conteúdo de aminoácidos acima do exigido pelos animais. No organismo, os esqueletos de carbono dos aminoácidos em excesso são utilizados para a produção de energia, sendo o nitrogênio residual excretado pelos rins, com gasto energético para o organismo.
A aplicação do conceito da proteína ideal tem permitido aos nutricionistas formular rações mais adequadas às exigências nutricionais de cada categoria animal, melhorando a eficiência de utilização dos nutrientes contidos nos alimentos e reduzindo a excreção de resíduos ao ambiente, principalmente os nitrogenados.
Exigências de aminoácidos para frangos de corte
A exigência nutricional de aminoácidos é influenciada por uma série de fatores como idade e sexo dos animais, linhagem, níveis de energia e de lisina da ração, densidade populacional, condições ambientais (principalmente temperatura), estado sanitário dos animais, digestibilidade dos nutrientes das matérias primas para fabricação de rações e grande variedade de metodologias utilizadas para a estimativa.
Exigência de lisina digestível para frangos de corte
A lisina é um aminoácido fisiologicamente essencial para a mantença, crescimento e produção das aves, tendo como principal função a síntese de proteína muscular. Leclercq (1998) afirma que a lisina exerce efeitos específicos na composição corporal dos animais, sendo que as exigências deste aminoácido obedecem a uma hierarquia, ou seja, para máximo ganho de peso é menor do que para rendimento da carne de peito que, por sua vez, é menor que para conversão alimentar e, por último, a exigência para diminuição da deposição da gordura abdominal.
Uma informação precisa sobre as exigências de lisina digestível para frangos de corte é a base inicial para formulação de rações com adequado balanceamento de aminoácidos, pois a lisina é utilizada como referência para o perfil da proteína ideal, sendo as quantidades de todos os outros aminoácidos estabelecidas como uma proporção de sua exigência. Assim, qualquer erro na determinação da exigência de lisina resultará em erros nas exigências de todos os outros aminoácidos, com possível queda no desempenho e na qualidade da carcaça.
As linhagens modernas necessitam de um aporte maior de aminoácidos para a expressão dos ganhos genéticos. Albino et al. (2009) constataram um aumento de 24, 22 e 28% nas recomendações de lisina digestível para frangos de corte nas fases inicial, crescimento e final, respectivamente, verificadas na edição de 2005 das Tabelas Brasileiras para Aves e Suínos (Rostagno et al., 2005) em relação à edição de 1983. Comparando com as recomendações de Rostagno et al. (2011), observa-se que este aumento é ainda maior, correspondendo a 34, 36 e 39% para as fases inicial, crescimento e final, respectivamente. As recomendações de Rostagno et al. (2005) para frangos de corte machos de médio desempenho são de 1,363; 1,189; 1,099 e 1,048% de lisina digestível para as fases pré-inicial, inicial, crescimento e final, respectivamente. Já as recomendações de Rostagno et al. (2011) para os frangos da mesma categoria são: 1,324; 1,217; 1,131 e 1,060%. Em relação à fase pré-inicial, houve uma redução em torno de 3% comparado as recomendações de Rostagno et al. (2005), possivelmente em resposta à novas linhagens dos frangos, onde tem sido sugerido promover uma menor taxa de crescimento nesta fase visando evitar problemas metabólicos e de locomoção nos animais em fases posteriores.
A adição de L-Lisina na formulação promove redução na inclusão de ingredientes proteicos, favorecendo a entrada de outros ingredientes energéticos, poupando o uso do óleo ou gordura, mantendo o mesmo nível de energia da ração com o benefício de reduzir os custos de produção. A literatura cientifica comprova que o uso da lisina promove melhoria nos resultados de ganho de peso e conversão alimentar dos animais.
Uso de aminoácidos sintéticos nas rações das aves
Os aminoácidos sintéticos tais como L-lisina-HCl, DL-metionina, L-treonina, têm significativa participação na aplicabilidade do conceito de proteína ideal para aves, em que a proteína dietética deve atender aos requerimentos de aminoácidos para a mantença e produção sem deficiências ou excessos.
Além da redução dos custos da alimentação, os benefícios trazidos pela redução da proteína bruta da dieta envolvem a maior eficiência de utilização da proteína e a redução da poluição ambiental, em função da menor excreção de nitrogênio. Kerr & Easter (1995) calcularam que para cada ponto percentual reduzido no conteúdo de proteína bruta, a quantidade de nitrogênio excretado foi reduzida em 8% em suínos.
Pode-se afirmar, portanto, que a utilização de aminoácidos sintéticos nas dietas para aves e suínos tem como principais objetivos:
· Redução da PB da ração sem prejuízos ao desempenho animal;
· Atendimento das exigências de aminoácidos mais próximas da proteína ideal;
· Melhora da eficiência de utilização da proteína, uma vez que são evitadas as deficiências ou excessos de aminoácidos;
· Redução dos custos de produção;
Considerações finais
Em resumo, pode-se concluir que a adição dos aminoácidos sintéticos, resulta em grande avanço no campo da nutrição das aves e suínos. Espera-se que em um futuro próximo, outros aminoácidos, como o triptofano, a valina e a isoleucina, venham a ser comercializados a preços comercialmente compatíveis, visando sempre o menor custo das rações sem o comprometimento do desempenho das aves.