Segundo a FAO, atualmente o mundo produz cerca de 2,5 bilhões de toneladas de grãos. É mais do que suficiente para atender à demanda global, razão pela qual os estoques estão altos e os preços no mercado despencaram. O produtor brasileiro não está sentindo mais intensamente os efeitos dessa queda por causa do câmbio favorável do Real frente ao Dólar.
Os países que mais contribuem para a produção dessa grande quantidade de grãos são - pela ordem de importância - China, Estados Unidos (EUA), Brasil, Índia e Indonésia. A China, apesar da sua enorme produção agrícola, importa alimentos para suprir as necessidades alimentares da sua população de 1,42 bilhões de pessoas, maior que as populações das três Américas juntas.
Sem ser um grande produtor de soja, a China é o maior consumidor global do produto, por causa da grande produção interna de carne de suínos e de aves. Mais de 60% da soja comercializada no mundo e mais de 70% da soja exportada pelo Brasil vai para o mercado chinês, o que muito contribuiu para que esse país se tornasse o principal parceiro comercial do Brasil, responsável pelo faturamento de cerca de 20% do nosso comércio exterior.
Com produção aproximada de 1,0 bilhão de toneladas, o milho é o grão mais produzido no mundo. EUA, China e Brasil são os principais produtores do cereal, com diferenças expressivas entre eles: 370 Mt, 220 Mt e 98 Mt, respectivamente (2017). Juntos, respondem por mais de 60% da produção mundial.
A produção de trigo e de arroz - cerca de 700 e 460 Mt, respectivamente - formam com o milho, o principal trio de grãos em nível global. A soja vem em 4º lugar, com produção aproximada de 350 Mt. É o grão cuja produção mais cresce (vide figura, anexa). China, Índia e Bangladesh lideram a produção de trigo, enquanto que União Europeia, Rússia e EUA lideram as exportações e Egito, Indonésia, Argélia e Brasil, lideram as importações do cereal.
O arroz está fortemente concentrado na Ásia. China, Índia e Indonésia lideram sua produção, enquanto que a exportação é liderada pela Índia, Tailândia e Vietnã, sendo a China, Nigéria e Irã os maiores importadores do grão.
Apesar de estar, aparentemente, sobrando alimentos no mundo, boa parcela da população de 38 países está passando fome; 29 desses países estão na África, segundo a FAO. Esse problema não está vinculado à capacidade produtiva das nossas lavouras, ou à ineficiência dos nossos produtores rurais, mas à má distribuição da renda, que deixa boa parcela da população sem recursos para comprar a comida.
Vivemos um paradoxo: temos cidadãos fazendo regime porque precisam emagrecer por comer demais e outros, magros demais, porque não comem o suficiente por falta de recursos financeiros para adquirir os alimentos. “Sempre houve o suficiente no mundo para todas as necessidades humanas; nunca haverá o suficiente para a cobiça humana” (Mahatma Gandhi).