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A verdadeira vocação do Brasil



Amélio Dall’Agnol
O Brasil é imenso. Com mais de 850 milhões de hectares (Mha) é o 5º maior país do mundo. Cerca de 388 Mha dessa área é agricultável, o que representa 22% do total mundial de terras agricultáveis. Estima-se em 90 Mha a área agricultável do Brasil, que ainda não foi explorada. A área efetivamente cultivada com grãos ou fibras não passa de 60 Mha, boa parte dela explorada com duas ou, excepcionalmente, até três cultivos anuais, razão pela qual, quando somamos as áreas de cada cultura, a área cultivada supera os 80 Mha. 
Embora 61% das terras brasileiras ainda estejam cobertas com vegetação nativa, o Brasil poderá incrementar sua produção sem precisar de mais desmatamentos, apenas recuperando os estimados mais de 50 Mha de pastagens degradadas, aptos e disponíveis para incorporação ao processo produtivo de grãos, fibras e carnes. A maior parte dessas pastagens encontra-se na região tropical, onde o Brasil é modelo de eficiência produtiva, dado o conjunto de tecnologias desenvolvidas para tais condições e pelas caraterísticas climáticas da região que permitem duas ou até três safras anuais na mesma gleba. Poderia, também, servir-se da irrigação, quando ela compensar, visto ser, o Brasil, detentor do maior percentual de água doce disponível no Planeta: 13% do total mundial. 
O Brasil nasceu vocacionado para ser o celeiro do mundo, em face de suas características e diversidades, tanto de clima quanto de solo. Mas o país só descobriu ser capaz de exercer tais capacidades nos anos 70, quando deu-se a grande virada na produção agrícola nacional, tendo a soja como motor dessa transformação. Segundo projeções da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), o Brasil deverá assumir a liderança global no fornecimento de alimentos e commodities ligadas ao agronegócio, já na próxima década, causando impactos positivos na economia e na sociedade do país.
O Brasil não é apenas grande no tamanho; também o é na quantidade e qualidade dos alimentos que produz. É líder na produção de café, laranja, açúcar e a caminho de liderar a produção mundial de soja. Embora ainda não sendo o principal produtor de carne bovina, de frango, de soja e de milho, é o principal exportador. Também é grande produtor e exportador de algodão, fumo, couros e biocombustíveis. 
No correr das últimas décadas, nenhum outro país teve um crescimento tão expressivo na produção agrícola quanto o Brasil. No período 1990/91 a 2015/16, a safra de grãos saltou de 58 milhões de toneladas (Mt) para 209 Mt. A evolução da pecuária não foi diferente, com destaque para a avicultura, cuja produção no período saltou de 2,3 Mt para 13 Mt, aumento de 465% ou quase 20% anuais. A produção de carne bovina e suína também cresceu: cerca de 9,0% (4,1 Mt vs. 9,5 Mt) e 14% (1,0 Mt vs. 3,5 Mt), respectivamente.
No contexto geral, o Brasil vive uma crise econômica expressiva, que só não é sentida com mais intensidade porque os enormes superávits do agronegócio amenizam os impactos negativos da balança comercial. Um de cada três reais gerados pelo país provém do agronegócio, o setor mais competitivo da economia brasileira. Apenas os superávits somados de 2000 a 2015 superaram os US$ 800 bilhões, um espetacular avanço que começou com US$ 15 bilhões em 2000 e superou os US$ 80 bilhões anuais em 2014/15, representando mais de 20% do PIB, 40% das exportações e quase 40% do total de empregos gerados no país (25 a 30 milhões de postos de trabalho). Desde 1990, com exceção dos anos de 2005 e 2006, o agronegócio respondeu pela totalidade dos superávits da balança comercial brasileira. 
E ainda tem quem critica o setor.
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