Filho de imigrantes italianos Caetano Ripoli (1866-1940) e Emilia Viccini Ripoli (1875-1972), passou a infância e adolescência em sua cidade natal. Após grande esforço, devido à carência de meios de sua família, graduou-se em 1940 pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ-USP), também situada em Piracicaba. No seu período universitário teve forte atuação e trabalho pela construção da sede própria do Centro Acadêmico Luiz de Queiroz, o que só se concretizaria em 1963. Em 1943, publicou o livro "Quarenta Anos de Glórias", narrando a história da Associação Atlética Acadêmica Luiz de Queiroz, entre 1903 e 1943.
Foi um dos responsáveis pela introdução do bicho da seda no oeste do estado de São Paulo, quando trabalhava no serviço estadual de agricultura. Rompeu com o Governador Adhemar de Barros e pediu demissão do serviço público por não ter concordado com o uso das suas ações profissionais para fins políticos e demagógicos.
Ainda nos anos 40, coordenou a construção das arquibancadas do estádio do XV de Novembro de Piracicaba, time de futebol da cidade. Em 1950, lançou no mercado imobiliário de Piracicaba um dos primeiros bairros tipicamente residenciais de alto padrão do interior de São Paulo e o primeiro asfalto da cidade, em terras da antiga fazenda do Pedro Rico, tendo como sócio empreendedor o comendador Mário Dedini, seu padrinho.
Homem visionário, Ripoli sentiu o impacto que teria a chegada da televisão ao Brasil. Fundou uma pequena empresa de montagem de aparelhos de TV, a SOBRATEL - Sociedade Brasileira de Televisão, com intuito de competir com as importadas. No entanto, foi vencido pelo lobby das empresas de importação. Com recursos próprios instalou uma torre de TV na cidade, para retransmitir os programas da TV Tupi. Foi a primeira retransmissora de canal televisivo da América Latina, que captava os sinais da ex-Rede Tupi de São Paulo.
Em 1954, montou uma comissão para construir o ginásio coberto "Waldemar Blatkauskas", para que Piracicaba pudesse receber os Jogos Abertos do Interior, em 1955. Coordenou, ainda, a arrecadação de fundos para a construção da maternidade da Santa Casa de Misericórdia de Piracicaba.
Foi vereador da Câmara de Vereadores de Piracicaba nos seguintes mandatos: 1948 a 1951, 1952 a 1955, 1956 a 1959, 1969 a 1972.[1] Durante essa última legislatura, foi presidente daquela casa de leis por pouco mais de 11 meses, uma vez que foi perseguido e forçado a renunciar, sob a acusação de sonegar o Imposto de Renda. Na verdade, Ripoli havia aberto uma sindicância na Câmara para apontar irregularidades do seu ex-presidente, Francisco Antonio Coelho, acusado pela imprensa de patrocinar funcionários fantasma. Como Coelho era ligado a militares do 5o. Grupo de Canhões Antiaéreos, de Campinas, fez valer tal condição para pressionar o então novo presidente. Por meses Ripoli foi intimado para interrogatórios de forte pressão psicológica, o que o levou a necessitar ser internado para tratamento em clínica especializada. Algum tempo mais tarde, recebeu carta do General Rubens Restell, isentando-o de todas as acusações que lhe haviam sido feitas.
No entanto, a área em que Ripoli mais se destacou foi como presidente do XV de Piracicaba. Esteve à frente do clube durante 17 anos, em dois períodos: entre 1959 e 1966 e depois entre 1973 e 1983.
Em 1964, levou o XV em excursão pela Europa e pela Ásia. Naquela época, o Brasil já era bicampeão mundial e apenas o Santos e o Botafogo faziam esse tipo de viagem. O time jogou na Suécia, na Polônia, na Alemanha (Ocidental e Oriental, divisão da época), na Dinamarca e, no auge da Guerra Fria, nas então repúblicas soviéticas da Rússia, Moldávia, Ucrânia, Cazaquistão e Uzbequistão.
Em 1976, o XV foi vice-campeão do Campeonato Paulista de Futebol, maior título do time até a presente data e o primeiro clube do interior paulista a atingir tal classificação. Nesse mesmo ano, extremamente popular, Ripoli foi candidato a prefeito. Porém, devido a erros políticos cometidos, como falar demais sobre suas polêmicas ideias, acabou perdendo a eleição e chegando em terceiro lugar. A Prefeitura de Piracicaba foi o grande sonho não atingido por ele. Em 1977, o XV chegou a 8o. lugar no Campeonato Brasileiro de Futebol.
Dirigente carismático, Ripoli envolveu-se em diversas disputas com a Federação Paulista de Futebol (FPF), sempre buscando trazer benefícios para os clubes do interior de São Paulo. Conhecido por sua grande inteligência, por falar vários idiomas e pela caracterização que fazia do caipira interiorano, Ripoli era fumante inveterado. Sempre enrolando seu cigarro de palha, fazia tipo nos jornais e nos programas esportivos da TV, onde aparecia com frequência, criticando juízes e dirigentes da (FPF). Foi o mentor intelectual e o agregador dos clubes do interior paulista que levaram a FPF a ter, pela primeira vez na história, um presidente do interior.
Vítima de câncer no pulmão, faleceu em 28/10/1983, pouco antes de seu 67º aniversário e do XV sagrar-se campeão da segunda divisão, voltando à elite do futebol paulista. Deixou 4 filhos: Tomaz Caetano Cannavam Ripoli (1947-2013), que foi professor titular da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz-USP; Elizabeth Cannavam Ripoli (1952), pianista profissional e empresária musical; Antonio Roberto de Godoi (1957), engenheiro de comunicações, pesquisador e empresário; e Edson Diehl Ripoli (1964), general do Exército Brasileiro.
Por onde quer que eu vá continuo escutando suas histórias.
Marco Lorenzzo Cunali Ripoli, Ph.D é engenheiro agrônomo e mestre em Máquinas Agrícolas pela ESALQ-USP e doutor em Energia na Agricultura pela UNESP, consultor, disruptor, empreendedor, mentor e fundador do programa transformacional O AGRO NÃO PARA.