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24º Fórum Nacional da Soja: o mercado da oleaginosa



Argemiro Luís Brum
No recente Fórum Nacional da Soja, foram debatidas as tendências do mercado desta oleaginosa, além das questões sobre a biotecnologia e a economia (assuntos abordados no comentário passado). Segundo o sócio-diretor da Agroconsult, senhor André Pessoa, o mercado mundial da soja continua em desequilíbrio, com estoques baixos diante de uma demanda alta. Nesse contexto, o patamar de preços se mantém elevado. Auxilia nessa tendência o fato de que a demanda mundial deve continuar crescendo em favor de produtos industrializados. No curto prazo, os EUA e a Argentina, neste ano 2012/13, não conseguiram obter a safra inicialmente esperada, embora o Brasil esteja apontando para uma safra recorde. Assim, os patamares de preços internacionais, com base em Chicago, deverão permanecer ao redor dos excelentes valores de US$ 14,00/bushel, particularmente no primeiro semestre de 2013. Todavia, alertamos que a respeito do ano de 2013/14, a tendência pode se inverter se as safras mundiais de soja forem boas. Isso permitirá melhorar os estoques finais e as cotações recuariam para níveis ao redor de US$ 12,50/bushel (importante se faz salientar que, em seu Fórum Outlook de fevereiro passado, o USDA apontou para preços médios da oleaginosa de apenas US$ 10,50/bushel para 2013/14). Em termos de Brasil, todavia, o quadro poderá ser mais severo já nesta safra em razão dos grandes problemas de logística que temos. Nossos portos não conseguem escoar a soja na cadência necessária, levando a crescentes estoques internos quando de safras cheias como a deste ano. Ora, isso tende a baixar os prêmios nos portos, com consequência direta no recuo dos preços finais recebidos pelos produtores rurais. Aliás, é a nossa falta de logística que vem mantendo, no momento, os preços da soja ainda elevados em Chicago, pois o mercado se volta para o produto dos EUA num momento em que a oferta local é pequena.

24º Fórum Nacional da Soja: o mercado da oleaginosa (II)
A situação nesse aspecto é tão séria que “não se trata mais de saber quanto o Brasil produzirá de soja mas sim de quanto ele irá conseguir embarcar”, segundo André Pessoa. Dito de outra forma, nossa capacidade de exportação chega a 73 milhões de toneladas nos meses em que temos a disponibilidade de grãos para a venda externa (soja e milho). Para darmos conta deste volume, nossos portos teriam que trabalhar em um nível de eficiência ao redor de 90%. Todavia, no máximo temos chegado a um nível de eficiência de 75%. Ou seja, em anos de safra cheia, como este de 2013, não se consegue exportar toda a produção disponível no tempo adequado. Isso significa sobra interna de produto, prêmios mais baixos nos portos e preços nacionais para soja e milho mais baixos aos produtores rurais. Se a infraestrutura em geral deste país não melhorar, o que não se consegue rapidamente, nossa produção tende a ficar parcialmente parada. Caímos então numa contradição fundamental: aumentamos a produção, porém, não temos capacidade de escoamento suficiente, sem falarmos em armazenagem. Esse fato coloca o aumento de produção como uma “Espada de Dâmocles” sobre as cabeças dos produtores brasileiros, pois acaba jogando contra a melhoria de renda dos mesmos, embora o mundo continue a demandar cada vez mais produtos primários, em especial soja e milho. Em síntese, o futuro pode ser promissor, porém, o mesmo depende do equacionamento estrutural de enormes gargalos que ainda persistem no país e que não estão sendo suficientemente atacados pelo poder público. E essa realidade já vem de mais de uma década.
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