No final de outubro/24 tivemos uma reunião do grupo BRICS em Kazan, na Rússia. A principal ideia, que ali se discutiu, foi a da criação de uma moeda própria para substituir o dólar estadunidense nas suas transações comerciais. Pretendemos, nesta e nas próximas colunas, esclarecer alguns aspectos a esse respeito. O BRICS é um acrônimo criado pelo economista Jim O'Neill, do banco Goldman Sachs, em estudo publicado em 2001, que mapeou as economias do Brasil, Rússia, Índia e China, considerando-as como potências emergentes que, um dia, poderiam alcançar o desenvolvimento pleno.
Vendo ali uma possibilidade de força conjunta, dentro do cenário global, os citados países passaram a se reunir, consolidando a sigla na prática. Em 2011 a África do Sul ingressou no grupo e o mesmo recebeu o acréscimo do S. Mas a prática tem mostrado que o Grupo não é um bloco econômico. Na verdade, nestes quase 25 anos de sua existência, o mesmo funcionou muito mais como um instrumento geopolítico. Recentemente, observando o caminhar econômico dos seus membros, o criador da sigla indicou que, hoje, o BRICS deveria ficar somente com o C, pois apenas a China demonstra capacidade para ser desenvolvida. Mas o Grupo está criado e, na sua lógica político/ideológica, decidiu por sua ampliação a partir de 1º de janeiro de 2024.
Assim, nele ingressaram países que estão longe de serem potências econômicas emergentes, além de muitos serem ditaduras como China e Rússia o são. Os convidados foram: Egito, Irã, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Arábia Saudita. A Argentina, que havia aceito o convite, após a posse do presidente Milei declinou do mesmo. Agora, nesta reunião de Kazan, decidiu-se por nova ampliação do Grupo, com os países convidados participando do mesmo na categoria de “parceiros”. São eles: Argélia, Belarus, Cuba, Bolívia, Indonésia, Malásia, Turquia, Uzbequistão, Cazaquistão, Tailândia, Vietnã, Nigéria e Uganda.
Por posicionamento do Brasil, a Venezuela e a Nicarágua foram excluídas do convite, fato que vem gerando reações venezuelanas. Na prática, o BRICS se movimenta particularmente pelos interesses da China e da Rússia e está longe de ser um Grupo de postura econômica homogênea. Longe disso: nem mesmo os dois maiores expoentes se entendem nesta área.(segue)