Brusone
(Pyricularia oryzae) Culturas Afetadas: Arroz, Arroz irrigado
Sinônimo: Pyricularia grisea
Teleomorfo: Magnaporthe grisea
A brusone é considerada a doença mais importante do arroz. Os primeiros registros sobre sua ocorrência datam de 1600 e foram feitos na China. Também foi descrita atacando o trigo.
O termo brusone é adaptado do italiano “bruzone” e foi adotado na tradução para a língua portuguesa. Na Europa, a doença é conhecida de longa data, tendo sido relatada na Itália em 1828. Em inglês é chamada de “blast”, em razão da queima das folhas que provoca quando ocorre de modo severo. A distribuição da doença é bastante ampla, sendo encontrada em praticamente todas as regiões onde o arroz é cultivado em escala comercial.
As perdas são variáveis em função da variedade cultivada e dos fatores climáticos prevalecentes nas áreas de cultivo. No Brasil, alguns dados revelam perdas no peso de grãos da ordem de 8-14%, enquanto índices de 19-55% de espiguetas vazias foram observados em experimentos conduzidos em condições de campo.
Danos: A brusone pode ocorrer em todas as partes aéreas da planta, desde os estádios iniciais de desenvolvimento até a fase final de produção de grãos. Nas folhas, os sintomas típicos iniciam-se por pequenos pontos de coloração castanha, que evoluem para manchas elípticas, com extremidades agudas, as quais, quando isoladas e completamente desenvolvidas, variam de 1-2 cm de comprimento por 0,3-0,5 cm de largura. Estas manchas crescem no sentido das nervuras, apresentando um centro cinza e bordos marrom-avermelhados, às vezes circundadas por um halo amarelado. O centro é constituído por tecido necrosado sobre o qual são encontrados as estruturas reprodutivas do patógeno.
A dimensão do bordo está diretamente relacionada com a resistência da variedade e com as condições climáticas, sendo estreita ou inexistente em variedades muito suscetíveis. As manchas individualizadas podem coalescer e tomar áreas significativas do limbo foliar; neste caso, aparecem grandes lesões necróticas, que se estendem no sentido das nervuras. A redução da área foliar fotossintetizante tem um reflexo direto sobre a produção de grãos. Quando a doença ocorre severamente nos estádios iniciais de desenvolvimento da planta, o impacto é tão grande que a queima das folhas acaba por levar a planta à morte.
Nos colmos, mais precisamente na região dos entre-nós, os sintomas evidenciam-se na forma de manchas elípticas escuras, com centro cinza e bordos marrom¬avermelhados. As manchas crescem no sentido do comprimento do colmo, podendo atingir grandes proporções. Esporos do patógeno podem estar presentes sobre o tecido necrosado das lesões.
Os sintomas característicos nos nós são lesões de cor marrom, que podem atingir as regiões do colmo próximas aos nós atacados. As lesões provocam ruptura do tecido da região nodal, causando a morte das partes situadas acima deste ponto e a quebra do colmo, que, no entanto, permanece ligado à planta.
Nas panículas, a doença pode atingir o raque, as ramificações e o nó basal. As manchas encontradas no raque e nas ramificações são marrons e normalmente não apresentam forma definida; os grãos originados destas ramificações são chochos. A infecção do nó da base da panícula é conhecida como brusone do pescoço e tem um papel relevante na produção. O sintoma expressa-se na forma de uma lesão marrom que circunda a região nodal, provocando um estrangulamento da mesma. Quando as panículas são atacadas imediatamente após a emissão até a fase de aparecimento de grãos leitosos, a doença pode provocar o chochamento total dos grãos; as panículas se apresentam esbranquiçadas e eriçadas, sendo facilmente identificadas no campo. Quando as panículas são infectadas mais tardiamente, ocorre redução no peso dos grãos ou a quebra da panícula na região afetada, caracterizando o sintoma conhecido por pescoço quebrado.
Os grãos, quando atacados, apresentam manchas marrons localizadas nas glumas e glumelas, as quais são facilmente confundidas com manchas causadas por outros fungos. Além da infecção externa, o patógeno pode atingir o embrião, sendo veiculado também internamente à semente.
Controle: As perdas de produtividade podem ser reduzidas com o emprego de variedades resistentes, práticas culturais e aplicação de fungicida de maneira integrada. Deve-se utilizar sementes sadias e livres do patógeno, bem como adotar práticas quarentenárias, visando evitar a entrada do patógeno em novas áreas, como também a entrada de novos patótipos. Em áreas extensivas de arroz de sequeiro deve-se realizar um bom preparo do solo, com aração profunda, e o plantio deve ser feito com uniformidade e a 2 cm de profundidade. O uso balanceado de fertilizantes também contribui para o controle da brusone. Adubação com alta concentração de Nitrogênio favorece o aparecimento de doenças.
No controle da brusone são empregados fungicidas tanto no tratamento de sementes quanto em pulverizações da parte aérea. Recomenda-se o uso de produtos registrados para a cultura.