Breve Histórico da armazenagem no Brasil
Dos anos 40 a 60 foram construídos no Brasil inúmeros armazéns chamados convencionais de fundo plano, sem transportadores de carga e descarga, pois se tratavam de armazéns para sacaria especialmente para armazenagem de café e arroz e contavam com maquina de limpeza e secador intermitente. A partir da granelização dos anos 60, esses armazéns ficaram defasados e praticamente com utilidade apenas para café e algodão, mas sem finalidade para a armazenagem dos produtos de grandes lavouras de grãos a granel.
Nas décadas de 60 e 70, iniciavam-se com boa intensidade a granelização da armazenagem com o abandono da sacaria nas grandes culturas e a construção de silos graneleiros com fundo plano ou em "V" que contavam com máquina de limpeza, secagem contínua de grãos, transportes a granel para carga e descarga nas empresas particulares, públicas e cooperativas, entretanto, ainda sem os recursos de termometria para monitorar a temperatura dos grãos. Paulatinamente, entravam no Brasil os silos metálicos com recursos indispensáveis de termometria e aeração para armazenagem segura dos grãos e os graneleiros também passaram a receber os mesmos recursos.
Entretanto, a própria legislação era antiquada e ineficaz, pois, datada de 1904, não regulamentava as condições para armazenagem segura e grande percentual da produção armazenada era perdida, pois as unidades não possuíam tecnologia adequada. Devido a defasagem tecnológica, os silos possuíam mínima eficiência com elevadas perdas além de uma má distribuição espacial particularmente nas unidades publicas e praticamente sem controle de estoques por parte do governo. O Governo Federal procurou expandira rede armazenadora e disciplinar a armazenagem, especialmente motivado pelos problemas que o país enfrentou de desabastecimento durante a II Guerra Mundial e procurou faze-lo através do Decreto-Lei nº 7.002 de 1944. O programa de financiamento e estímulo, entretanto, não teve sucesso, pois a atividade agrícola sem seguro é considerada de risco e os investimentos são elevados e podem ser de retorno muito lento.
Em 2000 foi aprovada nova lei que levou o numero 9.973, que trata da armazenagem no Brasil e que representa um avanço e disciplina à atividade exigindo recursos tecnológicos como termometria, aeração e outras providências com vistas a eliminar perdas e melhorar os controles de estoque com a exigência de informações claras sobre as capacidades de beneficiamento e a capacidade estática dos silos em cada unidade, particular ou pública para a formação do Cadastro Nacional da Armazenagem.
Capacidade armazenadora
A questão de armazenagem no Brasil era "grave" ate o inicio desta década, neste momento passa a ser "muito grave" especialmente pelo crescimento lento da capacidade armazenadora e rápido o crescimento agrícola que experimentamos nestes três últimos anos. Regiões em que a armazenagem era deficitária e os silos encontravam-se completamente cheios, a solução encontrada era estocar grãos a céu aberto, confiando na regularidade das chuvas em períodos bem definidos em que não chove no centro-oeste.
Outras regiões também tem déficit armazenador como os Estados do Rio Grande do Sul, Paraná e outros, sendo indispensável a realização de investimentos urgentes na expansão da área armazenadora e no nosso entendimento privilegiando as aplicações em armazenagem na propriedade rural.
Dados da Conab, referente a fevereiro de 2004, informa que dispúnhamos então, 94.080.431 toneladas de capacidade estática total e apenas 69.348.512 toneladas de capacidade armazenadora a granel em silos e graneleiros o que representa um valor extremamente baixo e insuficiente para a produção nacional de aproximadamente 125 milhões de toneladas. As restantes 24.713.912 toneladas do sistema convencional de armazéns são próprios apenas para armazenagem de grãos ensacados e não se prestam para grãos a granel, embora em alguns casos estes armazéns tenham sido adaptados e transformados para receber grãos a granel.
Fonte: WEBER, Érico Aquino. Excelência em beneficiamento e armazenagem de grãos. Canoas: Salles, 2005.