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Secagem de arroz irrigado em silo-secador-armazenador

Confira os métodos de secagem utilizados com êxito por diversos produtores



O arroz é o principal alimento para a grande maioria da população da América Latina e do Caribe. No Brasil, é o responsável por 18% das calorias e 12% das proteínas da dieta básica da população. A disponibilidade e o preço do produto, por um lado, e o poder aquisitivo da população, por outro, têm feito com que o consumo médio de arroz no Brasil varie entre 42 a 47 Kg/habitante/ano, tomando-se por base o grão processado.

A Ásia é responsável por 90% da produção mundial. Na América Latina, o Brasil se destaca como o maior produtor, com uma produção de aproximadamente 11 milhões de toneladas, gerando em torno de 250 mil empregos diretos e indiretos. Segundo alguns estudos, o Rio Grande do Sul é responsável por cerca de 41% da produção brasileira, a maior entre os estado da federação, onde representa 3,1% do PIB (Produto Interno Bruto) e gera 175 milhões em ICMS (Imposto para Circulação de Mercadorias e Serviços).

Os métodos de secagem podem ser divididos em secagem natural, que utiliza a energias solar e eólica, e secagem artificial, que pode ser estacionária, contínua, intermitente ou seca-aeração. Em vista das limitações do método natural de secagem, que necessita da ocorrência de combinações favoráveis de fatores sob os quais não se tem controle, os métodos mais comumente empregados são os artificiais. A secagem artificial ou forçada do arroz é amplamente utilizada em regiões que aplicam alta tecnologia de produção. Os métodos de secagem artificial empregam diversas condições de temperatura e fluxo de ar, tempo e formas de movimentação das sementes ou dos grãos e de contato entre ar e grãos, havendo muitos modelos de secadores comerciais, de acordo com o princípio de operação.

A secagem estacionária é um método artificial que, basicamente, se caracteriza pela passagem forçada do ar, em fluxo axial ou radial, através da camada de grãos que permanecem parados no compartimento de secagem. O ar utilizado pode ser aquecido ou não e os silos-secadores-armazenadores são adequados para a secagem estacionária. Dos sistemas forçados ou artificiais, é o único que pode utilizar ar não aquecido. A secagem que utiliza ar sem aquecimento depende das condições psicrométricas do ar ambiente e é muito lento, tendo como agravante, além da morosidade e do baixo fluxo operacional, o risco de desenvolvimento microbiano durante o processo. A secagem estacionária, realizada em silo-secador-armazenador, está sendo utilizada com êxito por diversos produtores, entretanto, ainda requer muitos estudos.

Os combustíveis mais utilizados na secagem do arroz são os sólidos, como a lenha e a casca do mesmo. Estes combustíveis, porém, não garantem uniformidade na secagem, causando grandes oscilações na temperatura durante a operação, razão pela qual a busca por combustíveis fluidos é uma saída para diminuir este problema. Com a liberação, por parte do governo brasileiro, do uso de derivados de petróleo como combustíveis para o aquecimento do ar na secagem de grãos agrícolas, abre-se uma porta para estudos desses combustíveis, como o gás liquefeito de petróleo (glp). Neste trabalho, o objetivo foi estudar os efeitos do uso do glp no aquecimento do ar no desempenho da secagem estacionária, em silos-secadores-armazenadores, e na uniformidade da umidade dos grãos de arroz irrigado, classe longo-fino.

O experimento de secagem foi conduzido na Estação Experimental de Arroz do Instituto Rio Grandense do Arroz (IRGA) em Cachoeirinha, RS, Brasil. A secagem foi realizada em três silos-secadores, com capacidade para 250 toneladas cada, dotados de fundo falso com chapa plana perfurada e plenum, ventiladores para insuflação e aspiração do ar e um sistema de termometria. Um dos silos-secadores possui queimador de glp tipo modulante com capacidade de gerar 100.000 kcal/h, para o aquecimento e condicionamento da Umidade Relativa do ar de secagem. O controle operacional foi feito pelo funcionário operador ou através de automação. Nos métodos que utilizaram controle operacional automático, os parâmetros foram definidos pelos pesquisadores e aplicados através de um "software" instalado no equipamento de automação, fornecido pela empresa DRYERATION.

Observando-se os resultados, é possível se verificar que quando usado o glp para condicionamento do ar, a secagem foi mais rápida do que os tratamentos com ar natural. Também se verifica que o uso de controle operacional automático foi mais eficiente do que o que usou o controle pelo funcionário operador (manual). A secagem muito lenta, além de aumentar o tempo operacional do processo, pode permitir desenvolvimento microbiano e posterior queda na qualidade final do produto.

Foi possível observar que o grau de umidade dos grãos nas diferentes "alturas" do silo foi mais uniforme no método em que foi utilizado glp para condicionamento do ar do que naqueles que utilizaram ar sem aquecimento. O primeiro método resultou em secagem mais uniforme em todo o silo, revelando ser esse método mais eficiente na secagem do que o com ar natural. Dentre os métodos que utilizaram ar ambiente natural, sem aquecimento, para a secagem estacionária, a monitorada com controle operacional automático foi mais uniforme que a realizada com controle operacional pelo operador.

Comparando-se os custos operacionais dos tratamentos pôde ser observado que o que usa glp para condicionamento do ar foi o de menor valor, deve-se isto ao tempo necessário para o processo ter sido o mais curto, pouco mais que a metade do que usa ar natural e operação automatizada e menos que a metade do que usa ar natural e operação manual. Com a redução do tempo para secagem diminuiu o consumo de energia elétrica, insumo de maior representação no custo.

O uso do glp no condicionamento do ar proporciona maior rapidez, mais uniformidade e menor custo na secagem estacionária do arroz, que a operação realizada com ar natural.

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