Via de regra, quando o agricultor se reporta à nutrição da sua lavoura, ele se fixa quase que exclusivamente nos nutrientes mais básicos da adubação: nitrogênio, fósforo e potássio (NPK). Mas não é apenas destes nutrientes que nossas plantas cultivadas necessitam para desenvolver-se adequadamente e produzir boas safras.
Segundo a Lei do Mínimo de Liebig, a produtividade de uma lavoura é limitada pelo nutriente disponível em quantidade abaixo da requerida pela cultura. Mesmo que os demais nutrientes estejam presentes em quantidades mais que suficientes, quem determina o teto de produtividade da lavoura é o nutriente mais limitante, não importa se ele é um macro ou um micronutriente.
Dentre os nutrientes que não são facilmente lembrados pelo produtor está o micronutriente zinco, elemento demandado em pequenas doses (g/ha) quando comparado aos macronutrientes (kg/ha), mas tão importante quanto. O zinco é essencial na síntese do triptofano e do ácido indolacético, além de cofator indispensável nas reações enzimáticas, participando de diversos ciclos bioquímicos das plantas, incluindo a fotossíntese e a síntese de proteínas. Em leguminosas como a soja, a carência de zinco limita a nodulação e a quantidade de N fixada.
Segundo estudos da FAO, a deficiência em zinco é uma das mais comuns, afetando as funções bioquímicas das plantas mundo afora, o que impede que as lavouras se desenvolvam adequadamente e produzam boas colheitas. Os níveis ótimos de zinco nas plantas variam de 20 a 120 mg/kg de peso seco do vegetal. Na soja, teores foliares considerados adequados estão entre 30 e 45 mg/kg.
O zinco teve sua essencialidade comprovada para as plantas em 1926, mas apenas a partir da década 1970 se começou a adicionar óxido de zinco aos fertilizantes, com o objetivo de repor no solo o zinco retirado pelas colheitas.
A quantidade de zinco necessária para as plantas é infinitesimal, o que caracteriza esse elemento como um micronutriente. No entanto, essa quantidade mínima regula todo o crescimento do vegetal, uma vez que entra na composição de diversas metaloenzimas e de hormônios essenciais para o desenvolvimento das plantas. Na soja, ele atua no crescimento da planta e na formação dos grãos. Para uma produção de 3.000 kg / ha de grãos da oleaginosa são exportados 120 gramas de zinco, ante exportações, por exemplo, de cerca de 160 kg de nitrogênio; mil vezes mais.
Os sintomas de carência de zinco nas plantas se manifestam nas folhas mais novas, devido à pouca mobilidade do micronutriente no tecido vegetal. Essas folhas ficam pequenas, com nervuras verde-escura, clorose internerval, coloração amarelo-ouro e formato lanceolado, conforme figura abaixo. Além disso, a deficiência do nutriente promove o encurtamento dos internódios, que resulta em plantas anãs. A adubação em altas doses de nutrientes como o fósforo e o cobre, por exemplo, pode limitar a absorção do zinco pelas plantas e induzir sintomas de deficiência.
Sintoma de deficiência de zinco nas folhas novas com clorose internerval de cor amarelo-ouro (Fonte: Agrolink)
O zinco é componente de rochas ígneas e sua presença no solo não está diretamente correlacionada com sua disponibilidade para as plantas. A melhor maneira para identificar deficiência de zinco é via diagnose foliar e sua reposição é realizada, principalmente, via adição de sulfato de zinco, a lanço ou via sulco. Baixos teores de zinco são mais frequentes em solos arenosos, calcáreos ou sódicos. Nutrientes metálicos como o zinco têm sua disponibilidade reduzida com o aumento do pH acima de 6-6,5.
Não descuide dos teores de micronutrientes em sua lavoura. Um bom diagnóstico foliar e análise de solo ajudarão na tomada de decisão quanto à necessidade de suprimento.
Nota; Colaboração de Marco Antonio Nogueira