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Você Quer Saber?


Rutinaldo Miranda Batista Júnior

Eu bem que poderia estar matando, roubando ou me prostituindo. Mas aqui estou. E tenho um grande segredo. Ai, será que devo contar? Sim, eu vou contar. Estou mesmo convencido. Chegou a hora. E não agüento mais. Todo mundo vai saber. Vai ter que me engolir (mesmo que seja com catchup). Mas devo contar mesmo? Vamos lá, Rutinaldo. Coragem, rapaz. Seje homi, meu filho! Afinal, você é o quê? Uma galinha ou um homem? Có... có-có... peraí... có-có-có... puxa, quanta indecisão! Não, não é possível. Já basta. Sim, eu vou contar! Eu devo contar. Agora, virou um compromisso moral. Não depende mais de mim. Tem outra pessoa envolvida nessa história. E esse alguém é você, leitor(a). Afinal, já que leu até aqui, é porque quer saber... ou será que não quer?... Credo! Agora fiquei na dúvida!... Realmente sou uma criatura duvidosa... Como é que vou saber que você quer saber que eu tenho que saber que você quer saber que eu devo saber o que você quer saber?!... Entendeu bem isso? Pois é isso mesmo. Talvez você não queira mesmo saber e... eu esteja lhe obrigando! Forçando a barra. Não, não posso acreditar. Que coisa nojenta! Será que cheguei a esse ponto?! Acabei me degenerando numa criatura horrorosa que quer obrigar os outros a lerem o que estou escrevendo? Será que me gabo tanto assim? Me sentindo totalmente “o cara”? Não, eu não sou esse cara. Esse cara NÃO sou eu. Pode ser até o Roberto Carlos. Mas eu é que não sou. Também não sou uma galinha. Apenas um escritor... nada mais que isso... Um mero escritor desconhecido. Que bota seu textinho aqui e acolá de vez em quando na internet. Pra alguém ler e matar o tédio. Ou seja, na minha pequena humildade. Eu sou simplesmente simples. Não! Eu não vou te obrigar a ler nada, meu amigo(a)! Não sou um tirano cruel das letras. O Sadam Hussein das palavras. Eu quero que você seja livre. E acho até que te amo. Por isso, mudei completamente de ideia. Não vou dizer mais nada. Nada mesmo. E faço tudo por puro amor. Sei que deve estar uma arara comigo. Leu essa porcaria de texto pra saber o que afinal? Absolutamente, nada! Que coisa triste, não é mesmo? E eu sei que agora vai ler até a última linha nem que seja pra me xingar mais. Por isso, acredite. Doeu mais em mim do que em você. E é uma pena que não esteja aí. Desse teu ladinho. Pra te dar aquele abraço camarada. Passar a minha força espiritual. E dizer que não foi uma completa perda de tempo. Não, não foi. Ao invés de ler essa crônica. Você poderia estar matando, roubando ou se prostituindo.

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