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O agro está preparado para inovar na comunicação?



Nestor Tipa Júnior

Nestor Tipa Júnior
Jornalista, sócio-diretor da AgroEffective

O agronegócio brasileiro sempre foi referência em inovação tecnológica. Quem conhece o setor sabe: não faltam máquinas de ponta, dados na nuvem e gestão profissional. Mas quando o assunto é comunicação, é preciso reconhecer – com honestidade – que ainda estamos alguns passos atrás.

Existe um atraso estrutural. A maioria dos projetos de comunicação no agro ainda é reativa, episódica e, muitas vezes, improvisada. Campanhas começam sem planejamento, redes sociais são tratadas como vitrines e a imprensa só é procurada quando há problema. Isso cria um ciclo vicioso: o setor fala pouco, mal ou tarde demais. E quando não se comunica, abre espaço para que falem por ele.

A inovação no agro não pode parar nos portões da fazenda. Assim como o setor incorporou tecnologias para produzir mais e melhor, ele também precisa incorporar estratégias modernas de comunicação. E isso significa muito mais do que “postar nas redes sociais” ou “divulgar um release”. Significa trabalhar posicionamento, reputação, presença digital, mídia qualificada, construção de narrativas e relacionamento com diferentes públicos.

O grande ponto é: o agro precisa deixar de ver a comunicação como um custo e começar a enxergar como o que realmente é – uma ferramenta estratégica, assim como consultorias técnicas e de mercado no qual o setor investe bastante.

Não adianta investir em genética, produtividade e exportação se, ao mesmo tempo, o setor não consegue explicar o que faz, por que faz e qual o impacto disso para a sociedade. A distância entre o campo e a cidade não é só geográfica – é, muitas vezes, de linguagem e percepção. E só se preenche essa lacuna com comunicação de qualidade.

É claro que existem bons exemplos e movimentos em curso. Mas ainda são exceção. O que falta é escala, constância e, principalmente, visão de futuro. Porque quem quer ocupar espaço precisa se fazer presente. E quem quer ser ouvido precisa começar a falar – com estratégia, profissionalismo e coragem para inovar.

A pergunta não é se vale a pena investir em comunicação. A pergunta é: quanto tempo o agro ainda pode esperar para fazer isso?

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