O VBP cresceu consistentemente ao longo das últimas temporadas no Brasil. Mesmo em tempos de Coronavírus, em seu levantamento de maio, o MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) estimou para a temporada 2019/2020 um VBP recorde, de quase R$ 704 bilhões (R$ 469 bilhões das lavouras e 234 bilhões da pecuária); 8,5% superior ao valor de 2018/2019.
Segmentando por regiões, o montante maior correspondeu à Região Centro Oeste (R$ 219 bilhões), seguida pela Sudeste (R$ 172 bilhões), Sul (R$ 168 bilhões), Nordeste (R$ 66 bilhões) e Norte (R$ 44 bilhões). Tal conquista é devida à robusta colheita de grãos (251 Mt) e aos bons preços de venda das commodities agrícolas, sustentados pela alta do dólar. Os preços do milho, soja e café arábica subiram, respectivamente, 19,7%, 11,8% e 20,4%, em relação à safra 2018/2019, segundo dados do último levantamento da Conab, veiculado em 9 de junho do presente ano.
A safra de grãos poderia ter sido cerca de 10 milhões de toneladas (Mt) superior, não fosse a contrariedade climática ocorrida no Rio Grande do Sul, que gerou quedas de 43% e 32% nas produções de soja e de milho, respectivamente. Mesmo assim, a produção de grãos no Brasil, na safra 2019/2020, será quase 10 Mt maior que a da safra anterior, em virtude de aumentos na produção de alguns estados, principalmente Paraná, São Paulo, Mato Grosso do Sul e Tocantins.
A área cultivada com grãos na temporada 2019/2020 foi de 65,6 milhões de hectares (Mha), 2,3 Mha maior do que a área da safra 2018/2019 (63,3 Mha). A maior parcela dessa área foi ocupada com a semeadura de soja (36,8 Mha) e de milho (18,5 Mha).
Para conhecer o montante exato de grãos produzidos no Brasil no exercício 2019/20, ainda falta finalizar a colheita do milho safrinha e saber qual será a produção das culturas de inverno (trigo, cevada, centeio, canola...), ainda em processo de estabelecimento das lavouras, assim como quanto milho será colhido na 3ª safra do grão, cuja colheita ocorrerá mais para o final do ano.
Com a colheita finalizada, a soja deverá fechar a temporada, mais uma vez, como a cultura líder na produção de grãos do Brasil, com safra recorde superior a 120 Mt, seguida pelo milho (101 Mt), que, juntos perfazem quase 90% da produção nacional de grãos. Arroz (11,1 Mt), trigo (5,7 Mt) e feijão (3,07 Mt) totalizam outros 8%, deixando 2% para outras lavouras de menor importância (sorgo, girassol, canola, cevada e aveia, entre outras).
A liderança entre os estados na produção de soja e de milho, pertence ao estado do Mato Grosso, com 35,4 Mt e 34,2 Mt, respectivamente. O Paraná, segundo maior produtor de soja e milho do Brasil surpreendeu na produção de ambos os grãos, pois, embora tenha sido contemplado com poucas chuvas, elas foram bem distribuídas ao longo do ciclo das duas lavouras, que resultaram em excelentes produtividades, principalmente da soja, cuja produção (20,7 Mt) foi 27,8% maior que a da safra anterior (16,2 Mt).
Com apoio fundamental das culturas graníferas, a produção agropecuária brasileira representa quase 10% do PIB nacional e sinaliza com potencial de crescimento ainda maior. Dito de outra forma, o aumento da eficiência dos abnegados agricultores brasileiros, cada vez mais antenados com os avanços tecnológicos, tem promovido o aumento da produtividade da agricultura brasileira e impedido uma retração ainda maior da economia do País, em decorrência da pandemia que estamos vivenciando.