Uma breve análise e reflexão sobre a utilização do Crédito Rural no Estado do Rio Grande do Sul. Na edição do último Relatório Econômico 2021 e Perspectivas 2022 publicado pela Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul – FARSUL, Coordenado pelo Departamento de Economia e liderado pelo Economista-Chefe Antônio da Luz, encontramos um cabedal espetacular de informações, aliás todo o produtor rural deve acessar o sítio da FARSUL, onde além do relatório vai encontrar o maior, melhor e mais acessível banco de dados sobre o Agro – o FARSUL BIG DATA, lá, amigo produtor, você encontrará quaisquer informações que podem lhe auxiliar em algumas tomadas de decisões estratégicas no seu empreendimento.
Todavia, o assunto de hoje é Crédito Rural, (Custeio, Investimento e Comercialização), em especial, vamos analisar Custeio e Investimentos, aliás, um expediente espetacular para alavancagem de negócios no meio rural.
CUSTEIO:
Conforme o gráfico (pág 45 do Relatório) os financiamentos de custeios absorveram 64% em 2020 e 61% em 2021, enquanto que em investimentos absorveram 21% em 2020 e 25% em 2021do total contratado em Crédito Rural.
Percebe-se que os produtores buscam muito mais Custeio (Capital de Giro) do que Investimentos na tomada do crédito.
Na relação Custeio x Investimento temos um percentual de 208% superior em 2020 e 143% em 2021. Em que pese o aumento da tomada de investimentos na ordem de 73,3% em 2021 sobre 2020 (análise seguinte) ainda os produtores evidenciam uma dependência muito grande do custeio em relação ao total da tomada de crédito.
São culturas de grãos que mais absorvem as verbas de custeio no RS sendo: Soja 60%, Milho 14%, Arroz 14% e Trigo 12% conforme a ilustração na página 48 do relatório.
INVESTIMENTOS:
Esta carteira merece atenção especial, pois os investimentos indicam, proporcionam melhores e mais condições para se produzir mais e melhor.
Todavia, a forma de como os produtores rurais investem no RS pode explicar muitas coisas diante da realidade que estamos vivendo, agora, em 2022.
Diante do quadro abaixo que informa os principais tipos de produtos da carteira de investimentos do Crédito Rural. (2020 e 2021):
- Investimentos em VEÍCULOS, MÁQUINAS, IMPLEMENTOS E TRATORES, representam 57,1% da carteira de investimentos e, com aumento de 93% em relação ao ano anterior;
- Investimentos em SOLO (Correção e Fertilização) representa apenas 3,84% com queda expressiva de (-19%) em relação ao ano anterior;
- Investimentos em ARMAZENAGEM representa razoáveis 8,21% com significativo aumento de 44% em relação ao ano anterior;
- Investimentos em IRRIGAÇÃO representam apenas 3,70%, em que pese um aumento expressivo de 123% em relação ao ano anterior;
- Investimentos em BENFEITORIAS e INSTALAÇÕES, representam 9,47% também com aumento importante de 62% em relação ao ano anterior;
- Investimentos em FRUTICULTURA, PECUÁRIA, AGROINDÚSTRIA e OUTROS, representam 17,55% e, com importante aumento de 70% em relação ao ano anterior;
Algumas considerações e questionamentos sobre a decisão de investimentos/Custeios:
- Por que o aumento de 93% nos investimentos em VEÍCULOS, MÁQUINAS, IMPLEMENTOS E TRATORES, sendo que o aumento de área nas principais culturas de grãos foram: Soja 1,9%, Arroz (-0,25), Milho 3,8% e Trigo 25%? Renovação de frota apenas?
- Investimentos em SOLO de apenas 3,84%, com queda expressiva de 19% em relação ao ano anterior. Solos já “ricos” em fertilização? Ou apenas nas áreas novas?
- Investimentos em IRRIGAÇÃO ainda em pequena proporção no valor de 3,7%, todavia com aumento expressivo de 123% em relação ao ano anterior. Para a maioria que “surfou nas ondas” dos anos bons fez com que este importante investimento ficasse relegado à tal insignificância. E os arrendatários, investir em área de Terceiros? E agora?
- Aumento de 36,7% na tomada de custeio de 2020 para 2021. Inflação de Custos, aumento de área em apenas 4,4% ou aumento da dependência de Capital de Giro?
Lembrando mais uma vez, o Crédito Rural é uma poderosa ferramenta para Alavancagem de Negócios.
Finalizando, chamamos os produtores rurais para exercerem mais as análises em Investimentos produtivos, ou seja, solo e água para suas explorações.
Econ. Rogério Bastos
R&S Training Rural – www.rstrainingrural.com.br
Júlio de Castilhos/RS