O controle biológico ainda é tímido no Brasil, mas cresce anualmente. Dentre as barreiras para uma maior disseminação podemos citar o alto investimento para o desenvolvimento de tecnologias em formulações e a exigência de profissionais especializados para fornecer orientações técnicas sobre o produto e sua aplicação aos agricultores.
Simplificando, os biodefensivos são produtos utilizados na agricultura para controlar pragas e doenças e em alguns casos específicos, podem auxiliar no aumento da produtividade. São compostos por microrganismos, como bactérias, fungos e vírus, além de insetos parasitoides e predadores naturais das pragas, hormônios e óleos vegetais também podem ser utilizados para combater perdas nas plantações de modo natural.
Diferente dos produtos químicos, os biodefensivos, sofrem alterações de estabilidade e concentração mais rapidamente e devem chegar ao produtor com alto grau de pureza e levar ao campo estruturas vivas de reprodução dos microrganismos. Para isso, as formulações devem conter componentes que auxiliam na proteção dos agentes de controle biológico contra altas temperaturas e radiação ultravioleta para evitar a degradação do ativo. Outra característica fundamental da formulação é ter uma boa solubilidade para não ocorrer entupimento de bicos durante a aplicação do produto.
A armazenagem assume um papel importante na viabilidade dos microrganismos, pois algumas formulações virais necessitam de refrigeração em 100% do tempo. Produtos a base de fungos e bactérias podem suportar até 40 dias sem refrigeração, desde que a temperatura não ultrapasse 28ºC.
Empresas do setor estão empenhadas no desenvolvimento de novas tecnologias diante dos desafios encontrados, como exemplos, o encapsulamento dos ovos parasitados por Tricogramma liberados por drones na lavoura para o controle de lagartas e o encapsulamento de conídios de fungos entomopatogênicos que parasitam insetos, possibilitando o armazenamento sem refrigeração por até 12 meses.
Os biodefensivos são uma importante alternativa para minimizar a resistência gerada pelo uso contínuo dos químicos. O aumento da preocupação de consumidores com segurança alimentar e exigências quanto ao nível de resíduos nos produtos exportados, faz aumentar o interesse das grandes indústrias por esse mercado, incluindo em seus portfólios os defensivos biológicos. Por apresentarem menor toxicidade aos organismos não alvos e serem agentes de baixo risco, favorecem medidas políticas para registro rápido e prioritário. Quando a agricultura consciente e o Manejo Integrado de Pragas (MIP) forem utilizados em conjunto com a agricultura convencional, o controle biológico terá seu lugar merecido nas lavouras brasileiras.