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Um fórum para pensar o agronegócio


Decio Luiz Gazzoni
Esta semana participei do Global Agribusiness Forum, que reuninu importantes lideranças e autoridades de todo o mundo, para discutir grandes temas do agronegócio mundial. Impossível comentar todas as discussões, vamos aos dois principais debates. O primeiro mostrou o impacto das Mudanças Climáticas Globais (MCG) na agricultura e as formas de enfrenta-lo. A Embrapa expôs que a região intertropical, embora afetada, será menos prejudicada que os países de clima frio ou temperado. Sua proposta para reduzir os impactos é a tecnologia adequada, sustentável, o que inclui ILPF, manejo adequado do solo, irrigação, rotação e diversificação de culturas, observância do zoneamento agroecológico e dos sistemas de produção recomendados. Já o representante do Greenpeace preconizou o uso da agricultura agroecológica, citando bons resultados obtidos por pequenos agricultores no Gabão e Burkina Faso.

O segundo grande tema foi a agroenergia, com pano de fundo na interface com as MCG, devido às emissões de gases de efeito estufa. Os participantes concordaram que é fundamental dispor de políticas públicas que incentivem ao máximo o uso de biodiesel, bioetanol, biogás, bioeletricidade e biohidrogênio. Mesmo de custo mais elevado, seu uso ainda é mais viável para a sociedade do que os impactos negativos previstos com as MCG. Uma pergunta efetuada pela plateia ficou sem resposta: por que o Governo brasileiro agiu em sentido inverso, destruindo o setor sucroenergético, que servia de exemplo e inspiração para o mundo? Se algum leitor tiver a resposta, o mundo agradece.
A nota destoante veio do representante do Ministério da Agricultura de Cuba, o qual teceu loas ao primoroso sistema de planejamento e de apoio à produção agropecuária na ilha, que teria potencializado a produção após a revolução castrista. Entretanto, não conseguiu responder por que existe racionamento de alimentos há 50 anos e por que o país dispende quase US$ 2 bilhões anuais em importação de alimentos.

A conclusão final, nada original, é que os olhos do mundo se voltam para o Brasil, de quem se espera que contribua com 40% da necessidade adicional de produtos agrícolas, estimada para ocorrer nos próximos 40 anos.
 
O autor é Engenheiro Agrônomo, pesquisador da Embrapa Soja.

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