Rui Alberto Wolfart
Engenheiro Agrônomo
Escritor
Delegado da APROSOJA/MT
Presidente da Associação das Diversidades Intelectuais -ADIN Tangará da Serra/MT
Tragédia
Em 1.988 o Brasil fez um novo Contrato Social, lembrando a obra de Jean Jacques Rousseau, com a promulgação da Constituição em vigor. Trata-se de pacto em que os cidadãos abrem mão de seus direitos individuais e delegam ao Estado poderes para agir em seu nome, resultando que ele tem o dever de protegê-los. O Rio Grande do Sul, de 1.824 em diante, passou por transformações monumentais com a colonização alemão e posteriormente em 1.870 com a italiana. O crescimento econômico foi gigantesco e, já em 1.865, o governador da época Francisco do Rego Barros falava de tal feito. A população atualmente espraiada nessa região ora afetada por essa tragédia é composta por descendentes dessas migrações. Esses patrimônios públicos ou privados afetados são produtos da construção laboriosa de gerações. Se, as cenas do avanço da água em áreas urbanas impactam, também ocorrem pelo esforço e solidariedade de ajudar o “próximo” nos resgates, não menos o são pela destruição gigantesca da infraestrutura de: saúde, educação, rodovias, pontes, fábricas, frigoríficos, barracões, armazéns, instalações suínas, avícolas, leiteiras, redes elétrica e de telefonia, empreendimentos comerciais; caminhões, veículos e tantos outros. Enfim, há um cenário de devastação como se fosse produto de uma guerra. Agora é a hora verdadeira, do efetivo apoio com medidas dos poderes públicos e seus agentes, com a elaboração de um plano emergencial de reconstrução. Imediatamente, deveria ser feita a liberação de linhas emergenciais de recursos financeiros para o enfrentamento dos diferentes matizes dessa destruição, para os governos estadual e municipais, à iniciativa privada, aos cidadãos, para que se busque restabelecer o mais rapidamente um mínimo de funcionamento de todo esse aparato urbano. Aos produtores rurais medidas para cobrir as perdas financeiras com Seguro Renda das produções de arroz, soja, milho, leite, aves, suínos, gado leiteiro e de corte, não importando o porte dos produtores; alongamento por 10 anos com carência de 3 anos de todos os financiamentos rurais contratados anteriormente; linhas de financiamento para reconstrução da infraestrutura rural; concessão de empréstimos de custeio não vinculantes à atual capacidade financeira desses agentes econômicos. Tudo isso para a manutenção do Homem no campo e dessas atividades econômicas essenciais ao Brasil. Não é tempo de procrastinações.
Com as medidas, que venham a ser tomadas em apoio a essa realidade brutal vivida por centenas de milhares de gaúchos, ver-se-á, se o Contrato Social está em vigor ou não.
Rui Alberto Wolfart