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Tokenização facilita investimento em CPRs e CDAs



Tiago Piassum

As CPRs (Certificados de Recebíveis do Agronegócio) e as CDAs (Certificados de Depósito de Créditos Agrícolas) são dois dos instrumentos financeiros mais importantes do agronegócio. As CPRs são títulos de renda fixa que representam direitos creditórios provenientes de operações de financiamento realizadas com o agro. Elas são emitidas por instituições financeiras, agências de desenvolvimento e outras entidades autorizadas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). As CDAs, por sua vez, são outro tipo de título de renda fixa que representa direitos creditórios de operações de financiamento dentro do agronegócio. Emitidas por bancos e outras instituições financeiras, os devedores das CDAs também são empresas do agronegócio, como produtores rurais, cooperativas e agroindústrias. 

Apesar de sua imensa importância, as CPRs e CDCAs apresentam diversas ineficiências. A obtenção de financiamento por meio desses instrumentos, por exemplo, pode ser trabalhosa e demorada, frequentemente exigindo uma extensa burocracia e numerosos intermediários. A falta de agilidade atrasa o acesso aos fundos necessários e aumenta os custos para os produtores. A liquidez desses instrumentos pode ser limitada, já que eles são geralmente negociados em bolsas tradicionais, que nem sempre oferecem condições ideais para transações rápidas e eficientes. Outro ponto crítico é o risco de crédito significativo, pois o pagamento depende da estabilidade financeira do devedor, que pode ser volátil devido à natureza do setor agropecuário. 

O crescimento das CPRs, nos últimos três anos, é impressionante: de acordo com Boletim de Finanças Privadas do Agro, os valores em estoque registrados do título saltaram de R$170 bilhões, em julho de 2022, para R$ 266 bilhões em julho/2023, com 57% de elevação. Apesar dos números exorbitantes, os títulos também apresentam alguns pontos negativos. Os certificados têm menor liquidez em comparação aos títulos de renda fixa emitidos pelo governo, e há um risco de crédito, pois o pagamento depende da capacidade de reembolso do devedor. Essa burocracia atrasa o acesso aos fundos necessários e aumenta os custos para os produtores - é aí que entra a tokenização.

A tokenização de ativos facilita o acesso ao crédito para os produtores médios e pequenos, permitindo que eles negociem seus recebíveis diretamente no mercado de capitais sem a necessidade de intermediários tradicionais, como os bancos. Ela também reduz custos e burocracia, além de acelerar o processo de obtenção de recursos. Além disso, o processo permite que os produtores diversifiquem suas fontes de financiamento além dos bancos e agências de desenvolvimento, atraindo capital de investidores institucionais e individuais.

Com a tokenização, os investidores podem investir em frações de CPRs e CDAs, reduzindo o valor mínimo de investimento e democratizando o acesso a esses ativos. A negociação de tokens em bolsas descentralizadas pode aumentar a liquidez dos investimentos, permitindo que os investidores comprem e vendam seus tokens com mais facilidade.

Outra vantagem importante da tokenização é que a tecnologia blockchain garante a transparência e rastreabilidade das transações de tokens, o que pode aumentar a confiança dos investidores e ajudar os produtores a gerenciar melhor o fluxo de recursos. A tokenização também abre portas para novos modelos de negócios no agronegócio, como plataformas de crowdfunding para financiar projetos específicos ou a criação de tokens de fidelidade para recompensar clientes. Durante todo o processo, a tecnologia blockchain garante a segurança dos ativos, protegendo contra fraudes e manipulação de dados. Acredito que esse seja um dos fatores mais importantes.

*CEO e founder da Rivool Finance

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