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Técnicas de estimativa populacional de invertebrados em agro sistemas



Ecila Maria Nunes Giracca

Técnicas de estimativa populacional de invertebrados em agro sistemas.

Comunidade, pode ser definida como o conjunto de populações de espécies de animais e plantas vivendo juntas em uma determinada área. Conhecer uma comunidade é saber que espécies estão presentes, qual e como é o espaço por ela ocupado e em que momento ela está presente.

Características temporais como estabilidade e resiliência de um sistema são importantes do ponto de vista do manejo, pois fornecem informações importantes a respeito da resistência da comunidade a mudanças impostas pelo ambiente abiótico, bem como da sua capacidade de regeneração após um impacto.

Um tipo de retrato da comunidade é quando se busca determinar a composição de organismos à nível de grandes grupos taxonômicos, em uma determinada fração do habitat. No entanto, existem algumas limitações, uma delas é de caráter metodológico, já que diferentes técnicas de amostragem e extração dos animais serão mais eficientes para alguns grupos, que para outros.

A diversidade de espécies está associada a uma relação entre o número de espécies (riqueza de espécies) e à distribuição do número de indivíduos entre as espécies.

Em todo programa de manejo de pragas é essencial o monitoramento de artrópodos, pragas e não pragas, que ocorrem no agro sistema, uma vez que isso facilita a tomada de decisão quanto à introdução de medidas de controle. O monitoramento fornece informações sobre a passagem da praga na lavoura. Ele identifica o momento certo em que a praga entra na lavoura, em que nível se estabelece, como reage aos inseticidas e quais são os seus ciclos de vida. Um bom monitoramento vai auxiliar no uso racional de inseticida, aumentando a eficiência do controle, aumentando a lucratividade, diminuindo os riscos de contaminação ambiental e humana. Toda medida econômica de controle de pragas deve ser tomada após uma determinação do nível populacional das pragas.

Pela grande variedade de insetos nos ecossistemas, tanto em tamanho, grupo funcional, tipo alimentar entre outros, e de acordo com os objetivos do trabalho, são bastante variáveis os métodos de capturas de insetos, para estudos.

As medidas de estimativas populacionais podem ser divididas em: métodos absolutos que dão a medida de populações por unidade de área ou habitat e métodos relativos que dão uma medida populacional por armadilha e os índices de população fornecem medidas dos produtos metabólicos ou dos efeitos de atividade dos organismos em avaliação. Os métodos absolutos fornecem informações mais precisas para serem usadas em estudos ecológicos básicos e descrever modelos de população. Para a determinação do numero de insetos por unidade de áreas o método mais simples é o cálculo da densidade pelo método da marcação e captura de um certo número de insetos, sua marcação, soltura no campo e posterior recaptura. O método foi proposto por Lincoln em 1030, e baseia-se na hipótese de que os insetos marcados se distribuam uniformemente pela população não marcada com a mesma chance desta de ser recapturado, sem que ocorra morte, nascimento e migração durante a amostragem. Os métodos relativos são os que avaliam a população em função da armadilha utilizada, mas que dependem de diversos fatores que podem afetar essa estimativa, como a distribuição espacial do inseto, a eficiência da armadilha, o número de indivíduos em diferentes estágios entre outros.

Armadilhas para captura de artropodos:

O uso de armadilhas é a maneira mais fácil e menos onerosa para levantamento da maioria das pragas. Com as armadilhas de monitoramento é possível observar as flutuações populacionais, coletar dados do campo que indicarão a relação da população da praga com o cultivo e o controle utilizado.

Cada tipo de armadilhamento tem sua técnica específica de trabalho, entretanto algumas recomendações são gerais, podem ser observadas para todos os casos: quanto mais fechada a malha de armadilha, melhores serão os dados da distribuição espacial do inseto-praga na cultura, (a malha é formada pela distribuição das armadilhas na cultura, distribuição eqüidistante das armadilhas em toda a área conseguindo assim que os dados de monitoramento forneçam dados espaciais), as armadilhas devem ser colocadas de 3 a 5 metros da borda para dentro da área em estudo; usar no mínimo três armadilhas por área, para obter uma média das capturas, a inspeção das armadilhas deve ser feita no mínimo uma vez por semana.

De acordo com os objetivos do estudo, e do tipo de inseto a ser capturado pode-se selecionar entre um grande número de armadilhas desenvolvidas para captura de insetos.

Segundo a maneira de operação as armadilhas podem ser divididas em 2 grandes grupos: as que exigem a presença constante do operados para capturar insetos e armadilhas que capturam insetos mesmo na ausência do operador.

Existem vários tipos de armadilhas para captura de organismos e a decisão do tipo a utilizar varia entre outros fatores com o objetivo do trabalho. Os principais tipos são:

A armadilha tipo rede entomológica, também denominada puçá, é constituída por um cabo de madeira ou alumínio, ao qual vai preso um aro de metal e um saco de filó ou organza com o fundo arredondado. Eficiente para captura de insetos em vôo, como libélulas, borboletas e mariposas, moscas, abelhas, vespas, cigarras e outros.

Rede de Varredura é parecida com a rede entomológica, mas a armação de metal é mais reforçada e reta na extremidade. O saco é geralmente feito de lona ou outro tecido resistente. A vegetação é "varrida" com a rede e muitos insetos acabam sendo coletados.

As armadilhas luminosas são usadas para a coleta de insetos noturnos, fototrópicos positivos. Existem vários modelos de armadilhas luminosas. A lâmpada deve ser de luz negra, incandescente ou fluorescente.

Bandeja d'água é uma armadilha que consiste de uma fôrma de metal com fundo pintado com uma coloração atrativa qualquer, como o branco, amarelo, verde, etc. A tonalidade da cor atrai certos grupos específicos como o amarelo, que preferencialmente atrai homópteros,himenópteros,dípteros e coleópteros, o branco trips. A fôrma deve ser colocada no solo e ficar cheia de água à qual se acrescenta algumas gotas de detergente, que, auxilia na quebra da tensão superficial da água.

O aspirador é empregado na captura de insetos pequenos e delicados, como formigas, moscas brancas, pulgões, vespinhas etc. Existem muitos tipos de aspiradores, um dos modelos mais simples consiste de um recipiente cilíndrico de vidro ou plástico cuja tampa, de borracha ou cortiça, é vazada por dois tubos flexíveis; por um deles, de extremidade protegida por uma pequena tela, o coletor

aspira com a boca, e pelo outro os insetos são succionados para o interior do frasco de coleta.

Armadilha De Malaise, esse tipo de armadilha é construído com tela de material sintético. No alto da armação existe uma gaiola que recebe os insetos coletados. Funciona bem para coletar insetos que têm o hábito de subir quando aprisionados, como moscas e abelhas, contendo na parte superior uma solução captadora .

O frasco Caça-Moscas consiste de uma garrafa de tamanho médio com tampa rosqueável ao redor da garrafa são feitos furos cuja entrada é em forma de funil, com tamanho suficiente para a entrada de moscas. No fundo da garrafa é colocado um líquido atrativo fermentável como suco de frutas ou proteína hidrolisada de milho. A fermentação da isca atrai as moscas, que conseguem entrar mas não sair da garrafa. Essa técnica é usada como forma de controle de moscas-das-frutas em pomares.

A garrafa armadilha foi desenvolvida pela Embrapa Meio Ambiente visou praticidade e baixo custo. Sua concepção foi baseada na união do uso das armadilhas bandeja d’água e adesiva.Constitui-se de recipiente de plástico (PET) incolor, que contém uma abertura lateral; é parcialmente pintada de amarelo na face interior e de preto exteriormente, tendo um gancho inserido na tampa. A armadilha poderá ser pendurada em ramo de árvore, na estrutura da latada ou em suporte. Após a instalação, em seu bojo é colocada solução contendo 85% de água, 10% de formol comercial e 5% de detergente neutro, deixando o nível do líquido à cerca de 2cm da borda. Após o período de captura, o conteúdo da armadilha será retirado através do gargalo, despejando-se o líquido diretamente em um frasco, para contagem dos insetos ou transporte ao laboratório.

O ninho armadilha é baseado no hábito de nidificação em cavidades preexistentes que muitas vespas, abelhas ou coleópteros apresentam. Assim, oferece-se cavidades artificiais para que estes grupos de vespas e abelhas nidifiquem. O material, a forma, o diâmetro e a disposição no campo dessas cavidades artificiais (ninhos armadilhas) são bastante variáveis.Um dos tipos mais utilizados é o confeccionado em seções de bambu, estas têm uma extremidade aberta e a outra fechada pelo próprio nó de bambu. Os ninhos armadilhas permitem a obtenção de uma quantidade grande de dados sobre vários aspectos da biologia das espécies como: o tipo de alimento utilizado, insetos associados aos ninhos, e arquitetura dos ninhos entre outros.

O uso de feromônios em armadilhas para captura de insetos é um dos métodos de iscas ou armadilhas, para captura de insetos-pragas, através de feromônios, O uso deste tipo de armadilhas tem auxiliado no sistema de monitoramento de pragas usando informações coletadas no campo, uma vez que o odor é específico para cada espécie, estas armadilhas coletam somente insetos da espécie alvo, facilitando o reconhecimento do inseto. Estas armadilhas tem sido usado no cultivo de produtos orgânicos e no controle de insetos com resistência a inseticidas, ou em áreas onde o uso de inseticida não é permitido, com objetivo de

captura e controle de populações de insetos. .

Armadilhas para captura de insetos no solo

As armadilha tipo pit-fall são usadas para coleta das espécies epigéias. Os pit-falls traps consistem de copos de poliestireno medindo aproximadamente 15cm de altura e 7cm de diâmetro na borda superior. Em cada armadilha, são colocadas soluções captadoras a base de álcool ou formol. O tempo de permanência da armadilha no campo varia conforme os objetivos da coleta.

As armadilhas denominadas Trampa de Berleze consistem em um frasco de frasco com 6 cm de diâmetro e 20 com de comprimento. São usadas para captura de insetos epígeos presentes nos solos. Utiliza solução de captura, sendo seu sistema de captura bastante semelhantes as pit-fall traps.

O sistema de coleta PROVID foi desenvolvido na UFSM, utiliza os mesmos princípios das demais armadilhas, para capturar organismos móveis no solo, e apresenta algumas vantagens, entre elas a maior facilidade de instalação e manejo.

Coleta da serapilheira e solo: em cada ponto de amostragem são coletadas amostras de serapilheira. Cada amostra consiste de toda a serapilheira em uma area determiada ( por ex. 2cm do solo de uma área de 1m 2 ou em (4 ou 5) amostras em pequenas parcelas de aproximadamente 30 x 30 cm), e após extraídas em laboratório utilizando em funis de Tullgreen por 48 horas.

Utilização de sondas A coleta de amostras de solo pode ser realizada utilizando sondas, e posterior extração dos organismos utilizando funil de Tullgreen.

Funis tipo Berlese-Tullgreen. para extração de organismos capturados em amostras de solo ou serrapilheira. Este aparelho consiste em um funil uniformemente cônico que contém uma peneira no seu interior, sobre a qual é depositada a amostra de manta ou solo. A peneira pode possuir diferentes tamanhos de malha, conforme o tipo de amostra e o tamanho dos animais que se deseja amostrar. Sobre o funil a uma altura de 10 a 20 cm da borda, é colocada uma lâmpada de 40 ou 60 W, que pode ser ligada a um reostato. Os animais existentes na amostra tenderão a migrar para baixo, fugindo da luz e do calor e acabam atravessando a malha e caindo no funil. Sob o funil é colocado um frasco com uma solução alcoólica para capturar os animais.

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