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Sistema de Produção de Ovinos Deslanados na Amazônia Ocidental


Newton de Lucena Costa
Os ovinos deslanados foram introduzidos na Amazônia Ocidental pelos órgãos governamentais de extensão, pesquisa e fomento e, principalmente, pelos migrantes nordestinos. Atualmente, a região possui um rebanho superior a 100.000 cabeças, que são criadas associadas a bovinos ou não, com a finalidade de produzir carne, pele e esterco. Para o bom desenvolvimento da criação de ovinos deslanados na Amazônia Ocidental, torna-se necessário o uso de tecnologias como: padrão racial, instalações adequadas, pastejo rotativo, manejo reprodutivo e sanitário eficientes.

Raças – os ovinos deslanados para a região são Morada Nova e Santa Inês. De origem controvertida, a ovelha Morada Nova é uma raça que entrou no Brasil na época dos colonizadores. Possui pelagem avermelhada, com ponta da cauda branca e cascos pretos. O seu peso varia de 32 a 38 kg. A raça Santa Inês é originária do cruzamento de ovelhas Morada Nova com carneiros Bergamacia. Possui orelhas de tamanho médio e caídas; sua pelagem varia da branca à preta, passando pela vermelha e chitada. Seu porte oscila entre 60 e 80 kg.
Instalações – recomenda-se a construção de aprisco rústico, com cobertura de palhas. A área deve ser de 1,5 m2/animal adulto e 0,5 m2/animal jovem. Deve ser construído a uma altura de 80 cm acima do solo. Os ripões do piso devem possuir 3 cm de largura, com vão entre si de 1,5 cm no compartimento das matrizes e de 1,0 cm na área dos borregos. As vigas que suportam os ripões devem ter, aproximadamente, 60 cm de espaçamento entre elas. O aprisco deve possuir rampa de acesso, com proteções laterais. As cercas devem ser construídas com arame liso, para não ocasionar lesões nos animais.

Manejo do rebanho – o sistema de criação recomendado é o semi-intensivo, em que os animais são soltos pela manhã e recolhidos no final da tarde ao aprisco. Cabe ao criador diversificar as pastagens e realizar o rodízio do rebanho nas mesmas. Após o nascimento das crias deve-se cortar o cordão umbilical a 3 cm do abdome e aplicar tintura de iodo, para evitar infecções. Deve-se deixar a cria mamar o colostro (primeiro leite) que fornecerá as cargas imunitárias ao animal. O desmame dos cordeiros ocorrerá entre 90 e 120 dias de idade. Recomenda-se que as crias sejam separadas em lotes (machos e fêmeas). Os machos que não forem destinados à reprodução deverão ser castrados.

Alimentação – utilizar pastagens constituídas por gramíneas (Brachiaria brizantha cv. Marandu, B. humidicola, Panicum maximum, Andropogon gayanus cv. Planaltina) e leguminosas (Pueraria phaseoloides, Desmodium ovalifolium, Centrosema macrocarpum, Leucaena leucocephala, Cajanus cajan). Deve-se reservar 20% da área de pastagem para a formação de capineira e banco-de-proteína, os quais serão utilizados para a suplementação dos rebanhos no período seco. Recomenda-se taxas de lotação de 8 a 10 animais/hectare quando o pastejo for contínuo e 10 a 12 animais/hectare para pastejo rotativo.

Reprodução – a idade mínima para a primeira cobertura é em torno dos 12 meses, desde que a fêmea esteja em boas condições nutricionais. O cio das ovelhas ocorre a cada 21 dias e o período de gestação é em média de 5 meses, podendo ocorrer partos simples, duplo e triplo. A relação reprodutor:matriz deve ser de 1:25 em monta natural.

Principais doenças – para a obtenção de índices satisfatórios de produtividade, a sanidade é um dos principais fatores na criação de ovinos deslanados na Amazônia Ocidental.

Verminoses –  são os maiores causadores de prejuízos à ovinocultura. Os animais apresentam falta de apetite, perda de peso, edema submandibular, diarréias ou não, tosse, corrimento nasal, enfraquecimento e morte. A primeira vermifugação deverá ser realizada a partir dos 20 dias de idade e posteriormente a cada 30 dias.

Linfadenite caseosa – é uma doença infecto-contagiosa, causada por bactérias que se alojam nos gânglios linfáticos dos ovinos formando abscessos. Todo animal doente deverá ser isolado e tratado através da abertura do abscesso e retirada do pus caseoso e posterior aplicação de tintura de iodo. O pus caseoso deve ser queimado.

Ectima contagioso – conhecida como boqueira, esta enfermidade é altamente contagiosa, sendo caracterizada pela formação de pústulas e crostas nos lábios, gengivas e narinas dos cordeiros. Os animais enfermos devem ser isolados e tratados com iodo glicerinado (50:50).

Pododermite – é uma doença contagiosa localizada nos cascos. Ocorre, principalmente, nas regiões de excessiva umidade e durante o período chuvoso. Pode ser tratada com sulfato de cobre a 5%, após a retirada total da parte necrosada. Deve-se fazer o corte e limpeza periódica dos cascos, além de construir um pedilúvio na entrada do aprisco.

Ceratoconjuntivite – é a inflamação da córnea e da conjuntiva, caracterizada pela presença de secreção de aspecto purulento que afeta as pálpebras, os cílios, bem como a região periocular. Os animais enfermos deves ser isolados e tratados com pomadas oftálmicas à base de cloranfenicol e clorotetraciclina, após a lavagem dos olhos. 

João Avelar Magalhães (Embrapa Meio Norte), Newton de Lucena Costa (Embrapa Roraima), Claudio Ramalho Townsend (Embrapa Clima Temperado), Ricardo Gomes de A. Pereira,  Francelino Goulart da Silva Netto (Embrapa Rondônia)

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