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Semana turbulenta para as commodities



Adelson Gasparin
Em meio às repercussões e aos acontecimentos da tão esperada vinda do Santo Padre, o papa Francisco ao Brasil, e das expectativas com as previsões de temperaturas geladas para os estados do Sul do país, as commodities agrícolas também roubaram a cena e surpreenderam os agentes. No mercado da soja os movimentos especulativos e fundamentais vindos dos Estados e da China agitaram as operações. Já nos mercados de milho e trigo as atenções estiveram voltadas aos fatores climáticos sobre as lavouras do estado do Paraná e também de olho na colheita da segunda safra no Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
Após iniciar a semana no campo positivo, refletindo a divulgação do relatório de vendas semanais pelo Departamento de Agricultura dos EUA, a soja teve forte correção de preços na Bolsa de Chicago. A união de fatores especulativos e fundamentais colaborou para que em apenas dois pregões as cotações recuassem mais de 4,5 dólares por saca. Do lado especulativo no meio da semana, o movimento de realização de lucros dos fundos somou-se um grande volume de negócios de spread com os contratos agosto e novembro (venda de contratos agosto e compra de contratos novembro).
Do lado fundamental, a oleaginosa sofreu pressão de novidades advindas das agências de climatologia do país norte-americano. Os mapas de previsões agora parecem combinar para chuvas regulares sobre praticamente todas as regiões produtores. Outro fator que auxiliou ao recuo dos preços veio da China. Com rumores de que o país asiático estaria disposto a iniciar programa de vendas de suas reservas internas às esmagadoras estatais, até a entrada da safra norte-americana, os compradores optaram por também tirar o pé das compras em Chicago.
No Brasil as cotações da oleaginosa também foram pressionadas. O dólar recuperou cerca de 1% e amenizou levemente as quedas de Chicago. Nas principais praças brasileiras, o preço pago pela saca apresentou recuo de 10% na última semana. Mesmo assim, os negócios seguiram aquecidos nos portos, em função do encerramento do prazo de embarque de alguns navios. Por fim, é importante que os produtores estejam atentos às rápidas oportunidades de vendas daqui para frente, já que em se confirmando melhor clima sobre as lavouras lá fora, a tendência é de que novas correções de preços possam vir acontecer no mercado.
Já no mercado de milho, a semana não apresentou grandes movimentos de negócios no mercado interno. Até o momento, as operações têm se concentrado no mercado de exportação, onde através dos leilões de PEPRO (Prêmio Equalizador Pago ao Produtor) disponibilizados aos produtores da região do centro-oeste pela Conab, é possível fechar contas com preço acima do mínimo estabelecido pelo governo.
Em relação à colheita da segunda safra, acredita-se que 60% das lavouras já estejam colhidas no Mato Grosso. Entretanto, no Paraná houve preocupações com as geadas que ocorreram sobre algumas lavouras em estado de desenvolvimento e enchimento de grãos.
Em relação ao trigo, os compradores seguiram atentos às pequenas ofertas que ainda restam ser comercializadas. Nesta última semana os preços subiram cerca de 14%. Em linha com a restrita oferta, as geadas que também ocorreram sobre algumas lavouras de trigo em estado crítico de desenvolvimento no norte e oeste do Paraná, foram fatores que alavancaram ainda mais os preços. No Rio Grande do Sul as condições de lavouras seguem excelentes já que as geadas não atrapalham o inicio do desenvolvimento da cultura.
Por: Adelson Gasparin - Corretor de Commodities da Agroinvvesti - [email protected]

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