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Regras europeitas e o agronegócio brasileiro



Argemiro Luís Brum

O agronegócio brasileiro é um importante elemento da economia geral do país. Ele representa, hoje, ao redor de 25% do PIB, 48% das exportações totais e 27% da geração de empregos. Somente a cadeia da soja e do biodiesel representou, em 2023, 23,2% do PIB do agronegócio e 5,9% do PIB nacional.

Pois não é de hoje que este setor vem sendo ameaçado. Já falamos sobre isso neste espaço. Se é verdade que o agronegócio em geral e a produção da soja em particular precisa ainda melhorar em relação às questões ambientais e ecológicas, cruciais mundo afora (“a floresta em pé é que dá competitividade ao agronegócio brasileiro” e não o contrário), também é verdade que os produtores que nele atuam não podem ser confundidos com grileiros, madeireiros, garimpeiros e invasores de terra e matas que atuam em nome de interesses escusos, em muitos casos apoiados por ONGs criadas especificamente com este fim (aqui, igualmente, não se pode misturar as ONGs que realizam um trabalho exemplar e necessário em prol da sociedade, do meio ambiente e da economia em geral, com as que existem para explorar a natureza brasileira sem escrúpulos e, geralmente, movidas por interesses externos).

Dito isso, a Europa (e prevenimos isso anos atrás) radicalizou posição ao estabelecer regras para importação de soja, carne bovina, madeira, cacau, café, óleo de palma e borracha, assim como seus derivados, pelas quais os produtores deverão mostrar que seus produtos não passaram por áreas de degradação ecológica, desmatamento, não infringiram direitos do uso da terra, normas trabalhistas, direitos humanos e proteção ambiental (a China estuda ir pelo mesmo caminho).

Se é verdade que existe um cunho protecionista nesta decisão, também é verdade que há uma reação coerente ao problema climático global que se aprofunda atualmente. Lutar contra isso é perder a guerra comercial mundial. Como sempre, demoramos para reagir por não acreditar nas ameaças. Mas elas estão chegando e rapidamente, podendo nos fazer perder mercados importantes. E não podemos nos fiar no adiamento por 12 meses na aplicação das mesmas pelos europeus (a aplicação das regras ficou para janeiro de 2026). A nova realidade comercial já bate à porta do agronegócio brasileiro e é irreversível, com todas as consequências negativas que trará para quem não a assimilar.  

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