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Recessão Industrial


Argemiro Luís Brum
Pelo 14º mês consecutivo a indústria brasileira registrou um recuo em seu PIB. Além disso, junho, ao registrar mais um comportamento negativo, caracterizou tecnicamente uma recessão do setor. Em relação a junho de 2013 o recuo é de 6,9%. No primeiro semestre de 2014 a produção industrial nacional é de -2,6% enquanto nos 12 meses compreendidos entre julho/13 a junho/14 o resultado é de -0,6%. Ou seja, o problema se agravou neste ano de 2014 de forma significativa. Além da Copa do Mundo, que provocou muitos dias de paralisação na produção, o comportamento industrial brasileiro se deve à forte dificuldade em vender seus produtos diante de um mercado interno relativamente estagnado, devido ao elevado endividamento da sociedade, acompanhado de forte inadimplência, e do marasmo internacional que ainda se mantém dentro da crise mundial. Mas tal problema tem uma origem mais profunda. Nos falta competitividade na produção em geral e na industrial em particular. Competitividade em capital físico e humano, com o agravante de nada estar sendo feito para reverter eficientemente tal realidade. Assim, desde outubro do ano passado a produção industrial brasileira acumula um recuo de 6,5%. Soma-se a isso a incompetência estatal que, diante de uma máquina pública inchada e ineficiente, continua cobrando elevados impostos, amordaçando o setor produtivo nacional. Tanto é verdade que o Brasil tem hoje, segundo estudos da consultoria KPMG, o sexto maior imposto para empresas em todo o mundo, de um universo estudado de 130 países. A alíquota empresarial em nosso país chega a 34%. Nesse contexto, as empresas em geral e a indústria nacional em particular, após segurarem ao máximo seus funcionários, na esperança de que a economia pudesse retomar, começam a despedir pessoal. No Rio Grande do Sul, por exemplo, nos primeiros cinco meses deste ano o emprego industrial teve um recuo de 4%, sendo que em maio e junho houve 6.600 demissões acima das contratações. E o governo, com programas de apoio ao consumo que há tempos não surtem mais efeito, pouco tem conseguido realizar para evitar o contágio. Afinal, a questão é estrutural na medida em que o Brasil está efetivamente em crise econômica desde meados de 2013, com a mesma se agravando com o passar dos meses. Além disso, a geração de novos empregos recua fortemente. Tanto é verdade que o saldo de empregos gerados na indústria gaúcha, no primeiro semestre de 2013, foi de 38.070 vagas no Estado. Já no primeiro semestre de 2014 tal saldo cai para 20.992 vagas geradas. Ou seja, em um ano temos um recuo de 45%! Esse contexto confirma os alertas feitos desde 2011 a respeito da tendência econômica que estávamos construindo, assim como indica a necessidade de fortes ajustes estruturais na economia para que se consiga superar a crise em que o país foi colocado. Um enorme desafio para o futuro governo.

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