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Por que a surpresa?


Maria Antonia Siqueira Ferreira

Uma das transações financeiras mais audaciosas envolvendo uma empresa brasileira neste ano ocorreu em junho. Quem não acompanhou a divulgação na imprensa, certamente deve estar pensando em fusão de bancos ou na aquisição de alguma empresa "tupiniquim" por um grupo multinacional estrangeiro.

O referido negócio foi a compra de uma grande empresa norte-americana por  uma companhia brasileira, dentro da indústria alimentícia, especificamente  no segmento de um dos produtos mais exportados pelo Brasil, a carne. A compra da Swift pelo Grupo JBS Friboi, recém concretizada, movimentará US$ 1,4 bilhão e criará a maior empresa do setor de alimentos de proteína de origem bovina do mundo e, conseqüentemente, o maior grupo brasileiro na área alimentícia.

Esse fato evidencia para o mundo o crescimento ano a ano da produção, consumo e exportação de carne e seus derivados pelo Brasil. Segundo dados da Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne), em maio deste ano se estabeleceu um recorde nas exportações brasileiras, que movimentaram US$ 443 milhões, valor 28,14% superior ao mesmo período do ano passado e bem superior aos US$ 403 milhões registrados em novembro de 2006, mês que detinha até então o topo do ranking.

Apesar disso, os analistas norte-americanos não contavam com a possibilidade de uma empresa de fora, muito menos do Cone Sul, negociar a Swift, assumir dívidas e ampliar suas conquistas em tamanha dimensão. A hipótese mais considerada era do desmembramento da Swift e aquisição das partes por outras indústrias locais.

Por meio da Swift, o Friboi abrirá novos caminhos para a produção nacional. A tendência de expansão da produção brasileira não é nova, e tem origem, principalmente, na profissionalização do segmento, que hoje opera seguindo padrões internacionais de qualidade, desde a reprodução, passando por todas as etapas da criação e abate, até a entrega da carne in natura ou processada.

Um dos fatores que comprovam como o desenvolvimento da indústria frigorífica no Brasil pode incomodar os outros países é a rapidez com que fronteiras são fechadas para a nossa carne, de forma injustificável, diante de qualquer suspeita ou boato sobre febre aftosa e outros problemas relacionados. É claro que o País, por meio de seus órgãos reguladores e fiscalizadores, deve manter a máxima atenção para que este tipo de problema não volte a prejudicar produtores e, obviamente, a entrada de divisas.

Diante do que simboliza para a consolidação do setor e do papel que assume a indústria brasileira no mundo, a compra da Swift pelo Friboi não surpreende - apenas reflete um esforço nacional, que passa pela esfera pública e pela iniciativa privada, para conquistar respeito em todo o mundo.

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