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Perspectivas nada animadoras


Decio Luiz Gazzoni
Recessão
Décio Luiz Gazzoni
 
O economista Luiz Gonzaga Belluzzo (professor da Unicamp), referido na imprensa como um dos conselheiros econômicos da Presidente Dilma Rousseff, proferiu palestra no dia 4 de agosto, na Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo. Suas advertências repercutiram fortemente, porque coincidem com avaliações de alguns analistas e de parte do mercado: o Brasil caminha para uma recessão. Segundo ele, se o processo for bem administrado, a recessão será de, no mínimo, um trimestre. A queda progressiva nas taxas de crescimento do PIB já apontavam para um futuro em que ficariam negativas.

Belluzzo afirma que “os próximos dois anos serão difíceis, a gente não pode se enganar”. Ele destaca um aspecto fundamental, que é a taxa de inflação, que dificilmente será contida dentro da meta. Como a inflação acima da meta tornou-se crônica, o custo social de reduzi-la coloca em dúvida se o próximo Presidente assumirá o ônus do ajuste, à custa de desemprego e contenção salarial – consequentemente protestos, greves, grita social e perda de popularidade, coisa que político morre de medo. Menos renda igual a menos consumo, inclusive de alimentos, o que indica menor produção e preços menos remuneradores para os produtores.
Vale a pena analisar dois aspectos pontuados por Belluzzo. O primeiro é a urgente necessidade de corrigir o preço dos derivados de petróleo. Isto embute notícia boa, com a possível retomada da dinâmica do setor sucroenergético, se o próximo governo conseguir transmitir confiança ao setor para a retomada dos investimentos. A má notícia é que o custo de produção aumentará, pois sobe o preço do diesel, dos fretes e dos insumos em geral.

O segundo aspecto é o fim do real artificialmente valorizado. A boa notícia: os produtores receberão mais reais na exportação de soja ou outros produtos, mesmo que a cotação em dólar permaneça estável. A má notícia: todos os insumos importados (agrotóxicos e fertilizantes) e os derivados de petróleo subirão, portanto sobe o custo de produção e reduz a margem dos produtores.
Sugestão aos navegantes: guarde uma parte da venda da presente safra, para suportar os anos difíceis que virão.
 
O autor é Engenheiro Agrônomo.

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