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O vento sopra em favor da pecuária. Bom momento para refazer o rebanho


Maria Lucia de Abreu Pereira

Os pecuaristas esperam há quatro anos por este movimento de alta do boi gordo, que superou a barreira dos R$ 65,00 a arroba do Índice Esalq/USP, na primeira quinzena de agosto. O aumento dos preços reverte um longo período de perdas financeiras e de abate de fêmeas, que cortou na pele o patrimônio dos produtores e tirou vários projetos do mercado.

Os analistas especializados informam que o cenário positivo da pecuária deve se manter nos próximos anos. Tomara. Como argumento, utilizam não apenas a redução do abate de matrizes mas também o cenário externo. Antes, as condições já eram favoráveis à carne brasileira, pois a Austrália passou pela maior estiagem dos últimos 60 anos, a Argentina teve casos de aftosa e os Estados Unidos enfrentou o mal da vaca louca e ainda não conseguiu recuperar a força que tinha no comércio internacional.

Agora, com os casos de febre aftosa na Inglaterra, o mundo precisará ainda mais da carne brasileira. Isso significa que nossas exportações deverão crescer além do programado. E olhe que no primeiro semestre o balanço foi extremamente positivo, com elevação superior a 30% nos embarques de carne bovina.

Essa conjunção de fatores na ponta da cadeia lança um tremendo desafio para os pecuaristas, que respondem pela base da produção. Isso porque é dessa classe a responsabilidade para ter os animais prontos para o abate e que suprirão as necessidades dos frigoríficos nos próximos meses.

Mas, atenção: o mercado está muito mais exigente. Se os pecuaristas quiserem aproveitar os preços altos do boi gordo e, ainda, receber bonificações por qualidade, é preciso oferecer ao frigorífico animais jovens (no máximo 30/36 meses de idade), pesados (entre 16 e 22 arrobas), com bom rendimento de carcaça e cobertura de gordura (3 mm ou mais).

Somente com o uso de boa genética é possível ter animais com essa configuração prontos para o abate na idade e no peso certos. Se a escolha dos reprodutores (machos e fêmeas) for mal feita, o gado não chegará às condições exigidas pelos frigoríficos no momento correto. E, aí, é prejuízo na certa, pois os animais ficarão na fazenda mais tempo e, assim, consumirão mais alimentos, aumentando os custos.

É nesse cenário que ganham espaço as chamadas raças adaptadas, como bonsmara, caracu e senepol. Elas representam uma excelente opção genética para a produção de bois jovens, pesados e com boa qualidade de carne. Além disso, como estão perfeitamente adaptadas às condições tropicais, são resistentes e podem ser usadas sem restrição em todas as regiões do País, especialmente para cobertura a campo.

O momento é favorável ao investimento em animais de raças adaptadas. Afinal, está iniciando a temporada de leilões de touros e matrizes e a estação de monta começará nas próximas semanas. Com preços do boi gordo em alta e genética de qualidade em oferta, a combinação de fatores é perfeita para os pecuaristas depois de uma longa espera.

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