A produção agrícola no Brasil, reconhecida como uma das mais competitivas do mundo, tem enfrentado desafios significativos decorrentes das oscilações cambiais. Nos últimos anos, o comportamento do dólar em relação ao real tem se mostrado um fator determinante para o custo de produção e a competitividade no mercado internacional.
Segundo dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), o Brasil exportou em 2023 mais de US$ 150 bilhões em produtos agropecuários, com destaque para soja, milho e carnes. Em momentos de alta do dólar, os produtores conseguem margens maiores de receita em moeda nacional, uma vez que os contratos internacionais são geralmente precificados na moeda americana. No entanto, a valorização do dólar também encarece insumos importados, como fertilizantes e máquinas, que representam cerca de 25% dos custos de produção no setor.
A Associação Nacional para a Difusão de Adubos (ANDA) aponta que mais de 85% dos fertilizantes utilizados no Brasil são importados. Em 2024, com o dólar variando na faixa de R$ 5,00 a R$ 5,30, houve um aumento significativo nos custos de produção, obrigando muitos produtores a repensar suas estratégias. Por outro lado, a desvalorização do dólar em períodos anteriores trouxe alívio temporário, mas reduziu a competitividade internacional dos produtos brasileiros.
A soja, carro-chefe das exportações brasileiras, foi diretamente impactada pelas flutuações cambiais. Em 2023, os preços internacionais da commodity oscilaram entre US$ 13 e US$ 15 por bushel, enquanto o custo em reais variava significativamente em função do câmbio. Para o milho, o impacto foi ainda mais evidente devido à maior dependência de insumos importados.
Produtores têm buscado alternativas para lidar com a volatilidade cambial, como contratos futuros, hedge cambial e diversificação de mercados. A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) ressalta a importância do planejamento financeiro, especialmente para pequenos e médios agricultores, que possuem menor margem de manobra em cenários de instabilidade.
Especialistas estimam que o dólar deve permanecer em patamares elevados nos próximos anos, impulsionado por fatores como a política monetária dos Estados Unidos e a incerteza econômica global. Para o agronegócio brasileiro, isso representa um misto de desafios e oportunidades. Enquanto as exportações podem continuar competitivas, a dependência de insumos importados reforça a necessidade de políticas de incentivo à produção local de fertilizantes e tecnologias.
A variação cambial segue como um dos principais fatores de impacto na produção agrícola brasileira. Apesar dos desafios impostos, o setor tem demonstrado resiliência e capacidade de adaptação. Com uma gestão eficiente e o suporte de políticas públicas, o Brasil pode continuar a consolidar sua posição como líder global no agronegócio em diversas culturas.