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O vaivém da agricultura


Opinião Livre
O tomate marcou forte presença no noticiário nacional nas últimas semanas. As chuvas e pragas nas regiões produtoras provocaram a alta do preço do fruto e estressou donas de casa e proprietários de pizzarias de todo país. A cebola pegou carona no aumento e colaborou para acirrar o protesto dos consumidores. Tudo passageiro, com preços que aos poucos foram voltando ao patamar civilizado.
As alterações de humor no mercado das commodities agrícolas nos últimos meses foram embaladas ainda pelo caos logístico enfrentado pelos produtores de grãos, que viram cair as margens de lucro diante do aumento dos custos das exportações. A praga da lagarta da borboleta Helicoverpa armigera foi outro assunto que ocupou as páginas dos jornais. Um levantamento do Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo no Estado de São Paulo (Sescoop/SP) apontou perdas de quase 80% do feijão e 60% da cultura do algodão nas cooperativas paulistas causadas pelo inseto.
Se acontecimentos como esses assuntam os consumidores diante do aumento de preços dos produtos, muito mais preocupam os produtores agrícolas. Esses fatos demonstram o trabalho e a luta diária do homem do campo. Ele não enfrenta apenas as intempéries climáticas e pragas poderosas, mas dificuldades de várias ordens para escoar sua produção.
Embalado pelo otimismo internacional, o agronegócio nacional preparou a terra e trabalhou duro para colher cerca de 185 milhões de toneladas de grãos, um recorde histórico e acima das expectativas iniciais. No milho, por exemplo, os EUA viram sua produção encolher diante de uma das maiores secas enfrentadas pelo setor. Foi o momento que possibilitou plantar e ultrapassar a produção norte-americana. A colheita chegou e os caminhões começaram a rasgar as estradas por toda a parte do país. São quilômetros e mais quilômetros de rodovias esburacadas e que só fazem o preço do frete crescer. O funil acabou nos portos e escancarou nosso despreparo diante do volume que os nossos campos produziram.
Todos esses fatores afetam o preço final dos produtos que chegam ao consumidor ou ao comprador. Os diversos setores que trabalham direta ou indiretamente com a agricultura conhecem de perto essas alterações, mas que estão acima de qualquer possibilidade de administração pelo produtor rural. Eles, que convivem com a lida cotidiana do campo, apostam no próprio trabalho como forma de continuar alimentando milhares de pessoas e continuar fazendo o país líder na produção rural.
 *Consultora do ramo de Agronegócio do Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo no Estado de São Paulo (Sescoop-SP)

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