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A caderneta de poupança como sinalizador


Argemiro Luís Brum

A Caderneta de Poupança, no Brasil, é a forma mais popular e fácil de o brasileiro poupar no mercado financeiro. Obviamente, desde que sobre dinheiro no final de cada mês para conseguir poupar. Seu rendimento anual nominal (considerando a inflação), em julho, chegou a 7,24% e, no mês, ao redor de 0,57%. Sua base mensal é calculada como 0,5% ao mês + TR (0,066%) para depósitos feitos no início de agosto.

Lembrando que a regra vigente no Brasil é a seguinte: quando a taxa Selic for maior que 8,5% ao ano, o rendimento da poupança será de 0,5% ao mês, somada à Taxa Referencial (TR); quando a taxa Selic for menor que 8,5% ao ano, o rendimento da poupança será de 70% da taxa Selic, somada à Taxa Referencial (TR). Neste momento, com a Selic anual em 10,5% o rendimento mensal, portanto, é de 0,566%. Considerando as demais aplicações, a poupança tradicional é a que menos rendimento oferece, porém, é a mais segura, além de não ter carência e ser isenta de imposto de renda.

Ela é muito usada pelas pessoas que possuem baixa renda (a maioria dos brasileiros) e, portanto, pouca sobra de dinheiro e/ou pelas pessoas que precisam ou temem necessitar resgate rápido (um LCA, LCI tem as mesmas vantagens, porém nove meses de carência). O que isso significa? Que a poupança tradicional é um importante balizador da situação econômica da população brasileira. Ora, nestes últimos três anos os saques estão superando os depósitos. A saída líquida de recursos atingiu a R$ 103,2 bilhões em 2022, R$ 87,8 bilhões em 2023 e, nos primeiros sete meses de 2024, a mesma atinge R$ 3,7 bilhões, lembrando que os maiores saques acontecem no segundo semestre, pois o 13º dos aposentados foi novamente antecipado para maio e junho.

É verdade que muitos aplicadores saem da poupança para investir em ativos que rendem mais no momento (em 2023, enquanto o rendimento real da poupança foi de 3,41% o LCA rendeu ao redor de 4,73%, ou seja, 38,7% a mais), entretanto o grosso dos saques se dá pelo alto endividamento da sociedade, o qual continua a levá-la a uma forte inadimplência. Em maio/24 a inadimplência, junto à população adulta, chegava a 41,3%. Assim, se alguns indicadores econômicos gerais melhoram, a situação particular da população continua muito ruim, freando o consumo e a dinâmica da economia.   

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