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O serviço ambiental de polinização


Decio Luiz Gazzoni
Quando não há polinizadores naturais em número suficiente (déficit de polinização), apicultores alugam colmeias de abelhas para os produtores rurais. Esse negócio, embora ainda incipiente, é florescente. Produtores de maçã de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul alugaram 60 mil colmeias na última safra. O padrão tradicional varia de duas a três colmeias de abelhas por hectare, sendo o rendimento médio de 35 toneladas de maçãs por hectare. Um experimento da UFSC aumentou a relação para seis colmeias por hectare. Resultado: a produtividade comercial de maçãs chegou a 79 toneladas por hectare.

            Em Mossoró (RN), os produtores de melão alugam 10 a 15 mil colmeias de abelhas por ano. Em Bauru (SP), a fazenda Jaguacy, maior exportadora de abacates do país, colhe, anualmente, acima 300 mil toneladas de abacate, em mais de 500 hectares. Na propriedade são colocadas duas colmeias por hectare, em agosto e setembro, durante a floração do abacate. No último ano, das 1.000 colmeias necessárias para polinizar todos os seus abacateiros, a Jaguacy contratou 850 colmeias de 10 apicultores, pagando R$60,00 pelo aluguel de cada colmeia, durante todo o período.
            Assim, além de vender os produtos tradicionais das abelhas – que rendem cerca de R$100 por colmeia, por ano - os apicultores recebem entre R$ 50 a R$ 70 por colmeia alugada aos fruticultores. Ainda é um valor inferior ao padrão vigente nos EUA, onde os apicultores auferem cerca de US$ 150 por colmeia, especificamente para polinização de amendoeiras na Califórnia.Com a popularização do serviço, e conforme ficarem evidentes os benefícios do serviço de polinização, esse negócio deve crescer muito nos próximos anos.

            Espera-se, também, o estabelecimento de um círculo virtuoso, porque, com a eliminação do déficit de polinização, haverá incremento da produtividade e melhoria da qualidade dos produtos agrícolas, aumento da margem dos agricultores e de sua competitividade no mercado. Com isto será possível competir em melhores condições com os estrangeiros e, reduzir o preço das frutas. A resultante pode ser um aumento dos negócios de fruticultura e horticultura, beneficiando produtores, apicultores e consumidores.
 
O autor é Engenheiro Agrônomo, pesquisador da Embrapa Soja.

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